sábado, 4 de outubro de 2025

O Mesmo Ódio com Novos Nomes

Do Hamas ao Bloco de Esquerda — como o anti-sionismo e o islamismo radical recuperam o velho anti-semitismo europeu.

O retorno do velho ódio
O anti-semitismo, que a Europa julgava enterrado sob as cinzas de Auschwitz, regressou à rua e à linguagem pública com surpreendente naturalidade.
Hoje manifesta-se sob outras formas e novas bandeiras.
Chama-se “anti-sionismo”, veste camisolas de causas humanitárias, ostenta bandeiras palestinianas e cita slogans progressistas. Mas é o mesmo impulso de sempre: odiar o judeu — agora colectivamente identificado com Israel.
Em manifestações europeias e até no Parlamento português, vozes que se dizem defensoras dos “oprimidos” repetem, palavra por palavra, o léxico de exclusão que outrora animou os propagandistas de Hitler: “genocídio”, “criminosos”, “colonizadores”, “vermes do deserto”.
Nada mudou excepto a gramática.
O anti-semitismo como ideologia totalitária
Desde o fim do século XIX que o anti-semitismo ultrapassa a religião e se converte em ideologia.
O nacional-socialismo construiu-o como teoria política, apresentando o “judeu” como causa de todos os males: o banqueiro internacional e o bolchevique revolucionário, paradoxalmente acusados de conspiração conjunta.
A Alemanha de Hitler viu nascer a ideia de que a salvação do mundo exigia a destruição física de um povo.
A essa “redenção pela purificação” chamou-se solução final.
Este mesmo mecanismo mental — a necessidade de eliminar o “inimigo absoluto” — é comum às ideologias totalitárias.
O Hamas e boa parte da extrema-esquerda europeia apenas trocaram o cenário: já não é Berlim, é Gaza; já não é o capitalismo, é o sionismo; já não é o judeu individual, é o Estado judeu.
O Hamas e a herança nazi-islâmica 
O Hamas nasceu em 1987 como braço palestiniano da Irmandade Muçulmana. A sua Carta Fundadora de 1988 é um documento histórico de ódio racial e teológico. 
Cita abertamente os Protocolos dos Sábios de Sião — a falsificação russa que Goebbels transformara em “prova” da conspiração judaica mundial — e acusa os judeus de controlarem os bancos, os meios de comunicação e a ONU.

Não é coincidência.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, colaborou com Hitler, recrutou muçulmanos para as SS e transmitiu propaganda anti-judaica em árabe.
O mito da “judeo-maçonaria mundial” encontrou eco no Islão político e sobreviveu até ao Hamas. 
A meta é a mesma: aniquilar o judeu, destruir Israel, purificar a sociedade pela violência redentora. 
O anti-sionismo de esquerda: da revolta colonial à moral invertida 
Depois de 1945, a Europa teve de disfarçar o seu anti-semitismo. 
Mas a derrota militar de 1967 — quando Israel venceu três exércitos árabes em seis dias — transformou o antigo “David” em “Golias” e permitiu à nova esquerda adoptar o velho ódio sob uma nova bandeira. 
A linguagem marxista substituiu o racismo biológico por um racismo moral: Israel seria o “colonizador”, o “imperialista branco”, o “apartheid do Médio Oriente”. 
Aos poucos, o anti-sionismo tornou-se a única forma de anti-semitismo socialmente aceite.

Em Portugal, o Bloco de Esquerda ecoa esse discurso com zelo militante, descrevendo Israel como Estado “criminoso”, silenciando o terrorismo do Hamas e abstendo-se de condenar os seus ataques deliberados contra civis.
Tal como o nacional-socialismo confundia “política” com “pureza”, a extrema-esquerda confunde “solidariedade” com ódio moralmente autorizado.
O mecanismo psicológico
Há três constantes que atravessam o nazismo, o jihadismo e o radicalismo de esquerda: Desumanização — o adversário é reduzido a categoria, não a pessoa.
Demonização — o adversário deixa de ser errado: é o Mal em si.
Purificação — a violência torna-se legítima, até redentora.
Este triplo impulso conduz sempre ao mesmo destino: campos, massacres ou atentados.
As palavras “do rio ao mar” são apenas a nova tradução de “Juden raus”.
Um novo totalitarismo moral
O Holocausto começou com palavras.
Hoje, as palavras regressaram — com outra melodia e outros porta-vozes.
O Hamas dispara rockets, e a extrema-esquerda europeia fornece-lhe a justificação moral.
As bandeiras vermelhas e verdes substituíram as suásticas; o argumento é o mesmo: o mundo só será puro quando o judeu desaparecer.

A história repete-se sempre que os verdadeiros democratas se calam.
E, uma vez mais, calamo-nos diante do mesmo ódio — apenas com novos nomes.
O mesmo ódio, as mesmas desculpas, o mesmo perigo — só mudou a bandeira.