sexta-feira, 10 de junho de 2016

10/06/2016 - HOMENAGEM AOS COMBATENTES

Oração de Sapiência do Ten-Cor Brandão Ferreira na Homenagem aos Combatentes:

“Estes homens, nos tempos de lutas e de crises, tomam as velhas armas da Pátria, e vão, dormindo mal, com marchas terríveis, à neve, à chuva, ao frio, nos calores pesados, combater e morrer longe dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos, para que nós conservemos o nosso descanso opulento.
Estes homens são o povo, e são os que nos defendem”.
Acabo de ler um trecho de “O Povo”, de Eça de Queiroz. 
Bom dia a todos.
Os meus agradecimentos por me dispensarem uns minutos da vossa atenção.
A Constituição da República Portuguesa (CR), apesar de ser a mais extensa que tivemos, desde 1822, não encontrou espaço nos seus 296 artigos e sete revisões, para referir uma única vez a palavra “Nação”- a Nação dos Portugueses.
Já relativamente à palavra “Pátria”, a Constituição é mais pródiga: invoca-a, nada mais, nada menos, do que uma vez, mais concretamente no seu artigo 276, e cito “A defesa da Pátria é direito e dever fundamental de todos os portugueses”! 
É sabido que a defesa da Pátria não se faz apenas de armas na mão; essa defesa pode e deve, estender-se a todas as áreas da actividade humana.
Mas convém não esquecer que a defesa armada é o último argumento, que se faz em extremo e pode implicar o sacrifício de bens, sangue e vida. 
E, ao ter-se abandonado o Serviço Militar Obrigatório, parece que a defesa da Pátria – esse dever e direito fundamental, segundo a Constituição, ficou direito de todos e dever só de alguns… 
A Lei de Defesa Nacional e das Forças Armadas, por sua vez, continua omissa sobre a “Nação”, mas já fala duas vezes em Pátria; no seu artigo 9º repete a fórmula da Constituição; e no Art.º 22 afirma perentoriamente que, “será assegurada de forma permanente a preparação do País, designadamente das Forças Armadas para a defesa da Pátria” (atenção, eu só estou a dizer o que está lá escrito, não confundir com o que se tem feito…). 
Ora haver Nação sem Pátria é curto; mas haver Pátria sem Nação, é impossível!…
Porém, não havendo aparentemente, Nação, o Estado, que é justamente a Nação politicamente organizada, representará, então, quem ou o quê?
Ora se o Estado não representar a Nação, não pode sentir a Pátria como sua, tão pouco a entender. 
Portugal é, todavia, uma Nação coesa, seguramente desde o tempo do esclarecido Rei, o Senhor D. Dinis; com as mais antigas fronteiras estáveis do mundo, mau grado o esbulho pendente de Olivença; formou um Estado Nacional Português, desde o tempo do preclaro Rei, Senhor D. João II e ganhou consciência que era uma Pátria, senão antes, garantidamente, depois de Camões ter escrito os Lusíadas! 
E Camões – que também foi um combatente - não se esqueceu de, neles, referir a Nação – fêlo, até, por sete vezes – e não foi avaro em relação à Pátria já que a evoca em 35 ocasiões! 
E a obra de Luís Vaz – cuja morte neste dia também evocamos - foi-lhe tão superior e transcendente, que ele próprio se enganou ao dizer, pressentindo o fim, que “morria com a Pátria”, antevendo a ocupação castelhana. 
O certo é que, a Nação que já era Pátria, sobreviveu aos 60 anos da Coroa Dual Filipina e passou a viver de vida própria, qual fénix renascida! 
O que atrás se disse representa, pois, a dissonância existente entre o Estado e a Nação, que é a razão por que nós nos reunimos aqui, desde há cerca de 25 anos, a comemorar o Dia de Portugal, honrando os combatentes, enquanto as figuras que ocupam transitoriamente as cadeiras do Poder – Poder que está hoje, maioritariamente, fora do país – estão sempre noutro lado. E quanto aos combatentes por norma, aos costumes dizem nada. 
Essa é também a razão pela qual as Forças Armadas só voltaram a integrar as comemorações oficiais do feriado nacional, há 10 anos, depois delas terem estado arredadas cerca de três décadas.
E caros compatriotas aqui presentes, não somos nós que estamos mal; “eles” é que se afastaram do trilho certo. Do trilho do Dever, da Honra, do Patriotismo, do amor a Portugal.
Esta cerimónia, singela mas muito digna, realizou-se sempre sem se pedir um ceitil que fosse, ao Estado e junto a um monumento, em memória dos combatentes, em que nada se pediu, também, ao Estado – aliás, em várias alturas, teve que ser construído com a oposição desse mesmo Estado.
Parece que a frase, entre muitas, célebre, do grande português e militar, que foi o Tenente- Coronel Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, de que “Portugal é obra de soldados” passou a estar na moda.
Mas estando ou não, na moda, essa frase foi sempre uma realidade, pois sem soldados – isto é, sem combatentes – não haveria território, a tal “nesga de terra debruada de mar”, no dizer de Torga; não haveria população; não haveria matriz cultural; não haveria segurança, não haveria Justiça, não haveria Bem-Estar, não haveria liberdade.
E quem permitiu e fez isto? Pois foram os soldados, os combatentes, o tal povo, do Eça.
Onde se devem individualizar as mães e as mulheres, pois foram elas que sempre aguentaram a rectaguarda! 
Por isso todos nós devemos estar orgulhosos dos nossos combatentes; de quem disse “pronto”, quando chegou a hora; quem lutou quando foi preciso lutar; quem não virou a cara aos sacrifícios; quem não desertou do combate ou, pior ainda, quem traiu a terra que lhe serviu de berço, a terra dos seus pais. 
Porque, desgraçadamente, desses sempre os houve e ainda há. 
Também deles falam “os Lusíadas” e não há estátuas, nomes de ruas, séries de televisão, condecorações, prémios, branqueamento da História, etc., que possa apagar essa realidade da memória colectiva da Nação. 
Pelo menos enquanto restar um português com algum saber, vergonha na cara, coluna direita e bem - querer na alma!
Caros compatriotas, o combate não terminou com aqueles que hoje homenageamos e desenganem-se aqueles que julgam que não teremos de guerrear, novamente, ou que o terrorismo é apenas uma expressão de lunáticos contemporâneos, já que a sua origem remonta ao século XI, ao “velho da montanha” e à seita dos hashashin e, modernamente, em termos de terrorismo de Estado, à Revolução Francesa de 1789. 
Temos que nos preparar para os combates do futuro. 
Os nossos antepassados não andaram a trabalhar, a lutar, a edificar e a expandir o nosso país, desde 1128, para agora estarmos a alienar ao desbarato, a nossa soberania, a nossa nacionalidade, a nossa cultura (onde a língua tem um lugar de destaque), as nossas gentes, o nosso património e a nossa terra. 
Para ficarmos escravos de dívidas perpétuas e enredados em leis alheias, iberismos serôdios ou federalismos espúrios; sermos, eventualmente, submersos por vagas de estranhos, cujas matrizes culturais não estejamos aptos a integrar, sem perdermos a nossa; e a caminhar para, a breve trecho, não haver um Km2 de território em mãos portuguesas.
E, outrossim, por nos estarmos a suicidar colectivamente, por via de excesso de emigração, imigração, leis de naturalização erradas, quebra demográfica gravíssima e corrupção galopante. Finalmente para sermos reféns de organizações sem rosto oficial, de carácter internacionalista e mais ao menos secretas ou discretas, que ninguém elegeu e que transformam, só por si, a Democracia e a Justiça, numa ficção. 
E em vez das cinco Quinas passarmos a ter como símbolo o “Deus Mamon”.
Temos de olhar à nossa volta, acordar e reagir! 
É que, como disse o tão mal citado Fernando Pessoa, “só existem Nações, não existe Humanidade”.
Caros compatriotas, esta cerimónia destina-se à exaltação da memória dos combatentes, nossos antepassados ou contemporâneos, mas destina-se também, aos que hoje vivem e a quem compete receber e passar o testemunho.
Pois deles é o futuro e, por isso, a quem compete refletir sobre o exemplo dos que caíram ou se sacrificaram no campo, que tem de ser da Honra, enquanto as imperfeições da natureza humana não permitem a erradicação da guerra e outras imoralidades, na eterna luta entre o Bem e o Mal. 
Devemos, deste modo, curvar-nos, reverentes e obrigados, junto aos nomes daqueles que estão gravados nos muros deste memorial, que combateram nas últimas das centenas de campanhas ultramarinas que realizámos nos últimos seis séculos (não foram seis décadas…), fazendo jus ao Padre António Vieira que um dia disse que “Deus deu aos portugueses um berço estreito para nascer e o mundo inteiro para morrer”. 
Evoco em nome de todos, aquele cujo nome figurou primeiro neste local: o do Subchefe da polícia Aniceto do Rosário, morto em combate, que na iminência de um ataque dos indianos disse ao Governador, “Parta V. Exª descansado que eu não deixarei ficar mal a bandeira portuguesa”.
E não posso deixar de dizer, com todas as fibras do meu ser, que eles lutaram bem, competente e vitoriosamente, numa guerra justa, em termos humanos e que, infelizmente terminou de forma trágica e não merecida. 
Nesta luta fizemos frente à maior campanha montada a nível global e mundial, contra a Nação dos Portugueses, desde a Guerra da Restauração. 
Nela chegámos a manter 230.000 homens em pé de guerra, em quatro continentes e três oceanos, a combater durante 14 anos, em três teatros de operações enormes, distantes entre si e a então Metrópole – que era a base logística principal – por milhares de quilómetros, sem fazer uso de alianças militares e sem generais ou almirantes importados, o que já não sucedia desde Alcácer-Quibir.
Usufruindo de uma logística notável – basta comparar com o que se passou com a nossa participação na I Guerra Mundial – que já não conseguíamos montar tão bem, desde que enviámos a terceira Armada, à Índia, comandada pelo João da Nova, em 1501!
Abro um parêntesis para destacar a Marinha Mercante, neste esforço logístico, sem a qual não poderíamos ter reagido rapidamente nem sustentado tão longo período de operações.
Hoje, dos 70.000 navios mercantes existentes no mundo, apenas uma dezena são de armadores portugueses e ostentam o pavilhão nacional. Nem meio batalhão conseguem transportar… 
Nesta campanha só não conseguimos resistir à miserável invasão de Goa, Damão e Diu, pela União Indiana, em 1961, pela enorme desproporção de forças em presença e pela usual hipocrisia das relações internacionais. Mesmo assim ainda conseguimos pô-la em sentido durante mais de 10 anos – não foi coisa de somenos. 
Nova Deli usou o “direito da força” mas nunca teve a força do Direito, nem da Razão!
Toda esta acção, a todos os títulos magnífica, não encontra paralelo em nenhuma campanha contemporânea, mas foi apenas corolário daquilo que o escritor americano, James Michener, disse de nós e cito: “Nesses anos quando um soldado português desembarcava de um dos barcos da sua nação para servir num forte de Moçambique, ou em Malaca, ou nos estreitos de Java, já previa, durante o seu tempo de serviço, três cercos, durante os quais comeria erva e beberia urina. Estes defensores portugueses contribuíram para uma das mais corajosas resistências da História do Mundo”.
A estes se devem juntar todos aqueles e seus descendentes, que desde a tarde de S. Mamede, acompanharam o nosso pai, Afonso Henriques, e têm mantido o seu legado até aos dias de hoje.
Lembrar o seu exemplo e preservar a sua memória, é tarefa ingente de todos os bons portugueses, pois tal deixou de ser feito na escola, na generalidade dos “média” e quase desapareceu do discurso político a não ser em frases de circunstância, ditas sem convicção. 
Em 1582, esse grande patriota que foi Ciprião Figueiredo de Vasconcellos, Governador das Ilhas dos Açores, escreveu ao monarca Habsburgo, que reinava em Madrid e atirou-lhe, “Antes morrer livres que em paz sujeitos” e logo acrescentou, “nem eu darei aos moradores destas ilhas outro conselho, porque um morrer bem é viver perpetuamente”. 
Afirmamos hoje, o mesmo, com Esperança e acrisolada Fé, em que consigamos manter a estamina necessária para preservar a nossa terra, Portugal, livre e independente. 
Lembro que um combatente só dá baixa para a cova! 
Caros compatriotas, vou terminar com a melhor homenagem que podemos fazer a quem combateu e, porventura, morreu na defesa da terra dos nossos antepassados, e por tudo o que tal representa, incluindo o de que o seu sacrifício não possa ser considerado em vão. 
Vamos todos em conjunto e em uníssono, darmos um grande e empolgante viva a Portugal. 
Viva Portugal. 
VIVA PORTUGAL!
João José Brandão Ferreira 
Oficial Piloto Aviador


silêncio

Chaque année en septembre les Pays Bas commémorent les soldats américains tués pendant la seconde guerre mondiale sur leur territoire par un grand concert au Mémorial militaire où sont enterrés les GI’S près de Maastricht.

Cette version longue de « Taps » est jouée par une jeune fille de 13 ans , Melissa Venema et le chef d’orchestre est André Rieu. Dans sa version originale cette musique était jouée au clairon, Melissa la joue à la trompette.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

para memória futura do Presidente (do Porto) da Câmara Municipal de Lisboa!

o edifício tinha três murais concebidos pelos artistas urbanos Vhils e PixelPancho foi demolido.
Para ali está previsto o novo terminal de cruzeiros da capital e, claro, a demolição de uma série de edificações à beira rio


domingo, 5 de junho de 2016

notas para o dia em que (quase) todos, de camaradas, passaram a cúmplices.

O realizador italiano Nani Moretti ficou famoso pela frase “Por favor, diga alguma coisa de esquerda!”. No Congresso do PS, não teria sido suficiente. Seria preciso acrescentar uma palavra. O que os socialistas pedem hoje em dia é outra coisa: “Por favor, diga alguma coisa de extrema-esquerda!”.
Quando derem por isso, o PCP e o BE vão perceber que deixaram de ser necessários — a contestação a Bruxelas e aos horrores do capitalismo será toda feita pelos socialistas. Querem ver que o plano é mesmo esse? (por Miguel Pinheiro no Observador )
O que é hoje o PS, segundo resumo de António Costa no fim do congresso socialista? É tudo, e mais o seu contrário. O PS é contra a Europa, mas continua a ser pela Europa. Critica o euro, mas não quer sair do euro. Dá prioridade ao consumo interno, mas também às exportações. É “optimista”, mas vê “dificuldades”. É pela “mudança”, mas quer “estabilidade”. Praticou sistematicamente “reversões” de políticas, mas quer acabar com as “reversões” de políticas (pelo menos, no caso do previsto “Programa Qualifica”). É pelo “confronto”, mas através do “diálogo”. Está ao lado do PCP e do BE, comungando na mesma intensa “vontade de mudança”, mas é, com muita tranquilidade burguesa, um partido “social democrata moderado”. (por Rui Ramos no Observador )
Costa nunca saiu da CML. Olha para o país, para os seus parceiros e opositores como se tudo isto fosse aquele mundo pequeno – em que ele é grande – da autarquia. O resto é óbvio e nessa mesma escala: um misto de esperteza, descaramento e fuga para a frente. Quando as coisas correrem mal o Governo vai gritar contra a UE (um dos adquiridos deste congresso foi a “voz grossa” na Europa!), como se fosse um qualquer autarca a mandar vir com Lisboa. Esperteza das espertezas, Costa vai procurar amarrar a oposição em sucessivas votações contra as sanções (ainda vamos ver o executivo a desfilar no 1.º de Dezembro embrulhadinho na bandeira!) Depois virá o momento EGEAC da eleição directa dos presidentes das comissões de coordenação regional…
E foi este PS, ideologica e programaticamente miniaturizado, que se viu neste congresso. Mas, como bem sabiam muitos dos presentes, algures no futuro, haverá um outro congresso, em que a questão que agora foi dada como encerrada voltará de novo. Até lá experimente-se fazer o exercício e perguntar: como estaria hoje Portugal caso Costa fosse capaz de negociar fora do mundo a que se habituou na CML? (por Helena Matos no Observador )
O que se percebeu no congresso foi que os dirigentes socialistas parecem ter aceitado que não voltarão a ganhar maiorias absolutas e que, como tal, a lógica de poder e de alianças mais à esquerda é para preservar no futuro. Assim, mais do que o rígido PCP, o BE sai deste congresso reforçado na sua influência e com a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, integrará um governo PS. Catarina Martins tem razões para sorrir.
Em segundo, o outro lado do espelho da aproximação à esquerda é o proporcional afastamento do PS face às políticas europeias. A resposta do deputado João Galamba à discordância de Francisco Assis – “o nosso partido não se chama partido europeísta, chama-se Partido Socialista” – não deixou margem para dúvidas. (por Alexandre Homem Cristo no Observador)
Ainda que poucos se arrisquem a verbalizá-lo publicamente no actual contexto – as críticas leais e frontais de Francisco Assis ficam como o momento alto deste Congresso do PS – muitos estarão conscientes de que esta é uma estratégia perigosa a médio e longo prazo. Por via da “geringonça”, o PS perde o principal argumento de quatro décadas para fundamentar o voto útil à esquerda. Pior: perde esse argumento depois de um mau resultado eleitoral.
De agora em diante, BE e PCP podem credivelmente apelar ao voto com o objectivo de empurrar um futuro Governo ainda mais para a esquerda, ao mesmo tempo que o eleitorado moderado passa a ter a certeza que votar PS serve para viabilizar o acesso da extrema-esquerda ao poder.
A entrega de sectores estratégicos como os transportes e a educação à extrema-esquerda aí estão para o demonstrar. Neste contexto, a ovação dos congressistas ao ministro da Educação por concretizar objectivos de longa data de Mário Nogueira, do PCP e do BE é sintomática. No Congresso da “geringonça”, a marca da radicalização à esquerda do PS esteve assim bem presente, confirmando uma estratégia de alto risco para o partido e para o país. (por André Azevedo Alves no Observador )
Este Congresso dito do Partido Socialista não foi excepção. E escrevo “dito do Partido Socialista” porque, na verdade, aquela reunião mais pareceu um congresso das esquerdas unidas, como aquele que há três anos se realizou na Aula Magna, em Lisboa. 
Quem, há meia dúzia de anos, dissesse que um congresso do PS haveria de ovacionar alguém que aconselha que se rasgue o Tratado Orçamental ou aplaudir a culpabilização da moeda única para os nossos problemas estruturais, seria rapidamente apelidado de louco. Mas foi isso que aconteceu, com a ironia acrescida de ter ali muitos dos que há cinco ou quinze anos aplaudiram com a mesma convicção a criação do Tratado Orçamental e a vitória que representou para o país a entrada no primeiro pelotão do euro, ainda por cima pela mão de um governo socialista.
O que faltou explicar é como é que estas políticas de tendência liberal nos negócios convivem com a agenda restante do governo, capturada pelo PCP, Bloco de Esquerda e suas clientelas sindicais e corporativas. Mas isso não era matéria porque podia estragar a festa congressista. Tratava-se ali de celebrar a Geringonça. E isso foi conseguido em pleno. O país segue já amanhã. (por Paulo Ferreira no Observador )
É preciso saber ler os silêncios do poder. Foi um congresso de auto-justificação bem pensado. Justificou-se para agradar às suas hostes e conseguiu. Repetiu coisas que muita gente em casa também terá gostado de ouvir. A política portuguesa também precisava de uma dose disto. Mas não disse uma palavra que pudesse maçar alguém. E isso é preocupante. Foi apenas uma celebração, só com dois momentos altos: a participação especial de Pacheco Pereira e o discurso de Francisco Assis. Foi poucochinho. (por Vítor Matos no Observador )