quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Movimento de Esquerda Socialista (MES) no 25 de Novembro

Compreende-se, com este post, porque a AR não quis comemorar o 25 de Novembro, isto é, porque esta maioria de esquerda que conta com o PS, não quis comemorar a data em que este País readquiriu a liberdade que estava coartada pelos comunistas e restante chusma.
Ferro Rodrigues, em 24Nov75, era um praça no Regimento de Abrantes e foi quem se dirigiu à unidade de paraquedistas, em Tancos, para se inteirar das intenções destes para a "revolução" do dia seguinte.

Na noite de 24 de Novembro de 1975, enquanto os militantes do Partido Comunista, do Couço a Grândola enchiam as cartucheiras e aqueciam os motores das camionetas para vir participar na revolução, em Lisboa, juntamente com o Ralis, Copcon e os paraquedistas chefiados por sargentos, além dos civis a quem tinham sido previamente distribuídas armas, Eduardo Ferro Rodrigues, radical do MES, organizava os SUV (Soldados Unidos Vencerão) do Regimento de Infantaria n.º 2, de Abrantes, para rodar sobre a capital. Antes da meia-noite, e apesar da relação de forças favorável à instauração de uma ditadura do proletariado, o Politburo soviético ordena a Cunhal que pare e este, como sempre, obedece, com a garantia de Melo Antunes, do Grupo dos Nove, num encontro em casa de Nuno Brederode Santos (da fação moderada do MES), de que o PC não seria ilegalizado. Os russos já estavam satisfeitos com a independência de Angola, proclamada pelo MPLA em 11 de novembro de 1975, e não queriam abrir mais uma guerra civil, de resultado provavelmente funesto. A aventura de criar um reduto comunista na ponta da Europa ocidental havia terminado. A embaixada soviética em Lisboa evacuou cerca de uma centena de conselheiros de inteligência e militares e Cunhal recebeu, como prémio de obediência, a Ordem de Lenine. Ferro Rodrigues, Vieira da Silva e o seu grupo, continuaram no MES, cada vez mais radicalizado, apesar de progressivamente esvaziado por consecutivas dissidências. Chegam ao PS em 1986, sem nunca terem renegado os princípios marxistas e os fins leninistas. (por António Balbino Caldeira no a bem da nacao)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mais uma vez! Vou voltar a ser “radical e irresponsável”…

Já sabíamos que só a esquerda pode governar em Portugal. Vamos começar agora a descobrir que também só a esquerda pode indignar-se e fazer oposição. Os outros são sempre radicais e irresponsáveis. (Rui Ramos in Opiniao) 
Aquilo a que tenho chamado a imprensa a que temos direito vai encarregar-se disso e, até poderá vir a acontecer que, mais uma vez, me proibam o epíteto…
Mas amanhã é
“O 25 de Novembro de 1975 que foi uma derrota para a esquerda política e para a esquerda militar. Em todo o caso, foi apenas uma derrota relativa — devido ao papel moderador de Costa Gomes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e, nalguma medida, de Ramalho Eanes, também.
Foi uma derrota porque o 25 de Novembro impediu o prosseguimento da revolução no sentido do projecto de sociedade da esquerda política e que, à parte as particularidades nacionais, era na essência, igual ao da sociedade comunista de Leste. Derrota por que afastou o PCP do Governo e de um modo geral dos órgãos do poder de Estado, porque impediu a estabilização de conquistas da revolução já adquiridas, tais como a Reforma Agrária, as nacionalizações, etc.
Para o PCP, o 25 de Novembro também pode ser considerado uma vitória no sentido em que uma pessoa que parte uma perna tem imensa sorte por não ter partido as duas.
O 25 de Novembro representa uma vitória parcial porque o PCP não foi ilegalizado, como alguns pretendiam, e pôde viver em democracia, numa democracia que, como se sabe, o comunismo nunca facultou aos seus adversários.” (adapt de Memórias do Presente)
Mas o 25 de Novembro, foi uma vitória completa, para o PCP e para a esquerda política, quando a democracia e os democratas lhes deixou abertas as portas do sindicalismo e, principalmente, da imprensa a que temos direito, onde colocou todos os seus peões e ostracisou, quase todos, quantos pensavam e escreviam diferente.
Basta olhar para as chamadas “redes sociais” para verificarmos que, nos últimos dias, os idiotas-úteis começaram a sair das tocas e como é das nep’s iniciaram o seu trabalho de lavar-nos os cerebros com imagens, de photshop, e cartoons, enquanto os “ideólogos”, que vivem em buracos mais fundos, não aparecem a missionar-nos.
.
de qualquer modo não esqueçam a minha maxima:
- uma vez no poder a esquerda só de lá sai pela força e não se o voto será arma suficiente!

mas sei que até na politica “a natureza se defende” …

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

para memória futura!


O terrorista não é uma marionete?

Não é por acaso que após os atentados terroristas vivemos uma sensação de desconcerto, como se não fosse justo nem lógico fazerem-nos aquilo. Na verdade para nós não é. Mas só para nós. Do ponto de vista do terrorista não só tudo aquilo faz sentido como é lógico: são actos tácticos de uma estratégia com objectivos próprios.
O terrorista não é uma marionete puxada pelos fios dos actos presentes e passados dos outros.
Muito menos é alguém que buscando os mesmos objectivos de justiça dos não terroristas apenas se enganou no caminho. O terrorista existe independentemente de nós.
Recordo como este exercício de ver o terrorista como um resultado e não como um sujeito dotado de vontade própria era particularmente penoso no caso dos atentados da ETA, em Espanha. Primeiro a ETA matava por causa de Franco. Depois veio a Transição a ETA passou a matar ainda mais (é exactamente durante a Transição que a ETA é mais mortífera: 84 mortos em 1979 e 93 em 1980) mas tal, dizia-se, explicava-se pelo combate à herança do franquismo presente no aparelho de Estado. A Espanha tornou-se democrática e a ETA continuava a matar militares, polícias, políticos e empresários mas isso devia-se à ligação dos militares ao passado, dos polícias à repressão, daqueles políticos à direita e dos empresários ao dinheiro.
A ETA continuava a matar. Politicamente as balas entravam em nucas de direita e de esquerda.
Mas havia sempre uma culpa da sociedade espanhola para explicar mais uma bomba e mais uma bala: eram os presos da ETA que não podiam estar todos juntos na mesma prisão; era o tribunal que os condenava; era o artigo no jornal que os tinha ofendido; o empresário que não pagava o imposto revolucionário… E quando não se percebia que ligação haveria entre a vítima e os seus verdugos aventava-se que a vítima podia ser um informador. Ou um narcotraficante, porque a ETA queria o País Basco livre de drogas.
A par dos atentados, a ETA desdobrava-se em várias organizações legalíssimas e activíssimas no combate à violência (das autoridades policiais, claro) e de promoção dos direito humanos, (dos terroristas obviamente). Advogados, professores universitários e jornalistas desdobravam-se, em Espanha e fora dela, em concentrações e conferências de denúncia destes graves atentados à democracia. Ainda por aí andam folhetos em que ilustres participantes portugueses se propunham mediar entre a ETA e o intransigente Estado espanhol.
Até que a 10 de Julho de 1997 a ETA sequestrou Miguel Ángel Blanco, um vereador do PP em Ermua, e deu dois dias ao Governo, então presidido por Aznar, para reagrupar os presos da organização (independentista e não terrorista, segundo boa parte dos orgãos de comunicação). A 13 de Julho o cadáver de Miguel Ángel Blanco era descoberto e nasceu o chamado Espírito de Ermua em que para lá do PSOE e do PP terem estabelecido uma espécie de pacto de regime no combate ao terrorismo a sociedade espanhola deixou de procurar as culpas das vítimas em cada atentado.
Resultado: a ETA foi derrotada.
Mas só a ETA, porque o discurso do terrorismo, enquanto resposta automática e não como estratégia de vontade própria, esse apenas mudou os protagonistas do seu enquadramento.

(em “O principado de Zouheir” no Observador por Helena Matos)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Diz-me com quem andas...

Com a subida de António Costa ao poder, as pessoas voltaram a mudar no PS.
Já não são os moderados e dialogantes do tempo de Guterres.
Já não são os negociantes duvidosos do tempo de Sócrates.
São uns trauliteiros que não respeitam algumas regras elementares.
É inadmissível que António Costa não tenha estado na posse do novo Governo.
Para lá da guerra das palavras, há uma coisa que se chama ‘urbanidade’ e regular relacionamento institucional.
As pessoas que hoje rodeiam Costa transmitem uma imagem que não se coaduna com a de um partido moderado.
Vejam-se as recorrentes tiradas de Carlos César, o presidente do partido, e comparem-se com o que dizia Almeida Santos ou mesmo Maria de Belém.
Veja-se a linguagem terrorista usada por João Galamba ou Capoulas Santos, e compare-se com a dos dirigentes do tempo de Guterres.
Vejam-se as intervenções de Ferro Rodrigues, que mesmo na posse como segunda figura do Estado não foi capaz de evitar uma postura agressiva e rezingona, totalmente contrária ao espírito da função, com indirectas ao Presidente da República.
Vejam-se as caras de todos à saída das reuniões com o Presidente da República: as expressões de António Costa, Carlos César, Ana Catarina Mendes, Ferro Rodrigues…
Friso mais soturno era impossível.
Não foi por acaso que um certo tipo de pessoas rodeou Guterres, outro tipo rodeou Sócrates e outro ainda rodeia Costa.
António Costa é o espelho daquelas pessoas que o rodeiam – ou vice-versa.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

O grupo que acompanha Costa não engana ninguém. (in “Sol” por José António Saraiva )

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Um clima de guerra civil

Sábado, no Expresso, Henrique Monteiro recordou como o país esteve perto de uma «guerra civil» há 40 anos.
No fim-de-semana, anterior, dois colunistas tão diferentes como António Guerreiro e Sousa Tavares lamentavam o «clima de guerra civil» que se instalou desde que António Costa anunciou a tentativa de tomada do poder pela «esquerda unida». 
A CGTP, que não consta ser parte do acordo tri-partido liderado pelo PS, «marcou uma concentração em S. Bento para o dia da votação de governo» que lembra a «muralha de aço» contra os governos provisórios que lhes desagradavam e contra a Assembleia Constituinte de 1975-1976. 

Perante o que se prepara, a maioria dos opinadores continua às voltas com os preceitos constitucionais e as tradições eleitorais do regime, fazendo de conta que não está em curso uma convulsão política cujo final é imprevisível.
A inabilidade dos agentes visados pela convulsão – o Presidente da República e a coligação PSD+CDS – foi enorme. Quando se aperceberam do que estava em jogo, já era tarde.

O processo devia ter sido conduzido de forma muito mais rápida, mais aberta e publicitada, não permitindo que os interlocutores continuem a esconder o que se está a passar. 
Cavaco Silva, que nunca interiorizou o facto de ser o ódio de estimação da «esquerda», devia ter reunido todos os partidos eleitos mal se conheceram os resultados provisórios e, logo que o PS mostrou a intenção de transgredir a norma de «quem ganha, governa», podia e devia ter convocado o Conselho de Estado e tornar públicas as opiniões dos conselheiros. Nessa altura, as fissuras do PS teriam ficado à vista de todos, a começar pelo presidente dos Açores, assim como a versão do Tribunal Constitucional, até agora desconhecida. 
O Presidente da Republica que sempre teve fama de institucionalista revelou-se, sobretudo, um formalista e um crente no «segredo». Agora, arrisca-se a ficar sem soluções e sem o respaldo antecipado que a maioria dos conselheiros de Estado lhe teria dado, possivelmente o próprio Marcelo que agora pretende sacudir a água do capote…
Ter-se-iam ganho semanas e evitado ditar exclusivas contra quem quer que seja!

Neste clima político, nenhuma solução é boa. Se o PR entregar o poder ao PS e aos seus pouco credíveis aliados, facilmente se imagina o preço que a grande maioria da população irá pagar. Se não entregar, confiando provisoriamente o governo a um «grupo de sábios» que tome conta da situação até à eleição do próximo presidente da República, não é difícil imaginar a violência da reacção dos rejeitados, mas as perdas para o país seriam porventura menores e menos duradoras. (resumo do artigo de Opinião de Manuel Vilaverde Cabral no Observador)