terça-feira, 28 de novembro de 2017

o pior da politica...

Em Outubro de 2015, os eleitores portugueses escolheram entre dois candidatos principais a primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho e António Costa. Optaram maioritariamente por Passos Coelho. Mas umas semanas depois, António Costa, o derrotado, agarrou a desesperada disponibilidade de outro derrotado, o Partido Comunista, que trouxe a reboque o Bloco de Esquerda, e fez os acordos necessários para alcançar no parlamento o que não conseguira nas eleições. Costa fez-se assim primeiro-ministro. Foi há dois anos. Mas agora, depois de aprovado o Orçamento de Estado para 2018, parece haver duvidas outras vez. Quem é o primeiro-ministro? No Diário da República, ainda é António Costa. Mas no Orçamento de Estado, parece que também é Arménio Carlos, à frente dos sindicatos comunistas a quem o governo cede e concede.
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Durante dois anos, as eleições de 2015 foram apagadas da história do regime. Se era preciso criticar o governo, que se falasse de “problemas de comunicação”. Da noite de 4 de Outubro de 2015 é que não. Mas esse permanece o ponto de partida necessário para compreender o que se está a passar. A tradição de o governo caber aos partidos vencedores das eleições e não aos derrotados, tinha a sua razão de ser, tal como o costume de os primeiros-ministros precisarem de um mandato eleitoral e não apenas de uma maioria parlamentar.
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Aos que agora descobriram que o “fim da austeridade” é afinal a “rendição à Fenprof”, é preciso perguntar: que esperavam que António Costa fizesse para se manter no governo a não ser este circo de concessões ao PCP ou de equívocos com o Bloco de Esquerda?
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Entre aqueles que passaram dois anos muito despreocupados, parece que há agora quem se comece a preocupar. Deploram a divisão da população entre os sindicalizados do PCP no Estado, de um lado, e os empregados do sector privado e trabalhadores independentes, do outro. 
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Não sei o que vai acontecer. Ninguém sabe, desde que os velhos projectos do regime faliram em 2001-2002. Uma coisa sei, porém: a actual maioria social-comunista nunca será capaz de fazer mais do que o que já fez, que é aumentar os salários e pensões dos dependentes do Estado, com esperança de se reeleger em 2019.
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Os últimos dois anos provaram que António Costa e os seus parceiros nunca tiveram, de facto, alternativa nenhuma. Porque consumir a folga criada pelo ajustamento da troika, pela política do BCE, pelo petróleo barato e pelo crescimento económico na Europa, compensando eventuais desequilíbrios com cativações e impostos — é um expediente, mas não é um plano. 

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Marcelo dá uma lição ao menino Tonecas

As notícias da generosidade do Governo para com os professores também chegaram a Belém e Marcelo Rebelo de Sousa não gostou do que ouviu. Com muita coragem, e perante uma plateia repleta de professores na Fundação Calouste Gulbenkian, o também Professor Marcelo disse esta segunda-feira aquilo que tinha que ser dito sobre o tema:
“A crise deixou marcas profundas, é uma ilusão achar que é possível voltar ao ponto em que nos encontrávamos antes da crise – isso não há!”.
“A segunda ilusão é achar que se pode olhar para os tempos pós-crise da mesma forma que se olhava antes [para os problemas], como se não tivesse havido crise. A crise deixou traços profundos e temos de olhar para eles”.
Com estas duas frases sobre a temática da ilusão, o professor Marcelo fez tábua rasa do compromisso assinado pelo Governo com os sindicatos dos professores. E conjugou, em bom português, o verbo Iludir:
Eu não iludo
Tu iludes
Ele não quer ser iludido
Nós não temos dinheiro
Vós não deveis pensar só nas eleições
Eles vão ter de se contentar com o descongelamento que já têm
Perante este puxão de orelhas do Presidente, António Costa resolveu dar um gigantesco passo atrás face ao compromisso que assumiu com os professores na passada sexta-feira: “Não podemos consumir todos os recursos com quem trabalha no Estado” se queremos investir na educação e na saúde, afirmou o primeiro-ministro esta terça-feira durante uma visita à Tunísia.
Costa também mostrou que quando quer sabe conjugar o verbo iludir: “A ilusão de que é possível tudo para todos, já não existe isso. Temos de negociar com bom senso, com responsabilidade, procurando responder às ansiedades das pessoas, mas com um princípio fundamental: Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de vista da estabilidade financeira, porque isso, no futuro, colocaria em causa o que foi até agora conquistado”.
Mas afinal, Sr. primeiro-ministro, quem é que criou essa tal ilusão de que é possível dar tudo a todos? Eu? Tu? Ele? Nós? Vós? Eles?

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Não são os políticos que nos defendem...

Para além dos governos, dos partidos e das ideologias, devemos congratular a realização de simulacros desta natureza. O resto é ruído político de gente que nunca pegou numa arma para defender desconhecidos das ameaças reais. O que sobeja são birras de quem se esconde atrás de outrém.
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Tenho a maior confiança nas forças de segurança em Portugal. Coloco-me, sem hesitar, ao lado dos seis agentes constituídos arguidos, por correrem riscos em nome de todos nós. No exercício da sua missão lidam continuamente com dinâmicas imprevisíveis e teatros de operação intensamente voláteis. A GNR levou a cabo um simulacro envolvendo todas as polícias, forças armadas e meios de socorro, mas já despontam aqueles que invocam a legalidade do comando da operação - dizem que a Lei de Segurança Interna não foi cumprida. (por por John Wolf in Estado Sentido )

domingo, 12 de novembro de 2017

Escândalo? Indignação? Nada. Não se passa nada !

Bastou ter-se levantado uma onda de indignação pública, com eco nas redes sociais, para o Governo mostrar mais uma vez como é eficaz. O Governo de António Costa reagiu. Culpou o Governo anterior (as usually). Mostrou-se muito indignado em solidariedade com a indignação geral, e zás, proibiu os jantares no Panteão. Tal como já tinha feito no Urban Beach (que se apressou a mandar fechar - by the way, pôs 200 pessoas no desemprego com essa precipitação. Podia ter multado, ter estabelecido regras duras, mas não, a solução foi: desemprego para toda aquela gente) – mas
tal como fez com os incêndios e armas de Tancos roubadas toma decisões muito radicais. Mas sempre, sempre à posteriori [...]
O mundo chama populista a quem governa contra a corrente mediática, mas populismo é precisamente o oposto. Populismo é isto de governar em função da indignação popular.
Esta dupla de populistas que representam e lideram o país, estão a transformar Portugal num cartoon. (in “Populismo é governar pelo guião escrito pelo mediatismo e pelas redes sociais” por Maria Teixeira Alves )
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Escândalo? Indignação? Nada. Não se passa nada.
... o funcionamento do nosso Estado continua a brindar-nos com surpresas nalgumas das suas áreas nucleares, como as da segurança e soberania. [...]
O que nos deveria surpreender é a incapacidade de a direita, agora na oposição, ser oposição efectiva, conseguir reunir a informação que antes nos chegava pelas “comissões de utentes”, não se ficar apenas pelas generalidades sobre as cativações, antes ser capaz de descobrir e denunciar os efeitos concretos dessas cativações.
O que também nos deveria surpreender é a forma como antes boa parte da comunicação social não se incomodava em ser altifalante dos mais minúsculos tentáculos da asa esquerda da geringonça, ao mesmo tempo que hoje passa por cima de casos como alguns dos que relatei atrás sem se deter neles mais do que um segundo. [...]
Tudo domesticado, tudo obediente, tudo disciplinado (como disciplinados eram os companheiros e ministros de Sócrates que nunca viram nada, nunca souberam de nada, nunca estranharam nada, sobretudo nunca falaram sobre nada).

Por tudo isso deixem estar: não se passa nada. (in “Não se incomodem, não se passa nada” por José Manuel Fernandes )