sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Despertar político saudável e necessário!

Sondagens de opinião em Inglaterra, França, Alemanha e Portugal colocam os partidos da direita nacionalista como primeira opção de voto. Em Itália, já governam. Alguns desses partidos não existiam há um década. Outros pareciam destinados a vegetar nas margens da política. Excepto no caso de Itália, onde há trinta anos que as organizações políticas têm estado sempre a transformar-se, é a maior evolução dos sistemas partidários da Europa ocidental desde há muito tempo. No caso da Inglaterra, desde a I Guerra Mundial.
É isto difícil de entender? Não é, quando pensamos no que os tradicionais partidos de governo das democracias da Europa ocidental têm para mostrar aos que confiaram neles. Quais foram as duas maiores promessas desses partidos? Convergência com o país mais rico do mundo, e coesão social. Foi por isso que os europeus votaram, foi isso que lhes disseram que poderiam esperar. E foi essa, em geral, a experiência dos que viveram na segunda metade do século XX. Que aconteceu nos últimos anos? Demagogias despesistas, delírios regulatórios e ideologias energéticas sobrecarregaram as economias da Europa ocidental. O resultado foi uma grande divergência em relação aos EUA. O PIB médio da Europa ocidental é hoje cerca de 64% do americano. Trata-se do nível mais baixo de riqueza em relação aos EUA desde a década de 1970. A França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha são actualmente mais pobres do que o mais pobre estado dos EUA, o Mississipi.

No caso da coesão social, a história é pior. No pós-guerra, houve migrações dentro da Europa, mas os migrantes, de culturas similares, nunca foram demasiados e fizeram tudo para se integrar: por exemplo, os portugueses em França. As sociedades europeias conservaram a sua coesão. Foi essa coesão que os governos decidiram sujeitar a um duplo teste: a abolição de fronteiras com o resto do mundo, e a dispensa, em nome do multiculturalismo, de qualquer esforço de integração. Redes de tráfico humano constituíram-se logo na África e na Ásia para explorar a imprevidência europeia. A Europa tem adquirido assim uma enorme e crescente massa de pobres pouco qualificados, muitos deles permeáveis a movimentos político-religiosos hostis aos valores europeus. A segurança de sociedades coesas era uma das grandes aquisições civilizacionais da Europa e um dos alicerces das suas democracias e Estados sociais. Tudo está agora em causa.

Perante tais erros e fracassos, que fizeram os partidos de governo? Mudaram de políticas? Não: trataram apenas de calar qualquer debate público. Foi assim que deram curso oficial ao wokismo da extrema-esquerda, de modo a usar os seus termos de demonização contra críticos e descrentes. Quem falava de divergência económica, era “neo-liberal”. Quem aludia ao caos migratório e multicultural, era “racista”. E não foram só as esquerdas. Foram também as direitas oficiais, assustadas com a concorrência das direitas nacionalistas ou liberais. A pretexto do “discurso de ódio”, há agora delito de opinião. Através de “leis de memória”, a história passou a ser ditada pelos governos, como na velha União Soviética. A Europa ocidental tornou-se menos livre.
Que admiração que as pessoas abandonem os velhos partidos, quando esses velhos partidos as abandonaram, destruindo as suas expectativas e comprometendo os seus valores?

Não foram os “fascistas” dos anos 1930 que regressaram, como diz a falta de imaginação dos activistas da extrema-esquerda das universidades. São os cidadãos europeus que decidiram renovar as suas elites políticas. Era uma das coisas que as democracias costumavam permitir que acontecesse pacificamente. Esperemos que pelo menos isso não mude.”