Kfir Bibas tinha nove meses quando
a 7 de Outubro de 2023 foi levado pelo Hamas do kibutz Nir Oz onde vivia com a
sua família. As imagens da sua mãe, Shiri Bibas, aterrorizada e tentando
proteger no seu colo os filhos, o bebé Kfir e Ariel
de 4 anos, ficaram como um símbolo da barbárie vivida naquele dia.
O destino da família Bibas, a possibilidade de a
fazer regressar ou simplesmente saber onde estava foi notícia por várias vezes
ao longo de meses. O seu nome chegou a constar de listas dos reféns a libertar,
mas os Bibas também foram dados como mortos. Entretanto chegaram novas imagens que
mostravam o que parecia ser a transferência de Shiri e de Ariel e Kfir das mãos
do Hamas para as de um outro grupo terrorista.
As imagens da sua mãe, Shiri Bibas, aterrorizada e tentando
proteger no seu colo os filhos,
https://www.instagram.com/israelinla/reel/C7RrmIpsSfY/
Shiri Bibas e os filhos, Ariel e Kfir, estão na
lista de reféns a serem libertados neste cessar-fogo. Também lá consta o seu
marido Yarden Bibas de quem se sabe que foi ferido no 7 de Outubro e levado
para Gaza onde, segundo o testemunho duma refém já libertada, terá estado
prisioneiro nos túneis. Mas não se sabe quando Shiri e Yarden, e os filhos,
Ariel e Kfir, serão libertados nem se estão vivos ou mortos. Sabe-se apenas que
o seu nome consta da lista.
Enquanto escrevo o Hamas continua a não indicar
os nomes das três reféns que está previsto serem libertados daqui a horas,
prolongando ainda mais a tortura das famílias. As razões para isto devem-se
muito provavelmente à dificuldade do Hamas em conseguir cumprir aquilo que os
seus negociadores acordaram. Há reféns, como os Bibas, que foram “trespassados”
para outros grupos, alguns passaram de casas de famílias para os túneis ou para
outras casas de família… Deixar de ter essa “mercadoria” obriga a acertos de
poder.
Obviamente a meio do dia de hoje este texto
estará desactualizado no que respeita a este cessar-fogo propriamente dito.
Noutros assuntos pode dizer-se que, pelo contrário, não só estará actual todo o
dia como que alguns dos nomes que nele surgem têm até fortes probabilidades de
estar presentes no nosso futuro. E aqui chegamos a um dos objectivos do Hamas
do 7 de Outubro e da sua opção por fazer reféns: conseguir moedas de troca.
“Por vezes falavam connosco sobre Gilad Shalit”
— recordou uma refém libertada em Novembro de 2023 Chen Goldstein-Almog, a
propósitos das conversas que os homens do Hamas tinham com ela e com os outros
reféns. Shalit é um soldado israelita que foi raptado em 2006. Para conseguir a
sua libertação, o que só aconteceu em 2011, Israel libertou mais de mil
prisioneiros palestinianos Entre esses mais de mil prisioneiros palestinianos
estava Yahya Sinwar, o homem que viria a liderar o Hamas e desencadear o ataque
do 7 de Outubro em 2023.
A pergunta que agora se faz é: qual dos homens
que Israel se comprometeu a libertar neste cessar-fogo será o próximo Sinwar?
Será ele Nassim Zaatari, o responsável pelo ataque a um autocarro em Jerusalém
que matou 23 pessoas? Wael Qassem autor do ataque, em 2002, à Universidade
Hebraica em Jerusalém? Mahmoud Attallah Tabet Mardawi condenado por atentados
que causaram a morte de 20 israelitas e ferimentos a 150?…
Desta vez e ao contrário do que aconteceu em
2011 ninguém, desde os militares às famílias de reféns, diz acreditar que estes
homens uma vez regressados a Gaza, abandonem as armas mas como afirma uma
familiar da jovem refém Agam Berger “É um mau acordo para Israel mas é a nossa
última esperança”.
Agam era soldado na base militar de Nahal Oz
donde os terroristas levaram várias jovens para Gaza. O video onde Agam e outras
soldados surgiam amarradas e feridas no meio de homens
do Hamas que entre outras coisas afirmavam que as iam deixar grávidas, reforça
a convicção dos seus familiares de que não há muito mais tempo para negociar.
https://www.instagram.com/israelinla/reel/C7RrmIpsSfY/
Mas pode um mau acordo para Israel ser bom para
os israelitas? Talvez. Só o tempo o dirá.
Donde não se esperam mudanças nem dúvidas é no
ocidente que odeia o ocidente e que vê em Israel o símbolo desse ocidente que
execram. O 7 de Outubro e tudo o que lhe sucedeu levou ao paradoxo de enquanto
a rua árabe se mostra silenciosa, as ruas de Madrid, Roma, Londres, Paris
enchem-se com bandeiras e lenços da Palestina.
Por hoje, esperar é o que nos resta.