terça-feira, 7 de outubro de 2025

para a História da nossa vergonha!

Kfir Bibas tinha nove meses quando a 7 de Outubro de 2023 foi levado pelo Hamas do kibutz Nir Oz onde vivia com a sua família. As imagens da sua mãe, Shiri Bibas, aterrorizada e tentando proteger no seu colo os filhos, o bebé Kfir e Ariel de 4 anos, ficaram como um símbolo da barbárie vivida naquele dia.

 O destino da família Bibas, a possibilidade de a fazer regressar ou simplesmente saber onde estava foi notícia por várias vezes ao longo de meses. O seu nome chegou a constar de listas dos reféns a libertar, mas os Bibas também foram dados como mortos. Entretanto chegaram novas imagens que mostravam o que parecia ser a transferência de Shiri e de Ariel e Kfir das mãos do Hamas para as de um outro grupo terrorista

As imagens da sua mãe, Shiri Bibas, aterrorizada e tentando proteger no seu colo os filhos,

https://www.instagram.com/israelinla/reel/C7RrmIpsSfY/

Shiri Bibas e os filhos, Ariel e Kfir, estão na lista de reféns a serem libertados neste cessar-fogo. Também lá consta o seu marido Yarden Bibas de quem se sabe que foi ferido no 7 de Outubro e levado para Gaza onde, segundo o testemunho duma refém já libertada, terá estado prisioneiro nos túneis. Mas não se sabe quando Shiri e Yarden, e os filhos, Ariel e Kfir, serão libertados nem se estão vivos ou mortos. Sabe-se apenas que o seu nome consta da lista.


 Enquanto escrevo o Hamas continua a não indicar os nomes das três reféns que está previsto serem libertados daqui a horas, prolongando ainda mais a tortura das famílias. As razões para isto devem-se muito provavelmente à dificuldade do Hamas em conseguir cumprir aquilo que os seus negociadores acordaram. Há reféns, como os Bibas, que foram “trespassados” para outros grupos, alguns passaram de casas de famílias para os túneis ou para outras casas de família… Deixar de ter essa “mercadoria” obriga a acertos de poder.

 Obviamente a meio do dia de hoje este texto estará desactualizado no que respeita a este cessar-fogo propriamente dito. Noutros assuntos pode dizer-se que, pelo contrário, não só estará actual todo o dia como que alguns dos nomes que nele surgem têm até fortes probabilidades de estar presentes no nosso futuro. E aqui chegamos a um dos objectivos do Hamas do 7 de Outubro e da sua opção por fazer reféns: conseguir moedas de troca.

 Por vezes falavam connosco sobre Gilad Shalit” — recordou uma refém libertada em Novembro de 2023 Chen Goldstein-Almog, a propósitos das conversas que os homens do Hamas tinham com ela e com os outros reféns. Shalit é um soldado israelita que foi raptado em 2006. Para conseguir a sua libertação, o que só aconteceu em 2011, Israel libertou mais de mil prisioneiros palestinianos Entre esses mais de mil prisioneiros palestinianos estava Yahya Sinwar, o homem que viria a liderar o Hamas e desencadear o ataque do 7 de Outubro em 2023.

 A pergunta que agora se faz é: qual dos homens que Israel se comprometeu a libertar neste cessar-fogo será o próximo Sinwar? Será ele Nassim Zaatari, o responsável pelo ataque a um autocarro em Jerusalém que matou 23 pessoas? Wael Qassem autor do ataque, em 2002, à Universidade Hebraica em Jerusalém? Mahmoud Attallah Tabet Mardawi condenado por atentados que causaram a morte de 20 israelitas e ferimentos a 150?…

 Desta vez e ao contrário do que aconteceu em 2011 ninguém, desde os militares às famílias de reféns, diz acreditar que estes homens uma vez regressados a Gaza, abandonem as armas mas como afirma uma familiar da jovem refém Agam Berger “É um mau acordo para Israel mas é a nossa última esperança”.

 Agam era soldado na base militar de Nahal Oz donde os terroristas levaram várias jovens para Gaza. O video onde Agam e outras soldados surgiam amarradas e feridas  no meio de homens do Hamas que entre outras coisas afirmavam que as iam deixar grávidas, reforça a convicção dos seus familiares de que não há muito mais tempo para negociar.

https://www.instagram.com/israelinla/reel/C7RrmIpsSfY/

 Mas pode um mau acordo para Israel ser bom para os israelitas? Talvez. Só o tempo o dirá.

Donde não se esperam mudanças nem dúvidas é no ocidente que odeia o ocidente e que vê em Israel o símbolo desse ocidente que execram. O 7 de Outubro e tudo o que lhe sucedeu levou ao paradoxo de enquanto a rua árabe se mostra silenciosa, as ruas de Madrid, Roma, Londres, Paris enchem-se com bandeiras e lenços da Palestina.

 Por hoje, esperar é o que nos resta.