A existência de “um Sistema”, transversal às várias fases da nossa história contemporânea — O Sistema da Primeira República, o Sistema do Estado Novo e o Sistema actual, herdeiro directo do PREC e do anti-PREC, consolidado depois do 25 de Novembro, quando o poder político foi entregue ao Centrão (PS-PSD) e o poder cultural e mediático à esquerda antifascista.
Incómodo porque denuncia a ilusão da alternância democrática
— o eterno revezar entre PS e PSD — como mera gestão interna do mesmo
Sistema, que herdou do PREC e do anti-PREC a sua engenharia de controlo e
domesticação social: instituições capturadas, comunicação social alinhada,
elites auto-reprodutivas e um discurso moralista que legitima tudo o que vem
“da esquerda antifascista”.
Ao recordar o Sistema da Primeira República, feito de
manipulação eleitoral e arrogância intelectual; o Sistema do Estado Novo,
feito de autoridade e desenvolvimento controlado; e o Sistema actual,
feito de propaganda “democrática” e censura moral disfarçada de pluralismo, o
texto faz algo notável: liga as três fases num mesmo fio histórico,
mostrando que os donos do poder sempre mudaram de nome, mas raramente de
natureza.