Submissão perante o activismo militante, perante o jornalismo que o amplifica, e perante a cobardia política que o legitima.
Alexandra Leitão encarna o primeiro tipo dessa submissão: o socialista bem-intencionado que acredita poder dialogar com a extrema-esquerda, convencido de que, por partilhar algumas causas, será poupado à violência dos seus métodos. O episódio no MUDE (Museu do Design), com a candidata impedida de sair por manifestantes pró-Palestina — precisamente os que o PS alimentou com o seu discurso sobre o “genocídio” — é o retrato exacto da criatura devorada pelo seu próprio monstro.
Carlos Moedas encarna o segundo tipo: o da direita domesticada, que sobrevive repetindo as palavras da esquerda. Quando cercado por manifestantes, não defendeu a ordem pública, nem o direito ao debate democrático; preferiu dizer que “há realmente um problema enorme no Médio Oriente” e que “queremos a paz e uma solução de dois Estados”.
Não é uma piada: é a abdicação completa da responsabilidade política. Ayuso veio a Lisboa para nada.
O problema é que essa licença está a ser reconhecida pelos próprios que deviam contê-los.
A esquerda teme ofender os seus “companheiros de rua”.
A direita teme parecer “insensível”.
O jornalismo, preso entre ambos, ou se cala, ou se ajoelha.
Daí a segunda tragédia: a do manifestante electrocutado na estação do Rossio. Quando se percebeu que a culpa não era da polícia, o caso deixou de ter importância. Se fosse um agente a tocar-lhe, haveria manchetes e debates. Assim, foi silêncio.
A vida humana vale menos do que a narrativa conveniente.
O Estado de Submissão tem fronteiras bem definidas: são as do medo de dizer o óbvio.
E o óbvio é isto:
— Não há genocídio em Gaza.
— O planeta não vai acabar amanhã.
— A violência não é uma forma legítima de protesto.
— E a democracia morre quando os seus dirigentes confundem respeito com rendição.
Portugal, infelizmente, já reconheceu este novo Estado.
Chama-se "submissão" — e tem sede na consciência moral de quem devia mandar.