Ferreira Leite reafirma recusa sobre Governo de Bloco Central
27.04.2009 - 21h21 Sofia Rodrigues
A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, veio hoje reafirmar a sua recusa sobre um Governo do Bloco Central, na sequência de uma notícia da SIC-Notícias sobre a entrevista a Mário Crespo e na qual a presidente social-democrata admitia acordos com o PS.“É uma interpretação abusiva porque como é sabido sempre recusei a hipótese de um governo de Bloco Central”, declarou à agência Lusa a presidente do PSD. Na entrevista à SIC, gravada hoje à tarde, Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre o cenário em que se sentiria mais confortável, se numa aliança do PSD com o CDS-PP ou se num novo Bloco Central com o PS. “Eu sentir-me-ia confortável com qualquer solução em que acredite numa conjugação de interesses no sentido do país que sejam coincidentes”, disse. “Se perceber que o objectivo país não é aquele que está no centro das atenções então com dificuldade existe um Governo que possa contribuir para melhorar o país”, acrescentou. Já em momentos antes, questionada sobre o contributo que poderia dar em termos de solução para o Governo, Ferreira Leite disse não negar a colaboração se for necessária uma mudança. “Se não for ou se eu vir que há casamentos que estão muito bonitos no anúncio mas na realidade não funcionam então com certeza que não”, afirmou. Ainda antes da transmissão da entrevista, a SIC Notícias avançava que a líder do PSD estava disponível para acordos com o PS, o que veio a ser contrariado por Ferreira Leite. Questionada sobre o processo Freeport, a líder do PSD comparou o caso ao TGV para deixar um recado ao primeiro-ministro. “Há uma lição que o primeiro-ministro não tirou: nas vésperas de eleições não se tomam decisões polémicas”, disse, referindo-se ao TGV e às grandes obras públicas que dominaram boa parte da entrevista. “Em vésperas de eleições tomam-se decisões rápidas, sem grandes estudos, sem grandes fundamentos e daí nascem suspeitas. E o primeiro-ministro, que se sente vítima dessa acusação, está a querer cair rigorosamente no mesmo erro quando, a meia dúzia de meses das eleições, quer tomar decisões poderosíssimas em relação ao país, nomeadamente o TGV e o aeroporto”, sublinhou. Como explicação para a defesa que o Governo faz das grandes obras públicas, Ferreira Leite considera que “há interesses de grupos muito fortes” nessa área. Em contrapartida ao calendário definido pelo Governo para os grandes investimentos públicos, Ferreira Leite defendeu a recuperação da linha ferroviária nacional e questionou os efeitos do novo aeroporto na TAP. E apontou o que faria se hoje fosse primeira-ministra: “Punha-lhes uma moratória”. Em relação aos apoios sociais que têm vindo a ser anunciados pelo Governo, Ferreira Leite quer explicações sobre a origem do dinheiro e diz recear que provenha da Segurança Social. Já a escolaridade obrigatória até aos 18 anos não lhe oferece dúvidas: “a medida não tem hipóteses de ser executada”. Nas questões internas do PSD, Ferreira Leite garantiu que não consultará o partido se perder as eleições europeias, tal como acontecerá com outros líderes partidários se saírem derrotados a 7 de Junho. “Se as perder, perdi-as, não é? Vou fazer por ganhar. Se as perder, perdi”, respondeu. PUBLICO.PT