Neste 19 de Agosto do Ano da Desgraça, o INE divulgou que tanto os industriais dos principais países clientes da economia nacional, como os portugueses se mostram mais optimistas sobre as carteiras de encomendas. Apesar disso os indicadores mantêm-se em queda.
Isto é, apesar da publicidade que anuncia que a crise “bateu no fundo” apenas os dados estatísticos qualitativos apresentam melhoria.
Por razões que nada tem a ver com a crise, as Estatísticas e os Estudos de Opinião são-nos pouco credíveis, porque apesar do excelente trabalho que o Instituto de Estatística tem feito desde que existe, um enxame de “estatísticos privados e políticos” deitaram abaixo a nossa confiança nos números. A aversão dos portugueses às matemáticas também dá uma ajuda nas nossas desconfianças, baseadas na troca que fazemos ao "crer para ver".
Refere o INE que "os indicadores de sentimento económico e de confiança aumentaram nos últimos quatro meses" e embora na zona euro, a melhoria seja mais tardia, contrariaram as tendências negativas desde Agosto de 2007.
Parece estranho que “as tendências negativas” não tenham sido apresentadas a um Governo que, pouco mais de um ano depois, em Outubro de 2008, estava a apresentar um OGE e clamava que a "crise internacional" não chegaria ao quadrado!
Também se soube agora que a trajectória descendente do índice de produção industrial se vinha a verificar desde Novembro de 2006. Já atingiu os 20% e continua a cair.
Alguém escondeu os sinais, ou alguém não os leu e acabámos “cantando e rindo” na pior crise económica e, principalmente, social dos últimos 100 anos.
Como sabemos que em Portugal a culpa nunca se casa, apesar disso olhemos as responsabilidades.
Responsabilidades que deviam ser repartidas entre os que governam e os que lhes fazem oposição porque, nem uns, nem outros entenderam os sinais. Será pois prudente que, a exemplo dos tsunami, se criem sistemas de alerta remota que, pese a poluição, lancem bem alto e bem negro o fumo que antecipadamente nos alerte.
Não estão também isentos de responsabilidade todos os economistas keynesianos que, antes e agora, não param de nos aconselhar, nem os académicos que criaram as escolas que os formaram e que sabiam, deviam saber, que Keynes, bom na América da Grande Depressão e no Estado Novo isolacionista, dificilmente se aplicava á economia aberta da Europa comunitária.
Mas, principalmente a responsabilidade, a culpa, é nossa, dos portugueses das Novas Oportunidades e dos Velhos do Restelo que, por preguiça mental, acreditamos no “bacalhau a pataco” e esquecemos que "não há almoços grátis".
E continuamos a comprar o “nosso fiel amigo” porque nos gritam que a “recessão técnica” acabou!
Porra! Quero lá saber da "técnica"!
O que eu quero saber é como é que acaba a recessão?