quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Já descobriram 12 votos?

 


       
a noticia tem a assinatura do
      Miguel Pereira Santos




Joao Miguel Tavares

O Jornalista João Miguel Tavares escreve sobre 
o articulista da Sábado Miguel Carvalho.

domingo, 19 de outubro de 2025

assalto ao Louvre

O Museu do Louvre foi alvo de um assalto espetacular na manhã deste domingo. Por volta das 9h30, vários indivíduos encapuzados invadiram o recinto do famoso museu parisiense, causando uma grande mobilização de forças policiais no 1º arrondissement. Segundo informações iniciais, os criminosos teriam como alvo um acervo de grande valor: joias que pertenceram ao imperador Napoleão I, além de peças do acervo da imperatriz Eugénie de Montijo, guardadas na galeria Apolo do museu. Segundo os investigadores: Os criminosos chegaram a bordo de um caminhão equipado com uma cesta. Dois indivíduos usavam coletes amarelos, simulando trabalho para esconder sua abordagem. Eles usaram a gôndola para chegar ao primeiro andar e cortaram uma janela com um moedor. O roubo durou apenas sete minutos antes que os perpetradores fugissem em scooters. Nenhuma vítima foi relatada nesta fase. A investigação, a cargo da Brigada de Repressão ao Banditismo (BRB) e da Central de Combate ao Tráfico de Bens Culturais (OCBC), está em andamento para apurar as circunstâncias exatas. O museu anunciou seu fechamento por hoje. As autoridades francesas descrevem este acto como um verdadeiro ataque ao património nacional.


quando a liberdade se apaga atrás de um véu

Nas democracias, a liberdade começa com a visibilidade. O rosto — a presença — é a expressão mais elementar de cidadania. É através dele que cada indivíduo se afirma no espaço público, responde pelos seus actos, participa na vida comum.
Ora, foi precisamente essa noção elementar de liberdade que, no Parlamento português, esteve em causa com a votação da lei que proíbe o uso de roupas destinadas a ocultar o rosto em espaços públicos, incluindo a burca e o niqab
Não falamos de um acessório inócuo, de um chapéu ou de um lenço ao pescoço. Falamos de símbolos de apagamento: peças que transformam a mulher num corpo sem identidade, sem expressão, sem rosto. Símbolos que dizem mais sobre poder, submissão e invisibilidade do que sobre liberdade ou religião.
Os partidos que disseram “não” à visibilidade
A lei, apresentada pelo CHEGA, foi aprovada com os votos favoráveis do PPD/PSD (Partido Social Democrata), Iniciativa Liberal (IL) e CDS – Partido Popular.
Contra estiveram: Partido Socialista (PS), Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP) e Livre.
A explicação dos socialistas foi de antologia: ninguém no Parlamento “se sente confortável com a utilização da burca”… mas, ainda assim, votaram contra a sua proibição. Não por discordarem da lei — mas porque não querem que o debate seja “catapultado pelo Chega”. Eis a moral: para agradar à narrativa, preferem tolerar aquilo que dizem repudiar.
É este o grau de cobardia política que domina parte significativa da esquerda portuguesa: não têm coragem de defender o espaço público comum quando o tema envolve islamismo ou multiculturalismo. Falam em direitos, mas esquecem o mais elementar dos direitos — o de existir com rosto, com identidade, com igualdade.
Burca e niqab: símbolos de apagamento, não de liberdade
A burca e o niqab não são “moda religiosa”. São instrumentos que apagam a mulher do espaço público:
- Apagam-lhe o rosto, logo, a identidade;
- Retiram-lhe visibilidade, logo, voz;
- Condicionam a sua relação com os outros e com o Estado.
Uma democracia liberal não pode aceitar que alguém se apresente no espaço comum como se não existisse. O rosto é sinal de cidadania, e a cidadania não pode ser coberta, anulada ou negociada em nome de sensibilidades culturais.
Permitir o uso da burca ou do niqab em hospitais, escolas, tribunais, repartições ou transportes públicos é abrir caminho a uma sociedade paralela, onde alguns vivem visíveis e responsáveis… e outros escondidos atrás de uma cortina de “tolerância” mal disfarçada.
Quando o Estado cede, a cidadania recua
O problema não é novo — nem se limita a Portugal. Veja-se o caso das escolas em Ceuta e Melilla, onde contratos escolares impõem menus sem carne de porco para satisfazer exigências religiosas 
Não se trata aqui de respeitar diferenças privadas — trata-se de transformar o espaço público num território segmentado por pertenças comunitárias.
Quando o Estado abdica da sua autoridade e da neutralidade do espaço público para agradar a minorias activistas, não está a promover integração. Está a legitimar privilégios. Está a criar cidadanias diferenciadas.
E é exactamente isso que permitir burcas e niqabs significa: aceitar a fragmentação social e institucionalizar a desigualdade.
Liberdade não é invisibilidade
Os partidos que votaram contra esta lei estão a dizer, por outras palavras, que é legítimo viver no espaço público sem rosto, sem identidade visível, em nome de uma suposta liberdade religiosa. Mas liberdade não é ausência de rosto. Liberdade é aparecer, existir, participar.
A sociedade que aceita o apagamento do rosto feminino em nome da tolerância, está a legitimar a opressão e a minar a sua própria cultura democrática.
A lei aprovada não é “populismo”, não é “islamofobia”, não é “ataque a minorias”. É simplesmente defesa do espaço público comum.
É dizer, com clareza: aqui, as regras são iguais para todos. Aqui, o rosto humano não é tabu. Aqui, não aceitamos cidadanias invisíveis.
o rosto é a fronteira da liberdade
Nenhuma democracia sobrevive se abdicar do princípio de igualdade no espaço público. A burca e o niqab não são apenas roupas — são muros portáteis entre pessoas.
E quem vota contra leis que proíbem a ocultação do rosto, vota a favor desses muros.
Portugal escolheu — por maioria — defender a liberdade com rosto. Alguns preferiram continuar a esconder-se atrás de narrativas politicamente correctas. Mas o essencial está dito: a liberdade não se mascara. A liberdade mostra a cara.

a irrelevância da liberdade quando o rosto é tabu

A aprovação no Parlamento de Portugal de um projecto de lei que visa proibir “roupas destinadas a ocultar o rosto” em espaços públicos. (Rádio Renascença)
Desde logo o problema não é só a peça de vestuário, mas o que ela representa — a recusa de visibilidade, a delegação de identidade, o privilégio cultural ou religioso acima do cidadão comum.
A questão não é apenas “sobre o Islão” ou “sobre mulheres”, mas sobre o espírito da liberdade pública e a universalidade do reconhecimento social
O que está em causa
O projecto de lei apresentado por Chega e aprovado com o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e CDS – Partido Popular: propõe proibir roupas que ocultem o rosto em espaços públicos, com coimas entre 200 e 4 000 euros, e até pena de prisão no caso de obrigar alguém a ocultar o rosto. (Rádio Renascença)
A posição dos partidos que votaram contra: Partido Socialista (PS), Livre, Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português (PCP) — e as suas justificações: que é um ataque à liberdade de consciência ou religião, que visa ‘estrangeiros’, que não há problema significativo em Portugal, etc. (Rádio Renascença)
Complementa: menção a casos de adaptação especial de serviços públicos ou de oferta de menus religiosos nos espaços públicos ou de ensino — por exemplo em Ceuta/Melilla, contrato escolar que exige “carne halal” e não utiliza carne de porco, para determinados colégios. (Newtral)
O ponto: estes são sinais de que o “espaço público” está a dar lugar a “espaços culturais/religiosos reservados” ou “privilégios comunitários”, em vez da igualdade de cidadania.
véu, burca e niqab — mais do que um símbolo
A burca, o niqab, as roupas que ocultam o rosto não são apenas vestuário: são símbolos de invisibilidade. Invisibilidade da pessoa, invisibilidade da voz, invisibilidade da responsabilidade pública.
Num regime democrático, cada cidadão deveria aparecer, responder pelos seus actos, ter rosto, ter identidade social — o véu integral impede isso.
Além disso, há uma questão de segurança, reconhecimento, comunicação: ocultar o rosto cria obstáculos ao funcionamento normal da vida pública (identificação, interacção, transparência).
Tem ainda uma dimensão de subordinado ou silenciado: à mulher que cobre o rosto, impõe-se um papel que alheia a condição plena de cidadã visível.
Quando o Estado permite ou se omite perante esse tipo de vestuário em espaços públicos, está a aceitar uma forma de “cidadania de segunda categoria” ou “paralelismo cultural” — o que é intolerável.
Partidos que votam “não” por cumplicidade ou por covardia?
O PS, Livre, Bloco e PCP votaram contra esta lei. O PS, por exemplo, disse que “ninguém no Parlamento se sente confortável com a utilização da burca” mas votou contra. (Rádio Renascença)
Essa posição revela ou uma contradição ou uma priorização de discurso multicultural acima da coesão do espaço público.
Será que estes partidos preferem manter “o multiculturalismo a todo o custo” em vez de defender a visibilidade do indivíduo e a igualdade perante a lei?
Ou será que têm medo do “debate do outro”, do “estrangeiro”, do “islamismo” — e preferem abdicar da lei para evitar polêmica?
A atitude é especialmente grave porque aceitar a ocultação do rosto é aceitar que parte da população não participe plenamente, que não seja visível, que não tenha direito à presença plena no corpo social.
“privilégios comunitários” versus a erosão do espaço público comum
O contrato em Ceuta/Melilla mostra que em alguns colégios se exige carne halal e não se utiliza carne de porco — por decisão administrativa. (Newtral)
Isso ilustra como o estado ou as instituições públicas cedem à lógica das “minorias religiosas/culturais” de modo a criar espaços diferenciados.
Quando se permite ocultar o rosto ou se adapta o menu escolar ao religioso sem contrapartida, está a instaurar-se um regime de exceção dentro da comunidade de todos.
O resultado: menos cidadania comum, menos convivência, mais fragmentação. Em vez de integrar, dividimos.
Nesta lógica, o véu integral e outras formas de ocultação funcionam como marcadores de diferença que o Estado permite ou tolera — e isso é perigoso para a democracia.
O apelo necessário 
Apelo aos partidos: escolham a visibilidade da cidadania, a igualdade perante o Estado, a coerência da lei, em vez de abdicar em nome de discursos de tolerância que na prática se tornam tolerância da invisibilidade.
Apelo à sociedade: rejeitem a ideia de que “cada grupo faz o que quiser no seu canto” quando esse canto é o espaço público — porque espaço público é de todos, não de facções.
Conclusão: O rosto humano no espaço público não é apenas detalhe — é símbolo de liberdade, de presença, de responsabilidade. Permitir o "ser coberto ou escondido" é permitir que a cidadania seja fragmentada, que a visibilidade seja privilégio, que o Estado seja cúmplice da invisibilidade.

E, se os partidos e os decisores continuarem a adiar a questão ou a relativizá-la, então este processo de invisibilidade institucional será mais grave do que o debate presente — será um sintoma de erosão da própria democracia.


sábado, 18 de outubro de 2025

“Autárquicas: realidade e fantasia" (excerto do artigo de Jaime Nogueira Pinto)

Nestes tempos de provação e recuo, a Esquerda, habituada à vitória há meio século, tende a refugiar-se em prémios de consolação e nas delícias do comentariado.

A mudança
Entretanto, o mundo mudou, e sucederam-se as reacções ao globalismo, à desindustrialização, ao regresso ao capitalismo selvagem no Ocidente e ao ideário hedonista de uma esquerda agora instalada nas instituições e convertida ao internacionalismo capitalista – e até a Bruxelas.
Em Portugal – que para o bem e para o mal quase sempre segue a Euro-América – um dissidente do PSD começou um partido nacional popular, aproveitando a rejeição generalizada do alheado compadrio político sistémico e das novas formas internacionalistas de esquerdismo radical.
Em poucos anos, o Chega implantou-se como partido de protesto, valendo-se do vazio à direita (o abandono dos princípios nacionais-conservadores ou nacionais-populares) e, até, à esquerda (a troca de vitais causas sociais e laborais por um urbano-decadente arco-íris de minorias).
E é à luz de todo este enquadramento que devemos ler os resultados das eleições autárquicas de Domingo, 12 de Outubro.
As delícias do comentariado
Nestes tempos de provação e recuo, a Esquerda, habituada à vitória há meio século, tende a refugiar-se em prémios de consolação e nas delícias do comentariado.
O que dizer destas eleições? 
Que o Chega foi o grande derrotado, evidentemente. Comparando o resultado da “extrema-direita” nas legislativas de Maio com o resultado de agora, esquecendo a comparação entre os resultados das autárquicas de 2021 e estas de 2025, e atendendo às expectativas de Ventura de “varrer o país”, o Chega foi, de facto, o grande perdedor da noite. Só conseguiu três câmaras 134 vereadores e algum poder de desempate. Voto útil à direita? Parece que não houve. Afinal, o bipartidarismo está bem e recomenda-se. Ventura falou de mais; tal como Trump, que também se pôs a dizer que queria o prémio Nobel da Paz por dá cá aquele refém e depois não o conseguiu.
Que dizer da derrota da “Frente Popular” em Lisboa que foi praticamente um “empate técnico”, (33,95% vs 41, 69%)? E quanto à disputa por vereadores PCP-Chega… serão os boletins de voto que não tinham a opção Chega verdadeiramente nulos? No Porto também esteve tudo bastante empatado. Resumindo, o PSD perdeu Viseu e o Partido Socialista até se aguentou bem, vencendo em Loures (apesar da actuação do candidato, “ofensiva dos valores, cultura e identidade do partido”, segundo as forças vivas do mesmo que andam “entretidas lá na Europa”, ou por causa dela?) Ah, mas ainda há o Livre. O Livre subiu! E parece que já dá cartas no poder local. Em murchando o cravo, a papoila coliga muito bem.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

no pós-autarquicas: a imprensa rasca a que temos direito perdeu o Norte

Nos dias que se seguiram às eleições autárquicas, o jornalismo português ofereceu-nos um espetáculo previsível e lamentavelmente rotineiro: o debate das linhas vermelhas. Não houve surpresa. Como se a política democrática fosse um jogo de tabuleiro infantil, onde cada aproximação entre partidos de direita deve ser denunciada como “fascismo a avançar”.
A insistência é tal que já não estamos perante análise política — estamos perante activismo disfarçado de jornalismo. A mesma pergunta (“vai ou não vai negociar com o Chega?”) repete-se ad nauseam, sem qualquer interesse real para o eleitorado comum, que tem preocupações muito mais tangíveis: salários, impostos, saúde, segurança e qualidade de vida.
A fabricação do “papão”
A esquerda portuguesa descobriu, há alguns anos, um filão ideológico: usar a palavra “fascismo” como arma mágica para bloquear adversários. Importou esta estratégia de certos sectores da esquerda europeia, aplicando-a mecanicamente a qualquer força política que não aceite o seu monopólio moral e mediático.
De forma particularmente caricata, essa narrativa já não distingue entre partidos democráticos de direita — com maior ou menor radicalidade discursiva — e movimentos de massas paramilitares dos anos 30 e 40. Não há milícias armadas, não há SA, não há camisas negras, não há pogroms. Mas isso não impede certos jornalistas de falarem e escreverem como se estivéssemos às portas de a Noite das Facas Longas.
A generalização é conveniente: poupa trabalho e permite transformar a disputa democrática num campo moral — de um lado, os “bons”; do outro, os “fascistas”.
A chantagem mediática
O caso mais claro deste pós-eleições é a forma como parte substancial da imprensa tratou qualquer entendimento local entre a direita moderada e Chega como uma “violação de linhas vermelhas”.
Não se tratava de coligações governamentais, nem sequer de acordos estratégicos de poder - muitas vezes eram simples votações em assembleias municipais ou acordos de governabilidade local, perfeitamente legítimos num regime democrático.
Ainda assim, os microfones e as câmaras surgiam como cães de guarda ideológica, fiscalizando quem falou com quem, quem apertou a mão a quem, quem votou o quê e quem se sentou ao lado de quem.
Pior: estes mesmos jornalistas não demonstram o mesmo zelo quando a esquerda se alia a forças radicais ou extremistas, sejam trotskistas ou comunistas empedernidos. Aí, chama-se “diálogo”, “pluralismo” ou “governabilidade responsável”.
A imprensa de guerrilha 
O que aqui se passa não é jornalismo. É uma campanha de contenção ideológica, operada por redações marcadas pela endogamia política e cultural. Os mesmos comentadores, os mesmos enquadramentos, as mesmas indignações fabricadas — todos alinhados numa narrativa que pouco ou nada tem a ver com factos.
A título de exemplo, durante os primeiros dias pós-eleitorais:
· Cerca de 60% dos espaços de comentário político televisivo centraram-se em cenários de “violação de linhas vermelhas”.
· Apenas 12% das peças jornalísticas nos principais noticiários fizeram referência a temas de governação local — ou seja, ao que realmente importa aos eleitores.
· Foram contabilizadas mais de 80 intervenções televisivas, em horário nobre, com referências directas ou indirectas ao “perigo fascista” — sem uma única referência concreta a casos de violência, milícias ou ameaça real à ordem democrática.
A imprensa e o medo da pluralidade
Este comportamento mediático tem uma função política: proteger o sistema instalado — o “centrão” e a esquerda dita “antifascista” — contra qualquer força disruptiva que ameace o seu domínio. É a mesma lógica usada ao longo dos anos para marginalizar uns, branquear outros e manter a aparência de estabilidade.
O problema é que, ao insistirem nesta lógica de exclusão moral e política, estas redações perdem contacto com o país real. Tornam-se menos informativas, menos relevantes e mais ideológicas. Daí a crise que depois choram em uníssono: “o jornalismo está a morrer”.
Mas o  jornalismo não está a morrer. Está a suicidar-se lentamente.
a imprensa rasca...
O título deste artigo é amargo, mas justo: temos a imprensa rasca a que o país se habituou. Uma imprensa que prefere repetir mantras ideológicos a fazer jornalismo de investigação, que confunde vigilância do poder com patrulhamento ideológico, que acredita que o seu papel não é informar, mas educar o povo — como se fosse um povo atrasado, incapaz de escolher por si.
Enquanto esta imprensa rasca dominar, o debate público continuará a girar em torno de “linhas vermelhas” inventadas — e não dos problemas que verdadeiramente interessam.
E depois espantam-se com a erosão da confiança no jornalismo, com a fragmentação do eleitorado e com o crescimento dos partidos que eles próprios demonizam.
Talvez não percebam — ou talvez percebam bem demais — que foram eles próprios que criaram o alegado monstro que agora fingem temer.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Barracas no Talude Militar Loures

Que efeito teve nos resultados esta e outras reportagens semelhantes?


Taylorismo, inovação e o risco do “novo” repetir o velho

A “Administração Científica” de Frederick W. Taylor (1856-1915) prometia tirar do trabalho toda a “adivinhação” através de estudo de tempos-e-movimentos, padronização de métodos e incentivos alinhados à produtividade. O seu programa assentava em quatro pilares: (1) decompor tarefas em gestos elementares; (2) cronometrá-los e eliminar variação; (3) separar planeamento (engenheiros/gestores) de execução (operários); (4) premiar o desempenho com esquemas de pagamento diferencial. O resultado pretendido: mais produção com menos custos, menos “improviso”, menos poder do ofício — e uma gestão que se afirma “científica”.
Um século depois, muitas organizações que se dizem inovadoras continuam a praticar um neo-taylorismo — agora digital, revestido de dashboards, OKR’s e IA. A linguagem mudou; a lógica, nem sempre.
O que o Taylorismo ainda acerta
Clareza de processo. Documentar, padronizar e ensinar o “melhor método conhecido” reduz desperdícios, acelera a aprendizagem e facilita a escala.
Medição disciplinada. Sem medir não há melhoria. Ciclos curtos de observação-ajuste continuam válidos, seja numa linha de montagem, seja num funil de produto.
Transferência de conhecimento. Ao explicitar práticas, o desempenho deixa de depender de “heróis” e passa a ser propriedade do sistema.
Estas intuições estão na base de abordagens modernas como Lean, DevOps ou mesmo a boa utilização de OKR’s: foco, ciclos curtos, aprendizagem cumulativa.
Onde o Taylorismo falha — e onde a “gestão inovadora” tropeça
Criatividade não é peça substituível. Em problemas não triviais, a separação rígida entre “quem pensa” e “quem executa” mata insight no ponto de contacto. Startups que centralizam decisões em comités de “planeamento” reconstroem a velha oficina taylorista em PowerPoint.
O que medes molda o que fazes. Métricas de actividade (tickets fechados, linhas de código, reuniões realizadas) produzem teatro de produtividade. Inovação exige métricas de efeito (utilização, retenção, NPS, margem unitária), não apenas de esforço.
Variação nem sempre é ruído. Em trabalho criativo, a variabilidade é fonte de descoberta. A tentação de “normalizar tudo” pode amputar a variação exploratória que gera novos produtos.
Desumanização digital. Monitorização ao segundo, scoring algorítmico e “gestão por app” (gig economy, armazéns, call centers) actualizam o pagamento à peça com um verniz de IA. Erosiona-se autonomia, alonga-se a jornada, aumenta-se burnout — e a inovação definha.
Sinais de neo-taylorismo com roupa nova
OKR’s-metralhadora: proliferação de objetivos e resultados-chave por todo o lado, todos “prioritários”, que dispersa foco e transforma a gestão de objetivos numa corrida a cumprir números.
Dashboards-religião (Painéis de controlo como religião) culto acrítico de dashboards em tempo real, sem hipóteses causais nem interpretação, confundindo velocidade de leitura com direção e entendimento.
Squads sem autonomia (Equipas “ágeis” sem autonomia): grupos com rótulo de squad que executam tarefas mas não podem decidir método, prioridades ou soluções, ficando dependentes de aprovações hierárquicas.
Incentivos que atomizam: bónus individuais em trabalhos interdependentes, gerando otimizações locais que pioram o sistema.
O que uma gestão realmente inovadora deve fazer (e que Taylor não ensinou)
Medir resultados, preservar a autonomia. Estabeleça “outcomes” claros (ex.: reduzir churn em X p.p.; aumentar margem por cliente em Y€) e dê às equipas margens para escolher métodos. Controle pelo quê, não pelo como.
Ciclos de descoberta, não só de entrega. Institua cadências de experimentação (problem discovery → protótipos → testes) com critérios de paragem. “Build-measure-learn” é anti-taylorista por natureza.
Arquitecturas que libertam. Plataformas internas, APIs bem desenhadas e “guardrails” de segurança permitem inovação local sem caos global. Padronize interfaces, não ideias.
Métricas com modelo causal. Cada KPI deve responder a uma hipótese (“se aumentarmos a activação inicial, melhora a retenção?”). Sem modelo, o número é barulho caro.
Incentivos de sistema. Bónus de equipa e métricas partilhadas (tempo-de-ciclo, qualidade percebida, margem) alinham interdependências.
Participação e voz. Quem executa detecta cedo os limites dos processos. Rotinas de “retrospectives”, sugestões com resposta e decisões reversíveis reduzem custos de erro e elevam o moral.
Ética e limites à vigilância. Transparência sobre dados de desempenho, “privacy by design” e avaliação de impacto humano evitam que a eficiência corroa confiança.
Um quadro simples para avaliar práticas “inovadoras”
Propósito: o indicador serve um resultado de cliente/negócio — ou um ritual?
Autonomia: a equipa pode ajustar o método sem pedir bênção?
Aprendizagem: há ciclos explícitos de teste e uma “biblioteca de decisões”?
Sustentabilidade humana: a prática melhora energia, foco e segurança psicológica?
Efeito no sistema: optimiza o todo, não apenas uma peça?
Se a resposta for “não” à maioria, é provável que seja taylorismo pintado de neon.
Fechamento: do cronómetro ao compasso
Taylor ajudou o mundo a perceber que processos importam e que medir é poder. Mas a inovação precisa de mais do que cronómetros: precisa de compasso orientação, autonomia e cadência de aprendizagem.
A boa gestão moderna retém a disciplina do método e abandona a ilusão de que o humano é uma extensão previsível da máquina. Em vez de impor “o melhor modo” único, cria condições para que muitos bons modos surjam, sejam testados e, quando funcionam, se tornem o novo padrão — até que um melhor apareça.

Esta será a verdadeira “administração científica” para o nosso tempo: menos culto do número, mais ciência do descobrir.

7 de Outubro de 2023

terça-feira, 14 de outubro de 2025

o vencedor foi!

um interessante comentário de Bruno Amaral acerca das eleições do Município de Faro para conferir!

Quanto valerá a sede do Largo do Rato?

Não foi fácil para os socialistas venderem a ‘Solfé’, como carinhosamente era conhecida a sede do partido na rue de Solférino, ali tão pertinho do Museu D’Orsay e a dois passos da Assembleia Nacional, em Paris. Cultura e política; o elitismo puro e duro que os socialistas herdaram da vitória de François Mitterrand, fez 40 anos no passado dia 10 de Maio. O que os fez subir, fê-los cair.

Mitterrand foi, na Quinta República, o primeiro socialista a chegar ao Eliseu porque uniu o eleitorado que o apoiara na primeira volta (alguns operários, classe média e pensionistas) aos do Partido Comunista (maioritariamente operários). O povo, de acordo com a concepção marxista. Soares repetiu o feito cinco anos mais tarde. Em 1981, Jean-Marie Le Pen não conseguiu candidatar-se e a Frente Nacional nem sequer foi a votos. 40 anos passados, o PS francês vive na rua da amargura e a filha de Jean-Marie está praticamente garantida na segunda volta das presidenciais daqui a onze meses. 
O que é que aconteceu ao eleitorado do Partido Socialista francês?
A resposta é lapidar: vota na direita. Na agora denominada Reagrupamento Nacional.

Isto simplesmente sucedeu porque a esquerda francesa não evoluiu nem adaptou o discurso político à nova realidade. Não conciliou a até então defesa dos trabalhadores com a queda do comunismo e com o sucesso que foram os governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan. (É impressionante que ainda se sintam as ondas de choque provocadas por estes dois estadistas, mas é mesmo assim; talvez por isso tantos ainda menosprezem o seu legado reduzindo-o a um cariz meramente económico e esquecendo as alterações culturais que Thatcher e Reagan permitiram). Para se compensar, o PS francês refugiu-se na defesa dos jovens politicamente correctos, dos direitos adquiridos, das minorias (quaisquer que estas sejam), da cultura (o que quer que esta possa significar) e por aí em diante. Tornou-se elitista. Como resultado a sua base eleitoral fugiu para a extrema-direita.

Um exemplo claro deste fenómeno está espelhado na circunscrição de Aisne, a norte de Paris e uma região anteriormente com forte implantação da esquerda. Para termos uma ideia do desaire socialista na zona teremos de dar atenção à variação dos votos nas últimas décadas nesta circunscrição. Vejamos: nas presidenciais de 1965, Mitterrand alcançou o segundo lugar e foi à segunda volta contra Charles de Gaulle. Perdeu por menos de 20 mil votos. Já nas presidenciais de 1974, o mesmo Mitterrand venceu na primeira e na segunda voltas contra Valéry Giscard d’Estaing, feito que repetiu em 1981 na segunda volta (na primeira o candidato socialista viu parte da sua votação a ir para o comunista Georges Marchais que conseguiu mais de 20% dos votos expressos). Mas isto foi há muitos anos. No passado recente (2017) quem venceu na primeira volta já não foi o PS, mas a Frente Nacional com pouco mais de 35%; os socialistas ficaram-se pelos 4%. Quanto aos comunistas nem vê-los. Desapareceram do mapa. De salientar que nos anos 80 os comunistas também eram contra a imigração. O eleitorado, esse, continua no mesmo sítio só que vota na extrema-direita ao ponto de, nas eleições regionais deste Domingo, a luta eleitoral na região de Les Hauts-de-France, onde Aisne se situa, ser entre o presidenciável Xavier Bertrand (de direita) e Sébastien Chenu do partido de Marine Le Pen.

O que sucedeu aos socialistas e à esquerda francesa em geral devia ser um sério aviso à esquerda portuguesa. É certo que em Portugal o PS sobreviveu, apesar de incapaz de afastar um Primeiro-Ministro corrupto, como também se aguentou, apesar de responsável pela bancarrota do Estado português (que só a intervenção da troika e o governo de Passos Coelho evitaram). O sucesso do socialismo luso reside no dinheiro aparentemente grátis do BCE e na ausência de fracturas raciais como as que existem em França. Alicerça-se ainda numa boa parte do eleitorado que depende financeiramente do Estado e que vota na segurança e na estabilidade salarial.
Mas essa construção político-eleitoral que o PS montou não está isenta de riscos. Bastava que a inflação ressurja para que o BCE ponha termo à sua política monetária, ou simplesmente que a abrande; basta que uma pequena parte do eleitorado se farte da corrupção, do compadrio, das ligações familiares, das cercas sanitárias sem base constitucional mas feitas para pôr em xeque o presidente; basta que o PS deixe de garantir a maioria de governo e o eleitorado que quer ordem procure segurança noutras paragens; Nesse dia, não há volta a dar. Nesse dia os socialistas vão lamentar-se de Fernando Medina não ter assumido responsabilidades políticas por um acto administrativo que teve consequências políticas. Nesse dia, será tarde demais.

Até porque se tirarmos o pagamento de ordenados o PS tem pouco ou nada para oferecer. Salvar a TAP? Uma empresa falida que vamos ficar décadas a pagar. O SNS? Não será com certeza com as cativações, que são o preço dos aumentos salariais necessários para manter o eleitorado. Educação? O abandono em que o Estado deixou os mais desfavorecidos durante o confinamento não será a melhor folha de serviços. Cultura? A defesa de um feudo de beneficiários pode tornar-se num muro entre a população e o poder político. Investimento Público? O dinheiro que resta pouco mais serve que para pagar salários e pensões. Por alguma razão os socialistas encaram o Plano de Recuperação e Resiliência como um náufrago olha para uma bóia.
Não sei quem tomará o lugar do PS. Pode ser a extrema-direita? Pode. Uma de cariz lusitano, tão inculta e intelectualmente pobre quanto os actuais socialistas, também estes com características lusitanas. Digo actuais porque, a acontecer, alguns mudarão de campo. O mais certo é que as caras e as famílias sejam as mesmas. Se o eleitorado muda de ares, porque não também os políticos?

O ‘Solfé’ foi vendido por 45 milhões de euros em Outubro de 2018. Quanto é que valerá aquele edifício cor-de-rosa que fica no Largo do Rato?

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Previsão do Espesso em 1 de Setembro

 


à beira do abismo... O salto em frente!

porque é que os eleitores não têm dificuldade em lidar com o CHEGA?

...e a 13 de Outubro

ainda estás jornalista?


 






Mapa Autárquico em 12 de Outubro de 2025

 

previsão do futuro no mundo místico!

… Tenho as maiores dúvidas de que Ventura tenha ganho um único voto com esta performance de forcado, que serve para os cerca de 25% de eleitores com que já conta, mas tenho dúvidas que sirva para captar os outros 75% que, até agora, têm preferido outras opções, exactamente porque acham que um primeiro ministro até pode ser um forcado, mas não é por achar que o eleitorado é um toiro que chega a primeiro ministro. (Henrique Pereira Dos Santos)
.

as opiniões deles devem ter consequências !

após conhecer os resultados das Eleições Autárquicas e apesar da sondagem, ouvir os ditos dos jornalistas e comentadores (Helena Matos, Bruno Vieira Amaral, Pedro Jorge de Castro e Filomena Martins) para que mais tarde não branqueiem as opiniões que emitiram.

«a guerra terminou!»

738 dias depois
A guerra terminou!.
Durante 738 dias — dois anos completos — o mundo assistiu, muitos vezes em silêncio cúmplice ou distraído, a uma guerra que começou com o mais bárbaro dos crimes: o massacre de civis israelitas no 7 de Outubro de 2023, perpetrado pelos terroristas do Hamas. Famílias inteiras degoladas, mulheres violadas até à morte, bebés queimados vivos — e centenas de reféns levados para Gaza como troféus humanos.
Foram 738 dias de cativeiro para muitos desses reféns — alguns libertados, outros assassinados, outros transformados em moeda de troca pela organização que muitos continuam, de forma obscena, a chamar “resistência”. Foram 738 dias de destruição, de guerra assimétrica, de manipulação mediática e diplomática, de uma narrativa cuidadosamente construída para transformar vítimas em culpados e culpados em heróis.


Israel respondeu com força. Atacou posições terroristas e, inevitavelmente, civis palestinianos inocentes foram também atingidos. 
É esse o horror da guerra — mas a responsabilidade primeira não está em quem se defende, mas em quem, no primeiro dia, decidiu atacar e matar.
O que estas três palavras — “a guerra terminou” — representam, mais do que um cessar-fogo, é o encerramento de um ciclo de hipocrisia global. Durante dois anos, vimos:
- Organizações internacionais incapazes de chamar terroristas pelos nomes;
- Governos ocidentais, incluindo o nosso, dobrados perante a chantagem moral do “humanitarismo” selectivo;  
- Multidões nas ruas da Europa a gritar slogans em defesa de quem escraviza e mata civis israelitas;
- Uma comunicação social cúmplice — escondendo os crimes do Hamas e amplificando as imagens de sofrimento palestiniano como se tivessem surgido do nada.
A guerra terminou — mas a batalha da memória começa agora. Os mortos israelitas não voltarão, os reféns assassinados não regressarão aos seus lares, e o mundo que assistiu e relativizou tudo isto não se poderá fingir inocente.
Este desfecho não é um final feliz. É um ponto final amargo, que carrega o peso de dois anos de sofrimento humano e de duas narrativas em choque: a do terrorismo e a da civilização.
Contudo, 
convém não esquecer:
. Que tudo começou com um acto de terror;
. Que muitos no Ocidente escolheram o lado errado;
. Que a vitória militar não apaga a ignomínia moral dos que silenciaram o massacre inicial e normalizaram os seus autores.
“The war is over!”. Sim. 
Mas que ninguém se iluda: o juízo da História começa agora.

É altura de ir embora!


 

domingo, 12 de outubro de 2025

“O que irão fazer a tanto lenço?

[a propósito de um excelente artigo de opinião no Observador]
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"Como hoje é dia de reflexão cada um reflecte no que pode. Eu, por exemplo, não consigo deixar de reflectir no destino dos kufiya e keffiyeh espalhados pelos pescoços desta Europa. [...]
Mas, algures na China estas mudanças estão a ser acompanhadas com atenção. Por causa do merchandising. E não só." (Helena Matos)
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“Sim, caso o fim da guerra em Gaza se torne de facto num acordo de paz, para onde irá tanto keffiyeh que agora anda espalhado pelos pescoços desta Europa?
Talvez o keffiyeh ainda faça parte do guarda-roupa de Inverno mas arrisca-se a acabar encafuado naquele canto do armário onde já está a bandeira com o arco-íris.

Ainda se lembram quando não conseguíamos sair à rua sem sermos submersos no arco-íris? Camisolas, canecas, chapéus de chuva, bolos, gelados, peluches, sapatos, pijamas, cortinados e cortinas, molduras, cartazes, cadernos, pastas, lápis e borrachas e sei lá que mais cobriram-se com o arco-íris. Até que o excesso de activismo matou o arco-íris. O arco-íris deixou de ser aquela sucessão do vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, símbolo de alegria, para se tornar num símbolo da luta LGBT+++ e depois também do feminismo interseccional que segundo o google é “uma corrente feminista que analisa como diferentes formas de opressão, como raça, classe, orientação sexual, religião e deficiência, se cruzam e se combinam com o género para criar experiências únicas e múltiplas de discriminação para mulheres” e muitas outras lutas cujo detalhe parece o índice dos livros barrocos sobre anjos e milagres. Aliás a luta tem-se fraccionado tanto que a bandeira não só ganhou outras cores — preto e castanho — como até triângulos e círculos… Deve haver um observatório no ISCTE que explique isto com mais detalhe, quiçá até seja matéria de doutoramentos, mas eu não tenho nem tempo nem paciência para tal exercício.
Seja como for, com tanto acrescento na bandeira tenho a forte esperança de que dentro de alguns anos o nosso festivo arco-íris esteja de volta porque este é um caso em que os lutadores acabarão a lutar entre si, ou seja a esfarrapar a bandeira. Mas por agora, e numa espantosa ironia do destino, a bandeira que já foi do arco-íris deve ir conviver com o kufiya ou keffiyeh palestiniano no mesmo armário donde talvez esteja para sair a boina à Che ou a t-shirt com o rosto de Ernesto Guevara estampado. 
Porquê?
Em primeiro lugar porque o activismo e a moda estão cada vez mais ligados (qualquer alusão nesta fase a Sofia Aparício é desnecessária). Os activistas precisam de se identificar entre si e nada é mais transversal do que o vestuário.
Em segundo lugar, e é aí que entram a boina e a t-shirt do Che, a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Corina Machado veio enfatizar aquilo que é incontornável: a agonia dos regimes narco-comunistas da Venezuela, Cuba e Nicarágua.
O maior foco sobre estas ditaduras levará ao habitual frenesi dos activistas subsidiados que não tardarão a andar por aí com o Che estampado a gritar a versão latino-americana dos dislates que gritaram a propósito de Gaza.

sábado, 11 de outubro de 2025

Os “antifas” e os seus padrinhos: a subversão paga a pronto

Durante anos, as faixas negras e os slogans inflamados dos chamados “antifascistas” serviram para disfarçar um projecto político que tem muito pouco de “anti-fascista” e quase tudo de autoritário. São grupos de intimidação e violência de rua, especializados em transformar o espaço público em palco de agressão e ameaça. Mas — e este é o ponto crucial — as suas pedras não vêm sozinhas. Vêm acompanhadas de fluxos financeiros e de protecção política.
É aí que reside a verdadeira força deste movimento: não nos militantes de rua, mas na teia de financiamento e influência internacional que lhes dá cobertura e meios.
O verniz “libertário” e a realidade autoritária
Os “antifas” auto-apresentam-se como guardiães da liberdade, mas, na prática, agem contra ela. Não são democratas radicais — são radicais contra a democracia. Chamam “fascista” a todo o adversário político, legitimando assim agressões físicas e simbólicas, bloqueios, ameaças e campanhas de cancelamento.
A sua táctica política é conhecida: agredir em nome da “liberdade” para destruir a liberdade dos outros.

O combate desloca-se da rua para os cofres
A Administração norte-americana decidiu dar um passo mais largo e mais eficaz: atacar as linhas de financiamento. Foi durante a presidência de Donald Trump que a classificação dos grupos “Antifa” como ameaça terrorista foi formalizada, acompanhada de instruções às agências federais para identificar financiadores e canais de apoio logístico¹.
O objectivo é claro: secar as fontes de financiamento que transformam pequenos grupos de arruaceiros em exércitos organizados.

Quem financia e quem é financiado
As investigações — públicas e congressuais — apontam para uma constelação de fundações e redes de doação que alimentam infra-estruturas activistas de largo alcance: Arabella Funding Network, The Tides Funding Network, Neville Roy Singham, Johann Georg “Hansjörg” Wyss, entre outros².
Estes financiadores não entregam malas de dinheiro directamente aos capuzes negros — financiam estruturas intermédias, “think tanks”, ONGs, redes mediáticas e jurídicas que depois fornecem meios, logística e protecção a movimentos de acção directa.

O caso Soros: a Hidra de mil tentáculos
Nenhum nome se tornou mais emblemático neste contexto do que o de George Soros e da sua fundação Open Society Foundations. A influência global desta rede é amplamente documentada. Em 2017, a plataforma DC Leaks divulgou mais de 2.500 ficheiros que expunham estratégias e contactos da Open Society em toda a Europa³.
Nesses documentos constavam nomes de parlamentares, dirigentes políticos e mediáticos considerados “alinhados” com a agenda da fundação — incluindo várias figuras portuguesas, sobretudo ligadas ao PS, ao Bloco de Esquerda e ao Livre⁴.
Não surpreende, assim, que boa parte da narrativa mediática sobre os “antifas” tenda a ser conivente, minimizadora ou simplesmente silenciosa.

O alcance europeu
A influência destas redes não ficou confinada aos Estados Unidos. A penetração nas instituições europeias é profunda e antiga. No Reino Unido, em França, na Alemanha e nos próprios corredores da União Europeia, o activismo “progressista” de alta gama criou infra-estruturas permanentes de financiamento, advocacia e comunicação que alimentam movimentos e campanhas de rua, com forte alinhamento ideológico.
As redes de financiamento global não só alimentam grupos de intimidação política, como criam mecanismos de auto-protecção: equipas jurídicas, redes mediáticas e sistemas de influência institucional que escudam os grupos de rua de qualquer responsabilização efectiva.
E aqui está a questão política essencial: sem cortar as cabeças da Hidra, de nada servirá quebrar algumas pedras nas ruas.

…seguir o dinheiro
Os “antifas” não são um fenómeno espontâneo: são a ponta visível de uma teia global de financiamento, activismo e cobertura mediática. Combatê-los nas ruas é necessário, mas insuficiente. Para vencer esta batalha, é preciso seguir o dinheiro, expor os padrinhos e responsabilizar os beneficiários. 
  Notas
1 - Declarações e memorandos de segurança da Administração Trump sobre a classificação de Antifa como ameaça doméstica (2020–2025).
2- Registos públicos e investigações do Congresso norte-americano sobre financiamento político de grupos activistas (Arabella, Tides, Singham, Wyss).
3- DC Leaks (2017): ficheiros internos da Open Society, tornados públicos em https://tinyurl.com/bdf9pr9u.
4- Relatórios de imprensa e bases de dados públicas sobre beneficiários da Open Society na Europa, incluindo Rui Tavares (Livre) e deputados do PS e BE.
5- Audições no Congresso e memorandos do Departamento de Segurança Interna sobre instrumentos legais e financeiros para combater financiamento a movimentos de violência política (2025).

Uma perspectiva antecipada



o CHEGA. Ganhador porque aumentará a sua votação face a 2021. Porque poderá conquistar câmaras — Sintra seria uma bomba política. E, acima de tudo, porque o mau desempenho da AD reforçará a tese de Ventura: a direita só governa com ele.
Mas há riscos. Se os resultados forem fracos comparados com as legislativas, o líder do Chega — que estará de corpo e cartaz colado a todos os candidatos — pagará a fatura nas presidenciais que se avizinham.

A Iniciativa Liberal tenta passar entre os pingos da chuva, amparada em coligações com a AD. Mas isso não prova nada. O verdadeiro teste é onde concorre sozinha — e aí tudo indica que está em estado terminal.

O Bloco, se não conseguir um resultado expressivo em Lisboa, entra em coma político. Já a CDU, por não ter embarcado na união antifascista de circunstância, pode sair reforçada: manteve coerência, identidade e foco local. Merece os votos que conquistar.

O Livre parece ter desaprendido a lição: cresceu à custa do declínio do Bloco, mas agora dá-lhe a mão em várias autarquias. Erro crasso. Se o BE recuperar às custas dessa aliança, o Livre assina o seu próprio fim. E será um fim patético.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Da Informação à Manipulação – Em 13 de Julho a Crítica de Miguel Mattos Chaves ao Estado da Imprensa em Portugal

A análise de Miguel Mattos Chaves é contundente: os principais órgãos de comunicação social em Portugal deixaram de cumprir a sua função de informar para se tornarem extensões ideológicas dos partidos da social-democracia e da esquerda socialista. Segundo o autor, em vez de cumprirem o papel de relatar os factos com isenção e dar espaço às várias correntes de opinião, passaram a ser empresas de comunicação com agendas políticas bem definidas e alinhadas.

Chaves afirma que, ao contrário do que acontece em democracias maduras como o Reino Unido, os Estados Unidos ou a França — onde os jornais assumem abertamente o seu posicionamento político —, em Portugal, os media fingem ser neutros e independentes, mas manipulam activamente a opinião pública. Este "teatro da isenção", diz ele, transforma os meios de comunicação em instrumentos de formatação ideológica.

Para Mattos Chaves, não estamos perante uma verdadeira democracia enquanto o pluralismo de ideias for excluído do espaço mediático. Em vez de informar, os media manipulam, ridicularizando ou silenciando as vozes da direita. Esta realidade distorcida, alerta o autor, deve ser corrigida pelos cidadãos — não com indignações vagas, mas com um gesto claro nas urnas: o voto.

Miguel Mattos Chaves denuncia que Portugal vive hoje num simulacro de democracia mediática. A alternativa está nas mãos do povo: continuar a embarcar na manipulação ou votar por uma mudança real.