Segundo os manuais, notícia é quando um homem morde um cão – mas a
imagem de raridade, surpresa, facto extraordinário é aplicável quando um
governo que está a aplicar o Memorando da troika – e que aprovou o “enorme
aumento de impostos” e reduziu os apoios sociais – vê os partidos que o compõem
subir nas sondagens.
ionline
Isto é, este estudo de opinião é um “atentado” contra
muito, quase tudo, o que a “opinião publicada” nos transmite.
Admirados?
Certamente os que não estarão admirados serão aqueles
que passaram pelas primeiras eleições livres, as de 1975 e 1976, e que, após as
intensas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, resultaram em total volte-face àquilo
que a “comunicação social” da altura fazia prever.
Estes resultados do barómetro da Pitagórica, publicados
no “i”, são perfeitamente indiferentes por, como os de todas as sondagens,
serem apenas indicativos e valerem como tal.
O interessante do trabalho é o que é revelado pelo tipo
de entrevistados:
- O eleitor-tipo do PS é mulher,
tem idade superior a 55 anos, pertence às classes sociais mais baixas – C2 e D
– e vive em Lisboa e que manifestaram maioritariamente o seu empenho em ver o
PS no poder.
- Entre os inquiridos que anunciam
ir votar PSD predominam os homens, os pertencentes às classes sociais mais
altas e ao escalão etário entre os 35 e os 54 anos, e os residentes no Norte do
país.
- O eleitor do CDS é mais jovem –
são os inquiridos entre os 18 e os 34 anos e pertencentes às classes sociais
mais altas que predominantemente afirmam a sua preferência pelo CDS. Há um
maior peso da região Norte entre os inquiridos que afirmam votar CDS.
- A maioria dos indecisos tem 55
anos ou mais, pertence à classe social mais baixa e mora no Algarve ou nas
ilhas.
Se os resultados do estudo merecem apenas a categoria de
indicativos o mesmo não se passará com a classificação-tipo dos entrevistados.
Será bom que os politicos que temos os estudem...a Democracia agradece.