segunda-feira, 19 de maio de 2025

Para mais tarde recordar: 18 de Maio será o tempo de colher?

1 Montenegro beneficia de uma condição estrutural da democracia portuguesa: a complacência do eleitor médio perante a falta de ética. Exemplos não faltam. Começando em José Sócrates, que, em 2011, já depois de muita informação ser pública, logrou obter mais de 1.5 milhões de votos, passando por Isaltino Morais, que é reeleito no concelho com mais educação do país apesar de inclusive já ter cumprido tempo de prisão por práticas de corrupção, até ao caso mais recente de Miguel Albuquerque, que, no Funchal, na condição de arguido, e com suspeitas graves a pender sobre si, levou o PSD novamente ao poder. Estes três exemplos ilustram como o eleitor médio é pouco exigente em matéria de lisura ética.
2 Montenegro beneficia de uma condição que podemos considerar conjuntural e que, em grande parte, é mérito do líder do PSD. Quando chegou ao poder, Montenegro percebeu não só que tinha uma maioria periclitante, que o obrigaria a estar preparado para eleições em qualquer momento, como decidiu também seguir a estratégia de governação do Partido Socialista que tantas alegrias trouxe ao Largo do Rato. Esta receita é simples. Por um lado, não se deve fazer rigorosamente qualquer reforma, sob pena de criar ganhadores e perdedores e, naturalmente, suscitar a ira eleitoral dos últimos e ser penalizado nas urnas. Promover o viver habitualmente, como ensinou o velho sábio de Santa Comba, é o melhor caminho. Por outro lado, é necessário distribuir prebendas aos grupos sociais que potencialmente possam ser eleitores fiéis. Montenegro distribuiu abundantemente ao longo dos últimos dez meses.

Como diz o Livros do Eclesiastes, há um tempo para plantar e outro para colher. 18 de Maio será o tempo de colher?