terça-feira, 27 de maio de 2025

O pior cego!

O negacionismo político em Portugal continua, e é notável como jornalistas e comentadores persistem em ignorar que o cenário mudou profundamente após as eleições legislativas de 18 de Maio. O país político já não é o mesmo, mas há ainda quem continue agarrado à ilusão de que é possível excluir ou isolar um partido que foi democraticamente validado pelas urnas. A tentativa obstinada de marginalizar o CHEGA revela uma incapacidade preocupante em compreender e aceitar a nova realidade política.

O CHEGA, legitimado pelos votos, terá inevitavelmente direito a lugares institucionais importantes. Entre estes cargos estão a primeira vice-presidência da Assembleia da República e a liderança de Comissões Parlamentares fundamentais, como a Comissão das Finanças e do Orçamento. Além disso, será incontornável a presença deste partido em diversos órgãos essenciais ao funcionamento e supervisão democrática do Estado português. Refiro-me especificamente aos Conselhos Superiores de Segurança Interna, de Defesa Nacional, da Magistratura Judicial e do Ministério Público, bem como à fiscalização dos serviços secretos (SIS e SIRD).

Negar estas realidades não é apenas uma manifestação de incompreensão política, mas também um acto antidemocrático. Gostar ou não das opções políticas do CHEGA é uma questão pessoal e legítima; porém, negar-lhe o espaço institucional correspondente à sua representação democrática é negar o próprio princípio democrático. Os media e a classe política precisam rapidamente de ultrapassar o choque inicial e encarar o novo quadro político com seriedade e responsabilidade, deixando para trás um negacionismo que só alimenta tensões inúteis e fragiliza ainda mais a confiança nas instituições democráticas.