quinta-feira, 1 de maio de 2008

01 Maio 2008 - 11h00
Aumento rende mil milhões em quatro meses
Os aumentos dos preços dos combustíveis verificados nos primeiros meses deste ano, 15 cêntimos no litro do gasóleo e 10 cêntimos no da gasolina, renderam 775 milhões de euros para as empresas petrolíferas e mais 205 milhões de euros para os cofres do Estado.
Atendendo a que em Portugal, segundo dados da Direcção-Geral de Energia (DGE), se gastam mensalmente cinco milhões de toneladas de gasóleo e um milhão e 800 mil toneladas de gasolina e repartindo 4 cêntimos de aumento por
mês no gasóleo e 2,5 cêntimos por mês na gasolina, o lucro líquido foi de perto de mil milhões de euros, sendo que o Estado arrecada 21 por cento, verba correspondente ao IVA.
De resto, como o preço do barril de petróleo se mantém na casa dos 70 euros desde meados de 2006, já que a valorização do euro face ao dólar tem sido superior à subida do preço do ouro negro, estes contínuos aumentos do preço dos combustíveis em Portugal têm resultado em principal benefício do Estado e das empresas petrolíferas.
'Isto é um roubo, uma saga gananciosa ao bolso dos portugueses, que está a ser levada a cabo pelas petrolíferas, com a bênção do Governo', disse ao Correio da Manhã António Saleiro, o presidente da Associação dos Revendedores da Petrogal (ARCPN), sublinhando que 'quem ganha com este roubo escandaloso têm sido as petrolíferas'.
Mas este dirigente, que também é revendedor, diz que 'a culpa não é das empresas, que fazem pela vida e olham pelos interesses dos accionistas, mas do Governo, que devia regular o sector, impedir a especulação reinante e se demite dessa responsabilidade'.
Face às subidas sucessivas de preço, numa conjuntura de valorização do euro face ao dólar, o Ministério da Economia anunciou ontem que pediu à Autoridade da Concorrência para que analise, com urgência, a formação do preço de combustíveis em Portugal, de forma a garantir que este reflicta os custos de produção.
'Tendo em conta que em apenas quatro meses, ocorreram já catorze subidas nos combustíveis, o Ministério da Economia não pode deixar de estar alerta para as consequências destes aumentos na esfera dos consumidores portugueses', acrescenta a nota enviada pelo gabinete do ministro Manuel Pinho.
A instituição liderada por Manuel Sebastião respondeu, afirmando que vai 'corresponder, com urgência' à solicitação de Manuel Pinho.



01 Maio 2008 - 00h30
Constâncio contraria Governo
O governador do Banco de Portugal (BdP) afirmou ontem que o crescimento da economia portuguesa "não será muito distante de 1,7%", o que corresponde à previsão apresentado há dias pelo relatório da Comissão Europeia e que José Sócrates desvalorizou.
Na audição que decorreu ontem na Comissão de Orçamento e Finanças, na Assembleia da República, Vítor Constâncio sustentou que, para este ano, a previsão do BdP "não será muito distante dos 1,7% que a Comissão Europeia acabou de publicar". O governador não quis avançar já com uma previsão concreta, por considerar que "o processo está em curso", mas adiantou que será uma revisão em baixa entre os 1,3%, valor apontado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e os 2 % previstos pelo BdP no boletim divulgado em Janeiro.