Não vale a pena “criar” argumentos quando outros os pensaram e escreveram melhor do que eu seria capaz:
TRISTE FIGURA
Ontem à noite, ao assistir ao programa 'Prós & Contras' da RTP, envergonhei-me de ser jornalista. Foi a primeira vez numa carreira com 33 anos. Envergonhei-me porque nunca pensei que jornalistas apontados como de referência (?) fossem capazes de mostrar à sociedade quanto baixo nível existe por certas mentalidades que dirigem órgãos de comunicação social. A baixeza de comportamento, a falta de ética e deontologia, o compadrio, a dependência dos poderes políticos, o altruísmo balofo, a falsa modéstia, o desprezo pela verdade, a traição a camaradas, a aldrabice institucionalizada ficaram patentes perante um país inteiro através dos agentes que tinham a obrigação moral e profissional de provar que a sua escolha de vida balizava-se por parâmetros exactamente contrários aos que indiquei.A discussão entre jornalistas foi um espectáculo degradante, do pior que um povo jamais assistiu vindo de profissionais que a maioria pensava serem pessoas superiores em conhecimento, respeito, ética, humanismo e cultura. Pior ainda: quem assistiu ao programa pensava que estaria perante pessoas que, em princípio, até seriam os melhores a fazer notícias. E até o contrário ficou demonstrado. Nem a executar as notícias as "referências" souberam mostrar serem profissionais de elite porque, inacreditavelmente, até se ouviu dizer que não há mal nenhum em violar-se a correspondência privada dos jornalistas. A vida tem destas coisas. Quando menos se espera temos vergonha de nós próprios por culpa daqueles que pensamos ter alguma identidade com o que aprendemos: realizar jornalismo para as pessoas e nunca para os poderes instituídos. Em Portugal, pelo que se viu, a agulha já mudou... tenho vergonha.
PS - Assim que se abordou o grave problema dos jornalistas mal pagos, ou pagos com recibos verdes e em compromisso precário, os intervenientes fugiram do tema como o rabo da seringa. in Jornal do Pau Terça-feira, Outubro 13, 2009
Espectáculo Fantátisco
O debate promovido, ontem, pela RTP, com quatro directores de jornais e o chefe da estação pública foi um dos raros momentos em que a opinião pública teve acesso a uma importante fracção dos bastidores do jornalismo. Os argumentos esgrimidos sobre as sondagens e as suspeitas de vigilância sobre Belém não mudaram a minha opinião, mas permitiram descortinar o enorme cinismo que esteve na origem de algumas decisões editoriais. E, ainda mais importante, e apesar da moderadora, foi possível separar algumas águas. Não todas, pois o silêncio de Joaquim Vieira, provedor do Público, foi incompreensível. in MAIS ACTUAL Terça-feira, Outubro 13, 2009
PAU-MANDADISMO JORNALÍSTICO
Ontem, no Prós&Prós, foi tremendo ver João Marcelino, Henrique Monteiro, Paulo Baldaia e José Manuel Fernandes, engalfinhados, dizerem muito menos que o que sabem, sendo que, nesse ponto, João Marcelino se supera e diz muitíssimo menos que aquilo que sabe. Vestido com péssimo gosto, a lembrar um playboy sul-americano, péssima gravata, péssimo fato, ninguém pode altercar com ele e demonstrar-lhe limpidamente que a sua célebre manchete em época eleitoral no DN foi um serviço encomendado pelas forças mais obscuras de Portugal, foi um serviço precipitado com um escopo deliberado: dar um golpe mediático sobre a matéria das escutas à Presidência descredibilizando o próprio Presidente. Fez o que as fontes queriam. O controlo completo dos media por parte de essas forças obscuras enegrece o País e fá-lo mais falso. Elas que não olham a meios. Elas que mentem aos portugueses. Elas que argentinizam os números da economia e mantiveram oculto durante a campanha aquilo que realmente importava: o estado lastimoso das contas públicas. Marcelino é Marcelino. O DN tem dono. in Palavrossavrvs Rex Terça-feira, Outubro 13, 2009
Apenas temos que juntar o bem que anda por aí disperso em facciosismo
Quem assistiu ao debate de ontem entre os directores do Expresso, do Público, do DN e da TSF, apenas tem que louvar a corajosa conclusão do Provedor da RTP, o Professor Paquete de Oliveira. Entre os quatro, acabou a falsa hierarquia de um deles ser o mais referencial de todos e todos serão obrigados a levar a história até ao fim. O presidente Cavaco continuou a desprestigiar-se. O governo e o PS, até agora, conseguiram escapar aos pingos da chuva.
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Isto precisa de uma coisa evidente: de coragem de homens livres que acabem com este maniqueísmo absurdo. O tal que não reconhece que o lado bom tem enormes pedaços de mal e o lado mau, pedações de bem. Apenas temos que juntar o que anda disperso.post completo aqui no Sobre o tempo que passa