O PCP introduziu hoje uma novidade na leitura dos resultados das eleições autárquicas. Em conferência de imprensa, e após uma reunião do Comité Central (CC), na sede da Soeiro Pereira Gomes, em Lisboa, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, utilizou a palavra “insatisfação” para designar a votação nacional na CDU, apontando logo de seguida a proximidade das legislativas como um dos motivos para a obtenção dos resultados da coligação (9, 75 por cento para as câmaras e 10, 72 por cento para as assembleias municipais). PUBLICO.PT
Para aqueles que conhecem o Partido Comunista Português desde que deixou de ser uma estrutura clandestina e passou a aceitar a filosofia das Democracias ocidentais, e sabemos quanto isso lhe foi difícil, é-lhes estranha esta primeira vez em que reconhece uma derrota eleitoral. Reconhecer uma derrota para o PCP é contra-natura.
Pouco a pouco fomos tendo sinais de que algo estava mal no Partido. Foram primeiro os dissidentes (alguns passaram-se para o PS e seus governos), seguiram-se individualmente os “notáveis” (Saramago, Carmo, Silva, etc.) e, pelo menos nos casos das Câmara de Lisboa e Beja, apareceram agora a dissidir os anónimos votantes.
A antiga estrutura celular que vinha da clandestinidade está falida e é obvia a falta de capacidade do actual Secretário-Geral para manter coesa uma organização que foi perdendo, ou já terão caído em desuso, os seus “controleiros”.
Como as purgas “á soviética” também já estarão fora de moda, o Secretário-Geral terá que encontrar soluções para acabar com “as fugas” ou, a curto prazo, a nossa jovem democracia irá perder o seu partido mais antigo.
Pessoalmente demorei muitos anos mas, após estas autárquicas, acabei por perceber Melo Antunes...