Jorge Lacão “revela” que «no quadro de maioria relativa as responsabilidades políticas são partilhadas» e que espera na próxima legislatura haja «disponibilidade para um trabalho intenso entre Governo e grupos parlamentares representados na Assembleia República”.
E acrescenta:
«O Governo declara toda a disponibilidade para participar activamente nesse trabalho e se apresentará com a intensidade própria de um partido que ganhou as eleições com base num programa eleitoral que é hoje inteiramente conhecido dos portugueses».
«Vamos ouvir os pontos de vista dos vários grupos parlamentares, mas volto a sublinha o Governo terá uma preocupação que o país ande em lógica de zigue-zague seja em que tema for». TSF
As intenções de Lacão parecem boas… não sei é se são daquelas que enchem o inferno.
Temo que sejam tão publicidade quanto o facto de estarem a insistir que um governo minoritário é chamado, pela primeira vez na péssima democracia que vamos tendo, “de maioria relativa”.
O caminho que se segue é conhecido por qualquer mau marqueteiro. Em breve desaparece o “relativa” e ficará, para publicidade, apenas “maioria” e, porque publicitariamente virgem, o povão irá acreditar.
Qualquer bom analista sabe que apenas dois partidos, os “das pontas”, foram votados por novos e não engajados eleitores e que para os três do meio os votos foram apenas os dos “apóstolos e fieis” do costume, que, na sua grande maioria, nem fazem ideia dos programas que lhes foram apresentados.
Os dois partidos inovadores, com excelentes programas propostos, lidos e votados nas urnas, com ou sem ziguezagues, têm que cumprir o máximo da suas propostas sob pena de se desacreditarem. Quem foi castigado a governar terá que contar com isso.
Não me venham agora com a treta das maiorias relativas…porque realmente são minoria condenada a desfazer o mau trabalho que produziu.