Claro, Clara, admito que terás razão, não irei andar no TGV... estarei demasiado velho quando o acabarem!
Repara nestas pequenas "falhas de informação" que o marketing nos esconde:
- irão passar dois a três anos até ao anuncio do concurso internacional obrigatório;
- serão mais dois a três anos entre a apreciação das propostas e a adjudicação final;
Se o resultado do concurso for pacifico, isto é, aceite sem recursos administrativos ou jurídicos, teremos que somar:
- um a dois anos para obter o necessário crédito externo para a construção (aqui não posso esquecer os elevados spreds que iremos ter que suportar! Nesta altura estão próximos dos 30%!);
- depois, três a cinco anos para a construção do dito. Se as necessárias expropriações forem pacificas, isto é, aceite sem recursos administrativos ou jurídicos.
Fazendo contas:
- são no mínimo oito anos, isto é, lá para 2017... talvez me fosse possivel fazer a viagem!
Também não consigo esquecer que não temos a tecnologia, nem a mão-de-obra necessárias, por isso teremos que as adquirir e pagar ao estrangeiro!
Impossivel é olvidar o que nos vai acontecer em termos económicos (isto é, o nosso endividamento, para o qual, calculo que precisaremos de 50 a 55 anos para o saldar!)
A pergunta que me fica é: Como é possível, gente inteligente, acreditar que vamos criar emprego e empresas?
Onde é que produzimos o aço ou o ferro temperado para as linhas que apenas servirão para o TGV? (alguém nos esclareceu que as linhas do TGV não servem para mais nenhum outro "comboio"...)
Em que fábricas produzimos os equipamentos necessários como, pex.: Aplainadoras, Caminhões Articulados, Caminhões Fora-de-Estrada, Carregadoras de Esteira Compacta Todo Terreno, Carregadoras de Esteiras, Compactadores, Equipamento de Pavimentação, Escavadeiras Hidráulicas, Escavadeiras de Rodas, Manipuladores Telescópicos de Materiais, Manipuladores de Materiais, Máquinas Florestais, Pás-Carregadoras de Rodas, Recuperadoras de Rodovias, Tractores de Esteiras, Tractores de Rodas, etc.
Sim, iremos adquiri-los no estrangeiro e aumentar o nosso endividamento!
Não seria mais fácil pedir ás nossas 308 autarquias municipais para, cada uma, indicar um ou dois projectos que incorporassem, no mínimo, 50 a 75% de produtos e mão-de obra nacionais?
Claro, Clara S, os “boys” seriam outros e, findo o mandato, não haveria lugares de administração para distribuir... nas estrangeiras empresas!
Não sou contra o TGV! Sou contra a oportunidade da sua comunicação e, muito, contra o facto de não se explicar os prós e os contra da sua implementação.
Algures, no passado, ensinaram-me que “quem é pobre, não pode ter vícios!”. Ao ditado acrescento: Não quero que os meus bisnetos paguem os vícios que agora tenho...