25 de Outubro 1858 - O governo português do duque de Loule entrega o barco negreiro "Charles et George", na sequência de um ultimato francês.
"CHARLES ET GEORGES":
Nome dum navio francês que em 1857-58 criou um incidente diplomático grave com larga repercussão no país.
Suspeito de se dedicar ao tráfico de escravos, que pretendia transportar de Moçambique para a ilha da Reunião, foi apresado pelos portugueses e o seu capitão, Étienne Mathurin Rouxel, condenado, após julgamento.
Como a sentença fosse recorrida, o navio veio para Lisboa, aguardando a decisão do pleito, enquanto entre os dois governos interessados se discutia a legitimidade da acção portuguesa.
A França, baseada em razões pouco seguras, impugnava o fundamento das nossas diligências, pretendendo que a situação regular do navio perante a lei francesa o ilibava de toda a responsabilidade.
O episódio transformou-se rapidamente numa questão de prestígio e o governo francês acabou por ameaçar com a força para nos obrigar à libertação pura e simples do navio e do seu comandante e ainda ao pagamento duma indemnização aos interessados.
O governo francês, lavrou o seu protesto junto do governo português, exigindo a libertação de Rouxel, a entrega do navio e o pagamento das necessárias indemnizações (notas diplomáticas de 11 de Maio, 15 e 20 de Agosto e 14 de Setembro, de 1858). Vendo que nada conseguia e recusando a arbitragem internacional que Portugal lhe propunha, apresentou em 13 de Outubro um autêntico ultimato a Lisboa no sentido de serem imediatamente compridas as suas exigências, sob pena de corte de relações diplomáticas com o possível recurso à violência, já que dois navios de guerra franceses tinham entrado no Tejo e aí se conservaram. Ante este facto, o governo do marquês de Loulé, aconselhado aliás pela Inglaterra - que não queria questões com uma potência então amiga e ainda havia pouco aliada na guerra da Cimeira - cedeu (28 de Outubro), libertando Rouxel e a barca. Teve ainda de pagar à França, a título de indemnizações aos interessados, a soma de 239 045 francos, fixada pelo representante diplomático em Lisboa do governo imperial. (Fonte: Nova História de Portugal da Editorial Presença e wilkipedia"
Um lamentável episódio, integrado no movimento antiescravista que revela a arrogância característica do 2.º império francês, continuada na forma como os portugueses da diaspora de 60 foram tratados...
Revela também a eterna submissão a potencias estrangeiras...quer ás velhas (inglaterra, frança e outras), quer ás novas (veja-se o caso angolano)!
Triste, não é?!