Baralhar para voltar a dar...
...é o que José Sócrates tem feito no último ano a propósito do lançamento de novas creches.
Segunda-Feira, 6 de Outubro, José Sócrates decidiu dar mais uma alegria ao País. O cenário era perfeito: um jardim -de- infância na Trofa, onde se tinha deslocado para mais uma inauguração de rotina: a da creche da Misericórdia local. Perante uma plateia constituída maioritariamente por crianças, o primeiro-ministro anunciou a construção de mais 147 creches nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES).
Total: 147.
Novidade? Bom, nem tanto.
Há um ano que José Sócrates anunciara a mesma coisa - ou quase - de forma diferente.
Aquela Segunda-Feira foi só mais um episódio de uma novela que ameaça não ficar por aqui.
Tudo começou em Novembro de 2007, quando, na Assembleia da República (AR), anunciou a construção de 136 novas creches e mais 200 em 2008.
Total: 336.
Pouco mais de três meses depois, José Sócrates fez novo anúncio, também na AR: já havia 343 creches cuja construção estava contratualizada (mais sete do que anunciara em Novembro)... e ia construir mais 75 nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
Total: 418 (mais 17 do que prevê o próprio PARES).
Passo seguinte: no passado dia 2 de Outubro, na inauguração de uma creche em Castanheira do Ribatejo, Sócrates anunciou que até 2010 serão construídas 400 creches (esquecendo as restantes 18 cuja construção já foi aparentemente anunciada? )
O gabinete do primeiro-ministro garante à SÁBADO que não se encontram em parte incerta - em alguns dos anúncios feitos não se falou foi em novas creches, foram feitos balanços do PARES.
Aliás, algumas delas até já estavam contabilizadas nas fases anteriores.
isto é:
O primeiro-ministro terá anunciado algumas vezes a mesma iniciativa, mas de maneira diferente.
Tão diferente, tão diferente, que deu origem a uma confusão de números de tal forma grande que o deputado do CDS Pedro Mata Soares já os veio colocar em causa.
Manuela Santos, assessora de imprensa do Ministério do Trabalho e da Solidariedade de Social, nega que a confusão seja resultado do desejo governamental de conseguir criar um efeito de permanente novidade nos telejornais - os jornalistas é que às vezes noticiam novidades quando na realidade o que está em causa são balanços. SARA CAPELO Revista Sábado, 201008
Percebe-se porque é que as tv’s repetem os anúncios no mesmo intervalo:
As agencias de publicidade tanto vendem Tampax como Simplex!