segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A ARTE DE ANUNCIAR O MESMO... VÁRIAS VEZES

Baralhar para voltar a dar... ...é o que José Sócrates tem feito no último ano a propósito do lançamento de novas creches. Segunda-Feira, 6 de Outubro, José Sócrates decidiu dar mais uma alegria ao País. O cenário era perfei­to: um jardim -de- infância na Trofa, onde se tinha deslocado para mais uma inaugura­ção de rotina: a da creche da Misericórdia local. Perante uma plateia constituída maio­ritariamente por crianças, o primeiro-mi­nistro anunciou a construção de mais 147 creches nas áreas metropolitanas de Lis­boa e do Porto, no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos So­ciais (PARES). Total: 147. Novidade? Bom, nem tanto. Há um ano que José Sócrates anunciara a mesma coisa - ou quase - de forma dife­rente. Aquela Segunda-Feira foi só mais um episódio de uma novela que ameaça não fi­car por aqui. Tudo começou em Novembro de 2007, quando, na Assembleia da Repú­blica (AR), anunciou a construção de 136 novas creches e mais 200 em 2008. Total: 336. Pouco mais de três meses depois, José Sócrates fez novo anúncio, também na AR: já havia 343 creches cuja construção estava contratualizada (mais sete do que anunciara em No­vembro)... e ia construir mais 75 nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Total: 418 (mais 17 do que prevê o próprio PARES). Passo seguinte: no passado dia 2 de Ou­tubro, na inauguração de uma creche em Castanheira do Ribatejo, Sócrates anun­ciou que até 2010 serão construídas 400 creches (esquecendo as restantes 18 cuja construção já foi aparentemente anunciada? )
O gabi­nete do primeiro-ministro garante à SÁ­BADO que não se encontram em parte in­certa - em alguns dos anúncios feitos não se falou foi em novas cre­ches, foram feitos balan­ços do PARES. Aliás, algu­mas delas até já estavam contabilizadas nas fases anteriores. isto é: O primeiro-ministro terá anunciado algumas vezes a mesma iniciativa, mas de maneira diferente.
Tão diferente, tão diferente, que deu origem a uma confusão de números de tal for­ma grande que o deputado do CDS Pedro Mata Soares já os veio colocar em causa. Manuela Santos, assessora de imprensa do Ministério do Trabalho e da Solidariedade de Social, nega que a confusão seja resulta­do do desejo governamental de conseguir criar um efeito de permanente novidade nos telejornais - os jornalistas é que às ve­zes noticiam novidades quando na realida­de o que está em causa são balanços. SARA CAPELO Revista Sábado, 201008 Percebe-se porque é que as tv’s repetem os anúncios no mesmo intervalo:
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