Na madrugada de 1 de Setembro de 1939, as tropas da Alemanha nacional-socialista atravessaram a fronteira polaca. Com esse gesto começou a Segunda Guerra Mundial, conflito que devastaria a Europa e mudaria para sempre o destino do mundo. Às 4h45 da manhã, o couraçado Schleswig-Holstein abriu fogo contra a guarnição polaca de Westerplatte, dando o sinal para uma ofensiva em larga escala que, em poucas semanas, esmagaria o exército polaco e subjugaria o país.
A agressão não surgiu do nada. O regime de Hitler já dera
provas da sua apetência expansionista. Em 1938, o Acordo de Munique
parecia ter selado a “paz no nosso tempo” – palavras célebres de Neville
Chamberlain – ao permitir a anexação da região dos Sudetas, território checo
entregue ao Reich em troca da promessa de que a Alemanha não avançaria mais.
Essa promessa seria rapidamente rompida: em Março de 1939, a Checoslováquia
deixou de existir como Estado independente, confirmando que qualquer confiança
no compromisso hitleriano era ingénua.
Poucos meses depois, a surpresa veio do Leste. Em Agosto de 1939, foi assinado o Pacto Germano-Soviético (Molotov–Ribbentrop), um Tratado de não-agressão entre Berlim e Moscovo. Nos protocolos secretos, Hitler e Estaline repartiam entre si as esferas de influência na Europa de Leste. A Polónia ficava destinada à mutilação: a parte ocidental cairia sob domínio alemão, a oriental seria invadida pela União Soviética, o que sucedeu em 17 de Setembro. Este pacto – cínico, mas eficaz – deu a Hitler a segurança de que não teria de enfrentar, de imediato, uma guerra em duas frentes.
O ataque à Polónia pôs fim à ilusão de que a cedência diplomática poderia conter o expansionismo totalitário. Dois dias depois, em 3 de Setembro de 1939, Reino Unido e França declararam guerra à Alemanha, embora a sua reacção militar tenha sido tímida, limitada à chamada “guerra de faz de conta”. A tragédia estava em marcha: a Europa mergulhava num abismo de violência, genocídio e destruição.
O 1º de Setembro de 1939 recorda-nos que os projectos totalitários prosperam quando encontram conivência, medo ou ilusões ingénuas por parte das democracias. O erro de Munique e o cinismo do pacto germano-soviético abriram caminho para a maior catástrofe do século XX. A lição é clara: as democracias que cedem em nome da paz, e as ditaduras que se unem em nome do poder, conduzem inevitavelmente à guerra.