quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O PS português e o caminho francês: coligações à beira do abismo

As coligações autárquicas que o Partido Socialista português já começou a fechar (13 até ao momento, segundo o Diário de Notícias) são mais do que meras alianças tácticas — são um retrato da decadência de um partido outrora hegemónico que já não consegue andar sozinho. À semelhança do seu congénere francês, o Partido Socialista caminha para o abismo, tentando desesperadamente manter alguma influência através de parcerias com siglas menores como o Livre e o PAN.
Estes aliados preferenciais não são escolha ingénua, mas reflexo de um desespero político: o PS precisa do verniz urbano-progressista que o Livre e o PAN fornecem, mesmo à custa de coerência programática ou ligação às preocupações reais do povo português. Trata-se de uma esquerda cosmética, mais preocupada com linguagem inclusiva e activismo de sofá do que com o preço dos alimentos, o caos na saúde ou a insegurança nas ruas.

Entretanto, mantém a CDU à margem e rejeita o Bloco de Esquerda em diversos concelhos, considerando-o "radical". Como se o Livre ou o PAN não o fossem. Esta distinção selectiva revela mais sobre a estratégia de sobrevivência do PS do que sobre a realidade política dos parceiros: prefere coligações inócuas do ponto de vista eleitoral mas que lhe permitem manter alguma respeitabilidade no comentário mediático. 

O paralelismo com o Partido Socialista Francês impõe-se. Também em França, o PS tentou coligações para sobreviver — com os verdes, com a extrema-esquerda, com tudo o que se mexesse no campo "progressista" — acabando por perder a identidade, a confiança do eleitorado e a relevância nacional. Hoje, o PSF é uma sombra do que foi. Em Portugal, o risco é idêntico: um PS sem base social sólida, dependente de coligações artificiais, e cada vez mais longe da realidade concreta dos cidadãos comuns.
Estas coligações não são pontes para o futuro: são bóias de salvação mal amarradas a um navio que se afunda. E, tal como em França, o eleitorado acabará por procurar alternativas mais autênticas, mais firmes, mais coerentes. 
O tempo do tacticismo autárquico está a acabar.