domingo, 3 de agosto de 2025

o poder das narrativas sobre os factos

A verdade parece importar cada vez menos. Vivemos no império da emoção, onde a imagem “certa” (mesmo que forjada, mesmo que falsa) vale mais do que mil relatórios. A manipulação mediática em torno da causa palestiniana tornou-se um dos maiores exercícios contemporâneos de engenharia emocional.
A guerra da informação é uma guerra cultural — e o Ocidente, vencido pelo seu próprio sentimentalismo, já se rendeu sem sequer ter combatido.
A guerra das imagens e o triunfo da manipulação mediática
O genocídio pela fome em Gaza é apenas o mais recente episódio de uma longa série de manipulações mediáticas com epicentro no conflito israelo-palestiniano. Mais do que nos campos de batalha, o terrorismo islâmico venceu a guerra no Ocidente, impondo-se não pelo que realmente acontece, mas pelo que se pode dizer. A censura emocional substituiu a análise factual. O mundo ocidental não combate, comove-se. Dêem-lhe um mártir com boa fotogenia e o espectáculo começa. Das universidades às redacções, dos concertos aos plenários parlamentares, o “activismo” pró-Palestina tornou-se um transe de virtude. Mas a verdade factual, como sempre, é a primeira vítima da propaganda. 
Vejamos três exemplos:
1. O bebé Mohammed Zakaria al-Mutawaq (2025)
Imagem emblemática da “fome genocida” atribuída ao cerco de Israel a Gaza, o corpo do pequeno Mohammed foi difundido por toda a imprensa internacional como símbolo da crueldade israelita. No entanto, os relatórios médicos demonstraram que a criança sofria de uma doença genética grave, cuja aparência foi agravada pela situação caótica, mas não foi consequência directa da fome. Ainda assim, as imagens foram aproveitadas para impor uma narrativa de martírio e genocídio.
Manipulação: ocultação das causas clínicas reais e instrumentalização de uma tragédia individual para alimentar uma culpa colectiva — centrada, claro, em Benjamin Netanyahu, como se ele fosse o alfa e o ómega da História.
2. A tragédia de Huda Ghalia (2006)
A imagem da menina palestiniana a gritar na praia por entre os corpos da família tornou-se um ícone mundial. A versão mediática inicial atribuía inequivocamente a culpa a uma bomba israelita. Só mais tarde — quando a comoção já dominava as manchetes — surgiram relatórios que levantavam sérias dúvidas sobre essa versão. Huda não morreu (como muitos disseram), nem foi provado que os projécteis que mataram os seus familiares tivessem origem em Israel.
Manipulação: criação apressada de uma mártir e de uma narrativa moralizante — num momento em que o governo israelita era liderado por um centrista (Ehud Olmert) em coligação com os Trabalhistas.
3. Muhammad al-Durrah (2000)
O vídeo do rapaz de 12 anos, encolhido nos braços do pai, atingido por balas enquanto gritava por socorro, percorreu o mundo e foi usado como justificação moral para a Segunda Intifada. No entanto, investigações posteriores mostraram que as balas que mataram Muhammad não foram disparadas por soldados israelitas, mas provavelmente por milicianos palestinianos.
Manipulação: falsificação de autoria para legitimar a violência e reforçar a narrativa de um povo indefeso massacrados por um “inimigo opressor”. Na altura, o primeiro-ministro de Israel era o socialista Ehud Barak.