Há um levantamento de base contra a condescendência moralista da elite.
. Rejeitar a narrativa de “guerra racial” e interpreta os protestos junto de hotéis para requerentes de asilo no Reino Unido como um conflito de classes: de um lado, contra-manifestações de uma esquerda de classe média, “plumy”, com kefiyyes e bandeiras da Palestina; do outro, gente comum — muitas “mães” — com a bandeira inglesa, a exigir soberania e controlo de fronteiras.
- Definir isto como um choque entre “crenças de luxo” (luxury beliefs) das elites — em particular a “neo-religião” das fronteiras abertas — e o senso comum popular que volta a afirmar que “as fronteiras importam” e “as comunidades importam”.
- Colocar estas tensões no mesmo continuum de outras “crenças de luxo” em recuo: refere a decisão do Supremo sobre sexo biológico e a alcunha “TERF Island” para o Reino Unido, como sinais de reacção à ideologia de género promovida por elites políticas e mediáticas.
- Apontar como ao regresso do tema dos “grooming gangs” ao debate político como prova de que a imposição do tabu “islamofobia” cedeu perante a indignação de comunidades trabalhadoras.
· a política migratória “de salvação económica” e a retórica “inclusiva” funcionam, na prática, como projectos de classe, pagos pelos mesmos de sempre — bairros periféricos, escolas pressionadas, saúde e habitação em rutura — enquanto os custos sociais são desvalorizados pelos que vivem longe deles.
· A categoria de “crenças de luxo” aplica-se com precisão a parte da elite portuguesa: editorialistas, comentadores e certos aparelhos partidários que apostam no prestígio moral de fronteiras porosas enquanto transferem riscos para quem não tem como se proteger.
· Em Portugal, depois do chumbo parcial das alterações à Lei dos Estrangeiros e do teatro institucional que se seguiu, a lição britânica é simples e útil para o nosso debate: “Fronteiras importam. Soberania importa. Comunidades importam.” A prioridade é restaurar capacidade de selecção e controlo, cortar incentivos à imigração desordenada e não integrável, e proteger serviços públicos — sem insultar quem o exige.
· O Reino Unido serve de espelho: quando comunidades locais vêem hotéis ocupados por centenas de homens não triados e recebem sermões de uma elite que os rotula de “racistas”, temos o mesmo padrão de estigmatização do eleitorado popular que cá observamos: quem exige lei, ordem e fronteiras é carimbado de “extrema-direita”. O rótulo substitui a argumentação — e esse truque está a perder eficácia.
Politicamente, o campo que melhor ler esta reconfiguração cultural — o refluxo das crenças de luxo e a afirmação popular do interesse nacional — ganhará terreno. O erro seria tentar criminalizar o dissenso em vez de o representar.
Brendan O’Neill, em “Migrant
protests and the twilight of luxury beliefs” aponta a uma correcção de rumo impulsionada de baixo para cima. Para nós, isto valida a defesa de ordem, soberania e interesse nacional contra moralismos importados que pedem cheques em branco às comunidades.
(Fontes: artigo de Brendan O’Neill no The Spectator — edição UK e reedição australiana, 27.08.2025.) (The Spectator, The Spectator Australia)