Por vezes parece que o acaso se encarrega de fazer justiça poética.
Isso vê-se nas dificuldades recentes do senhor presidente da Câmara de Lisboa, Dr. António Costa, com a Lei das Finanças Locais do anterior ministro da Administração Interna, Dr. António Costa.
Muitos problemas sociais nascem da distância entre quem manda e quem obedece. O que parece fácil ao que decide é muito difícil para quem sofre a decisão.
Por exemplo, soube-se há pouco que a «Sede da ASAE [no Porto] não cumpre regras impostas pela ASAE» (JN, 17 de Fevereiro).
É fundamental para todos conhecer o lado que ignoramos da nossa actividade.
Todos os médicos e, sobretudo, enfermeiros deviam partir uma perna ou um braço antes de obterem licença para exercer. Igualmente era excelente se todos os polícias e juízes passassem, como parte da formação, uns meses na cadeia e os motoristas de autocarro deviam ser forçados a andar de transportes públicos. Se patrões e trabalhadores trocassem de lugar uns meses veriam o que custa o outro lado, que tanto criticam.
Os professores, felizmente, só o podem ser depois de terem sido alunos. Mas como, em geral, os docentes foram estudiosos, desconhecem o que sofre um cábula.
O Dr. António Costa obteve agora uma das lições mais úteis da vida de um governante. Na secretária do ministro e nas bancadas do parlamento as leis parecem muito diferentes do que quando sentidas na pele pelos cidadãos. Talvez não chegue para aprender, mas ao menos um ministro da tutela viu de perto o que um autarca sofre. É justo! João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Destak 28 02 2008 08.45H