Centenas ou talvez milhares de analfabetos funcionais, de preto vestidos, formam bicha para a última oportunidade de conhecerem aquele que apenas conhecem dos títulos que a custo decifraram nas montras das livrarias onde nunca entraram.
E desde o Chico do Bloco á filha da Felgueiras, representantes da iliteracia nacional, vem a pergunta: O que é que acha da falta de comparência de Cavaco?
Cavaco, como eu, leu pouco do nobilizado e do que leu não gostou.
Cavaco, como eu, considerou atentatórias á sua cultura muito do que o Nobel escreveu.
Cavaco, decerto menos que eu, não esqueceu o Verão Quente do estalinista Diário de Noticias de 1975.
Os iliteratos não perceberam que Cavaco também me representa, a mim que nele não votei e, também, do Nobel pouco lí .
E eu não fui lá.
Nem vou!
O aproveitamento político que está a ser feito com o cremar do Nobel é uma boa forma de espantar as questões que são verdadeiramente nacionais e que vão, ou já foram, gota a gota, desaguar na perda da nossa independência nacional, agora que acabámos de perder a capacidade de decidir do nosso destino, ao sermos germanisticamente impedidos de criar o nosso próprio Orçamento de Estado, porque muitos dos funerantes não souberam criar os anteriores.