Se PSD e CDS não obtiverem no ciclo eleitoral deste ano bons resultados eleitorais, ficará aberto um espaço para a reorganização da direita. A opinião é partilhada por figuras como o Catedrático do ISCSP José Adelino Maltês e Maria José Nogueira Pinto. Que convergem também noutra ideia: a direita não parte em boa situação para as três eleições que se avizinham.Para José Adelino Maltês a direita está "actualmente dependente de duas personalizações de poder". "Há duas coutadas pessoais que condicionam os partidos: de Paulo Portas, que tem todo o partido com ele; e de Pedro Santana Lopes, que condiciona todo o partido". " O que temos aqui é um problema de feudalização", argumenta.
Maria José Nogueira Pinto, sublinha que é muito difícil convencer o eleitorado quando as lideranças dos partidos não estão consolidadas aos olhos da opinião pública. O que diz ser o caso do PSD e do seu antigo partido. Afirma que "tudo é mais complicado" no PSD, visto que é um partido de poder. "Manuela Ferreira Leite debate-se com muitos problemas internos e ainda não afinou o tom".
"Apesar de tudo, Manuela Ferreira Leite tem um capital de crédito que é muito importante e que está intacto. E isso não acontece no CDS". Vaticina ainda uma fraca performance eleitoral dos dois partidos em 2009 que, na sua opinião, levará a uma reorganização da direita.
Joaquim Aguiar insiste na ideia de que o maior problema com que a direita se confronta, especialmente o PSD, é o facto de o PS ter ocupado o espaço liberal-democrático. O que retira a possibilidade ao partido liderado por Manuela Ferreira Leite de se distinguir perante o eleitorado. Considera inexistente o espaço cristão-democrata, o do CDS de Portas, e diz que de um "partido de alianças" evoluiu para um "partido de serviços". O CDS, sublinha Joaquim Aguiar, "é um partido a recibo verde, será contratado por quem precisar dos seus serviços [PS ou PSD]". Este antigo assessor político de Cavaco Silva e Mário Soares, prevê, no entanto, que o "factor vital" para o PS se manter no poder em maioria absoluta se perca antes das legislativas de 2009: a falta de rendimento disponível para distribuir pelos portugueses. Os efeitos nefastos da crise económica, afirma, mudarão todo o cenário político nacional. Manuel Meirinho, Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, sublinha que "a direita tem o desafio em 2009 de estancar ou não a redução do seu espaço de intervenção", mas parte já com algumas dificuldades: o CDS tem a "questão estruturante do peso de Paulo Portas no partido, estar um pouco reduzido à pessoa"; o PSD "tem o problema de fundo enorme que é a questão da estabilização da liderança". Com uma agravante para os sociais-democratas: "Vem aí um ciclo eleitoral terrível para os partidos, mas sobretudo para os partidos de poder. Porque é a estes que afecta mais o efeito dos resultados". pescado no DN
opiniões interessantes que merecem afixagem para mais tarde recordar!