segunda-feira, 1 de setembro de 2025

1 de Setembro de 1939: o dia em que a Europa voltou a arder

Na madrugada de 1 de Setembro de 1939, as tropas da Alemanha nacional-socialista atravessaram a fronteira polaca. Com esse gesto começou a Segunda Guerra Mundial, conflito que devastaria a Europa e mudaria para sempre o destino do mundo. Às 4h45 da manhã, o couraçado Schleswig-Holstein abriu fogo contra a guarnição polaca de Westerplatte, dando o sinal para uma ofensiva em larga escala que, em poucas semanas, esmagaria o exército polaco e subjugaria o país.
A agressão não surgiu do nada. O regime de Hitler já dera provas da sua apetência expansionista. Em 1938, o Acordo de Munique parecia ter selado a “paz no nosso tempo” – palavras célebres de Neville Chamberlain – ao permitir a anexação da região dos Sudetas, território checo entregue ao Reich em troca da promessa de que a Alemanha não avançaria mais. Essa promessa seria rapidamente rompida: em Março de 1939, a Checoslováquia deixou de existir como Estado independente, confirmando que qualquer confiança no compromisso hitleriano era ingénua.
Poucos meses depois, a surpresa veio do Leste. Em Agosto de 1939, foi assinado o Pacto Germano-Soviético (Molotov–Ribbentrop), um Tratado de não-agressão entre Berlim e Moscovo. Nos protocolos secretos, Hitler e Estaline repartiam entre si as esferas de influência na Europa de Leste. A Polónia ficava destinada à mutilação: a parte ocidental cairia sob domínio alemão, a oriental seria invadida pela União Soviética, o que sucedeu em 17 de Setembro. Este pacto – cínico, mas eficaz – deu a Hitler a segurança de que não teria de enfrentar, de imediato, uma guerra em duas frentes.
O ataque à Polónia pôs fim à ilusão de que a cedência diplomática poderia conter o expansionismo totalitário. Dois dias depois, em 3 de Setembro de 1939, Reino Unido e França declararam guerra à Alemanha, embora a sua reacção militar tenha sido tímida, limitada à chamada “guerra de faz de conta”. A tragédia estava em marcha: a Europa mergulhava num abismo de violência, genocídio e destruição.
O 1º de Setembro de 1939 recorda-nos que os projectos totalitários prosperam quando encontram conivência, medo ou ilusões ingénuas por parte das democracias. O erro de Munique e o cinismo do pacto germano-soviético abriram caminho para a maior catástrofe do século XX. A lição é clara: as democracias que cedem em nome da paz, e as ditaduras que se unem em nome do poder, conduzem inevitavelmente à guerra.

domingo, 31 de agosto de 2025

propostas anti-fogos Florestais !

 

imigração desordenada e não integrável

Há um levantamento de base contra a condescendência moralista da elite.
. Rejeitar a narrativa de “guerra racial” e interpreta os protestos junto de hotéis para requerentes de asilo no Reino Unido como um conflito de classes: de um lado, contra-manifestações de uma esquerda de classe média, “plumy”, com kefiyyes e bandeiras da Palestina; do outro, gente comum — muitas “mães” — com a bandeira inglesa, a exigir soberania e controlo de fronteiras.
- Definir isto como um choque entre “crenças de luxo” (luxury beliefs) das elites — em particular a “neo-religião” das fronteiras abertas — e o senso comum popular que volta a afirmar que “as fronteiras importam” e “as comunidades importam”.
- Colocar estas tensões no mesmo continuum de outras “crenças de luxo” em recuo: refere a decisão do Supremo sobre sexo biológico e a alcunha “TERF Island” para o Reino Unido, como sinais de reacção à ideologia de género promovida por elites políticas e mediáticas.
- Apontar como ao regresso do tema dos “grooming gangs” ao debate político como prova de que a imposição do tabu “islamofobia” cedeu perante a indignação de comunidades trabalhadoras.
· a política migratória “de salvação económica” e a retórica “inclusiva” funcionam, na prática, como projectos de classe, pagos pelos mesmos de sempre — bairros periféricos, escolas pressionadas, saúde e habitação em rutura — enquanto os custos sociais são desvalorizados pelos que vivem longe deles.
· A categoria de “crenças de luxo” aplica-se com precisão a parte da elite portuguesa: editorialistas, comentadores e certos aparelhos partidários que apostam no prestígio moral de fronteiras porosas enquanto transferem riscos para quem não tem como se proteger.
· Em Portugal, depois do chumbo parcial das alterações à Lei dos Estrangeiros e do teatro institucional que se seguiu, a lição britânica é simples e útil para o nosso debate: “Fronteiras importam. Soberania importa. Comunidades importam.” A prioridade é restaurar capacidade de selecção e controlo, cortar incentivos à imigração desordenada e não integrável, e proteger serviços públicos — sem insultar quem o exige.
· O Reino Unido serve de espelho: quando comunidades locais vêem hotéis ocupados por centenas de homens não triados e recebem sermões de uma elite que os rotula de “racistas”, temos o mesmo padrão de estigmatização do eleitorado popular que cá observamos: quem exige lei, ordem e fronteiras é carimbado de “extrema-direita”. O rótulo substitui a argumentação — e esse truque está a perder eficácia.
Politicamente, o campo que melhor ler esta reconfiguração cultural — o refluxo das crenças de luxo e a afirmação popular do interesse nacional — ganhará terreno. O erro seria tentar criminalizar o dissenso em vez de o representar.

Brendan O’Neill, em “Migrant protests and the twilight of luxury beliefs” aponta a uma correcção de rumo impulsionada de baixo para cima. Para nós, isto valida a defesa de ordem, soberania e interesse nacional contra moralismos importados que pedem cheques em branco às comunidades.
(Fontes: artigo de Brendan O’Neill no The Spectator — edição UK e reedição australiana, 27.08.2025.) (The Spectator, The Spectator Australia)

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Imigração: Escola Austríaca vs. Jesús Fernández-Villaverde (UPenn)

Convergências, divergências e o que isto implica para Portugal
Resumo.
A Escola Austríaca parte de princípios (propriedade privada, livre associação, crítica ao Estado-Providência) e conclui que “fronteiras abertas” num regime de prestações universais criam integração forçada e socialização de custos; a alternativa coerente seria ou encolher o Estado-Providência ou seleccionar entradas por convite/contrato. J. Fernández-Villaverde (UPenn) chega a conclusões semelhantes por via empírica: com Estados-Providência europeus, imigração pouco qualificada tende a ter saldo fiscal líquido negativo, não “salva” pensões e pressiona salários e rendas; o foco deve ser produtividade, reforma institucional e selecção do fluxo migratório. 

1) Método: praxeologia vs. evidência
Austríacos (Mises/Hayek/Hoppe): o problema migratório nasce do domínio público (ruas, escolas, prestações) num quadro de impostos compulsórios; com propriedade privada plena, a entrada seria por convite e a exclusão também. Hoppe formaliza a crítica a “fronteiras abertas + welfare”. (Mises Institute, ontology.buffalo.edu)
Fernández-Villaverde: abordagem de equilíbrio geral + dados: composição por qualificações, conta fiscal ao longo da vida, pressões em habitação/serviços, e trade-offs entre gerações. (YouTube)
2) Mercado de trabalho: “há empregos que os nativos não querem”?
Ambos desmontam o slogan. O que há são preços e produtividade: se salários e mercados se ajustarem (incluindo habitação), os empregos existem para quem os aceita ao preço que o mercado sustenta; quando há distorções regulatórias e de prestações, surgem compressões salariais nos decis mais baixos e rendas mais caras nas zonas de acolhimento. (YouTube)
3) PIB bruto vs. bem-estar dos residentes
Austríacos: o critério é quem paga e quem decide; se os custos são socializados, entradas indiscriminadas podem reduzir o bem-estar dos contribuintes, mesmo que o PIB suba. (Mises Institute)
Fernández-Villaverde: distingue maximizar PIB de maximizar bem-estar dos residentes; com a arquitectura actual do Estado-Providência, grandes fluxos pouco qualificados não maximizam o segundo objectivo. (YouTube)
4) Estado-Providência e saldo fiscal
Austríacos: “abertura com welfare” = integração forçada; solução: reduzir prestações universais e/ou migrar para acesso contratual (patrocinadores, cauções, seguro privado), antes de liberalizar a mobilidade. (Mises Institute)
Fernández-Villaverde: composição é destino: se o fluxo se concentra em baixa qualificação, o saldo fiscal de ciclo de vida é fraco e a pressão em escolas, SNS e habitação é forte; por isso defende selecção por qualificações e controlo da irregularidade. (X , YouTube)
5) Demografia e pensões
Austríacos: o problema das pensões é institucional (pay-as-you-go). “Importar contribuintes” não repara a engenharia do sistema; a via é capitalização e idade efectiva de reforma.
Fernández-Villaverde: “A imigração não nos vai salvar” — para estabilizar rácios de dependência seriam precisos volumes politicamente indigeríveis; sem qualificação, o saldo fiscal não fecha. Prioridade: produtividade, reformas e selecção. (YouTube)
6) Cultura, instituições e capacidade de absorção
Austríacos: sublinham a dimensão institucional-cultural — regras, normas e preferências locais importam; sem propriedade privada a decidir convites e exclusões, o Estado impõe forçosamente convivências e custos. (ontology.buffalo.edu)
Fernández-Villaverde: menos “culturalista”, mais operacional: capacidade administrativa (habitação, escolas, saúde, segurança) e efeitos entre gerações (idosos podem beneficiar de cuidadores; jovens enfrentam salários comprimidos e rendas altas). (YouTube)
O que isto implica para Portugal
Não vender milagres demográficos. Reformar pensões (idade efectiva, incentivos ao trabalho sénior) e alavancar produtividade com reforma regulatória e fiscal. (YouTube)
Selecção e controlo. Se o Estado-Providência se mantém, seleccionar por qualificações, exigir patrocínio/garantias e combater a irregularidade (para não premiar o canal errado). (X)
Mercados a funcionar. Liberalizar construção e arrendamento para evitar que choques populacionais caiam sobre jovens e classes trabalhadoras via rendas.
Contas locais e transparência. Publicar, município a município, custos e receitas associadas a fluxos migratórios (educação, saúde, habitação, segurança), para que o debate saia do moralismo e entre nas contas.
Concluindo. 
A convergência entre uma tradição liberal exigente (Austríaca) e a análise empírica de Fernández-Villaverde é cristalina: sem reforma institucional, mais imigração pouco qualificada não é uma política socialmente benéfica; com mercados e Estado arrumados, a selecção e o contrato permitem colher ganhos sem socializar prejuízos.
Fontes:
[Hoppe, The Case for Free Trade and Restricted Immigration] (Mises Institute) ·
[Hoppe, On Free Immigration and Forced Integration] (ontology.buffalo.edu) ·
[Mises, Liberalism — “Freedom of Movement” (texto integral)] (Mises Institute) ·
[Roundtable Mises/Rothbard/Block/Hoppe (passagens sobre imigração)] (Mises Institute) ·
[Fernández-Villaverde — “España (y Europa) en apuros” (Fund. Rafael del Pino)] (YouTube) ·
[Clip: “La inmigración no va a salvarnos” (síntese de JFV)] (YouTube) ·
[
Fernández-Villaverde  em X/Twitter (saldo fiscal e legal vs. ilegal)] (X))

Falácias do Imigracionismo Económico

As narrativas que sustentam a pretensa “necessidade” de imigração para o funcionamento da economia são, na verdade, construções ideológicas ao serviço de lóbis empresariais. O Professor Jesús Fernández-Villaverde (Universidade da Pennsylvania) desmonta duas dessas falácias centrais, em termos que coincidem com os que já aqui temos defendido.
Primeira falácia: a ideia de que precisamos de imigrantes para os trabalhos que os nacionais não querem
.
Segundo Villaverde, esta tese ignora a lógica económica elementar: os salários são endógenos. Se há escassez de trabalhadores em certos sectores, os salários aumentam e a automatização substitui parte da mão-de-obra. O mercado ajusta-se. O que os empresários querem é manter salários baixos, mesmo que isso implique substituir trabalhadores locais por imigrantes dispostos a aceitar condições piores.
Segunda falácia: o argumento de que mais imigração traz crescimento económico.
Villaverde é claro: não lhe interessa maximizar o PIB, mas sim o bem-estar da população autóctone. Um PIB mais elevado, obtido à custa de mão-de-obra desqualificada, pode coexistir com salários mais baixos, maior desigualdade e degradação social. O suposto “crescimento” beneficia sobretudo dois grupos: os empregadores e os imigrantes, enquanto os custos recaem sobre a sociedade em geral.
A escolha que se coloca à Europa não é entre “crescimento” e “decadência”. É entre diferentes modelos sociais. Submeter as nações ao imigracionismo económico não é inevitável nem desejável — é apenas uma escolha política, que tem demonstrado consequências nefastas para a coesão social e para o bem-estar dos povos europeus.

passou todas as marcas...

Marcelo Rebelo de Sousa acusou esta quarta-feira que Donald Trump de ser "um ativo russo", e que está a favorecer os interesses de Putin e da Federação Russa no conflito ucraniano.
A polémica acusação ao seu homólogo norte-americano, feita pelo Presidente da República durante a intervenção que fez na Universidade de Verão do PSD, uma reunião anual que junta vários jovens quadros do atual partido do governo, caiu como uma autêntica 'bomba' e foi recebida com apreensão e estupefação junto da comunidade diplomática.
Embora o governo não tenha ainda reagido à declaração de Marcelo, um diplomata português não hesitou, quando contactado pelo 24Horas em desabafar: 
"Desta vez, o Presidente da República passou todas as marcas."

terça-feira, 26 de agosto de 2025

é uma Gaza portuguesa, com certeza!

Dado que o BE já abdicou de Portugal, e Portugal do BE, a dra. Mortágua vai rumar a Gaza em nova “flotilha” (risos) “humanitária” (mais risos). De brinde, leva mais dois portugueses, uma ex-modelo e um “activista”. É sempre bom, embora ninguém saiba porquê, haver representantes nacionais na Eurovisão, nos torneios desportivos e, lá está, nas “flotilhas humanitárias”.
(Alberto Gonçalves)

A chatice é que é tudo a fingir: o objectivo daquela rapaziada é ser interceptada pelos militares israelitas e depois queixar-se de tortura (os militares costumam oferecer-lhes refeições, que talvez sejam ricas em colesterol). Por mim, acho mal: Israel devia evidentemente permitir que esta gente entrasse em Gaza. Não devia era permitir que saísse.

Do pânico moral ao framing operacional: uma análise crítica do ecossistema editorial do Observador sobre André Ventura e os incêndios (Verão de 2025)

Resumo
Este artigo analisa, em registo académico, a coordenação discursiva do ecossistema editorial do Observador em torno de André Ventura e do partido CHEGA durante o pico de incêndios do Verão de 2025. O corpus reúne (i) um episódio do podcast E o vencedor é… cuja sinopse formula a acusação de “instrumentalização” e mede a seriedade programática por um “parágrafo-metro” sobre florestas; (ii) a crónica satírica de José Diogo Quintela, Líderes para o Canadair e vier; e (iii) a crónica de Rui Pedro Antunes, A culpa não é do La Féria, mas podia ser. A metodologia combina análise de discurso crítico e análise de framing, com atenção às técnicas retóricas (ad hominem, culpa por associação, hipérbole moral, recorte selectivo) e às implicações na janela de Overton. Conclui-se que o tripé podcast–sátira–crónica opera como máquina de propaganda: rotula primeiro, discute depois, substituindo métricas e custos por moralinas e teatralizações, em continuidade histórica com os padrões de pânico moral aplicados à Aliança Democrática (1979). Propõem-se critérios de boas práticas para um espaço público plural (transparência editorial, contraditório real, grelhas técnicas comparadas e ombudsman independente).
1. Introdução
Na cobertura mediática dos incêndios, a fronteira entre jornalismo analítico e activismo editorial adquire relevância democrática. A acusação de que um actor político “instrumentaliza” tragédias não é trivial: exige prova, contexto e comparação com alternativas políticas. Este trabalho investiga se, e como, um ecossistema mediático específico — o do Observador — consolidou um frame acusatório sobre André Ventura/CHEGA, reforçado por peças opinativas convergentes.
Perguntas de investigação:
. Que frame central estrutura a cobertura analisada?
. Quais as técnicas retóricas predominantes?
. Em que medida há coordenação temática entre formatos (podcast e crónicas)?
. Que efeitos potenciais se antecipam para a deliberação pública?
2. Corpus e método
Corpus:
Episódio do podcast "e o vencedor é...!" cujo título/interrogação formula a tese de “instrumentalização” e cuja sinopse moraliza a presença de Ventura em cenários de incêndio, contrapondo ainda a ideia de que o programa do CHEGA teria “apenas um parágrafo” sobre florestas.
Crónica de José Diogo Quintela, Líderes para o Canadair e vier, de natureza satírica, que associa lideranças a teatro de selfies e oportunismo em torno do fogo.
Crónica de Rui Pedro Antunes, A culpa não é do La Féria, mas podia ser, que teatraliza o comportamento político através de metáfora cénica.
Método:
Análise de Discurso Crítico (ADC) para identificação de rótulos, metáforas, campos semânticos e silêncios (o que é omitido).
Análise de framing (operacionalização livre a partir de Entman): diagnóstico do problema, atribuição causal, juízos morais, prescrição de remédios.
Triangulação entre formatos (áudio e texto) para aferir consistência de frame.
Teste de paridade: contraste entre moralina (moralidade inoportuna, superficial ou falsa) e métrica — verificar se há grelha técnica (meios, custos, metas, calendário, instrumentos legais) ou se o juízo repousa em critérios morais e contabilidade de “parágrafos”.
3. Resultados: cartografia do frame
3.1 Sentença prévia e “parágrafo-metro”
A sinopse do podcast formula um juízo normativo — “o que os políticos não devem fazer” — e introduz um indicador rudimentar (“um parágrafo sobre florestas”) que converte a avaliação de políticas complexas em contagem de linhas. Chamamos a este artifício parágrafo‑metro. O efeito é substituir métricas e custos por moralização comportamental.
3.2 Técnicas retóricas recorrentes
Ad hominem moralizante: o foco recai na “indecência” de estar presente no terreno, não na eficácia das medidas propostas.
Culpa por associação: colagem a arquétipos internacionais ou a estereótipos (“oportunismo”) que dispensam prova contextual.
Hipérbole moral: metáforas de ameaça sistémica (“algazarra”, “teatro”) sem correlato com indicadores de execução de política pública.
Recorte selectivo: ausência de grelha comparativa entre programas partidários quanto a prevenção, gestão de combustíveis, ordenamento, fiscalização e justiça penal ambiental.
3.3 Orquestração editorial: sátira + teatralização
As crónicas actuam como coro do podcast: A de Quintela reduz o problema a espectáculo e pose, dobrando o frame do oportunismo e a de Rui Pedro Antunes reforça a metáfora teatral (La Féria), deslocando o debate do plano das políticas para o da encenação.
O resultado é um tripé coerente: podcast (sentença e parágrafo‑metro) + sátira (ridicularização) + crónica (teatralização).
4. Discussão: da AD (1979) ao Verão de 2025
O padrão observado ecoa a diabolização mediática aplicada à Aliança Democrática (1979):
1) Pânico moral como gatilho; 2) caricatura do antagonista; 3) apagamento do contraditório substantivo; 4) normalização do rótulo como “verdade social”. 
Em 2025, mudam os altifalantes (podcasts, clips, feeds), persiste o método. A consequência previsível é o estreitamento da janela de Overton e a degradação da deliberação pública informada.
5. Implicações para a praça pública
Efeito substituição: o cidadão consome juízos morais em vez de análise de políticas (meios, metas, custos).
Efeito espiral: “teatro” e “algazarra” ganham tração algorítmica, empurrando o debate para performatividade.
Efeito assimetria: duas bitolas — indulgência para uns actores, punição retórica para outros — minam a confiança na independência editorial.
6. Proposta de boas práticas editoriais
Transparência forte: declaração visível de interesses e trajectos dos comentadores; separação gráfica entre notícia, opinião e verificação.
Contraditório real: debates simultâneos, com igualdade de tempo e moderação activa; evitar “direito de resposta” tardio.
Grelha técnica comparada: para cada tema (p. ex., florestas), apresentar instrumentos, orçamento estimado, metas anuais, calendário de execução e mecanismos de fiscalização — para todos os partidos.
Ombudsman independente: com relatórios públicos e capacidade de auditar painéis e critérios de convite.
Literacia mediática: explicação didáctica dos critérios de framing utilizados e das limitações metodológicas de cada formato.
7. Conclusão
A coordenação entre o episódio do podcast "w o Vencedor é...!" e as crónicas seleccionadas configura um dispositivo de framing cujo efeito é deslegitimar o adversário político por via de rótulos e sátiras, sem submeter as alternativas a escrutínio técnico comparável. A analogia histórica com 1979 não é mero recurso retórico: é continuidade estrutural de um modo de operar o pânico moral. A saúde do espaço público exige menos sermão e mais comparação de políticas.
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Referências (indicativas)
"e o vencedor é…" (episódio sobre “instrumentalização” e sinopse com referência ao “um parágrafo” sobre florestas).
José Diogo Quintela, “Líderes para o Canadair e vier” (posts oficiais). (crónica satírica). Facebook
Rui Pedro Antunes, “A culpa não é do La Féria, mas podia ser” (posts oficiais). (crónica de comentário político) Facebook
Registos públicos de difusão nas plataformas de áudio e em páginas sociais do Observador.

domingo, 24 de agosto de 2025



 

autárquicas 2025 LISBOA: O CHEGA

Idade dos Eleitores
18–34 anos: representam cerca de 21 % do eleitorado nacional (2022), mas em Lisboa têm mais peso na Aliança Democrática (AD – 28 %) e no Chega (25 %) entre os jovens, com o PS apenas a 13 % nesta faixa pordata.pt+12maisliberdade.pt+12sicnoticias.pt+12.
55 anos ou mais: entre os maiores de 65 anos, o PS atinge 48 % nacionalmente, a AD 28 % e o Chega apenas 8 % .
Em resumo, em Lisboa (em linha com o nacional), o Chega capta força sobretudo entre jovens adultos (18–34 a.).
Nível de Instrução Segundo o INE/Pitagórica (exit poll 2022):
sem o Ensino Secundário completo: representam 31 % do total, 
com 7 % a votar Chega, 55 % no PS, e 23 % no PSD
Secundário completo: 34 % do eleitorado – 
Chega tem 10 % aqui; PS 39 %, PSD 28 %.
Ensino superior completo: 35 % 
Chega desce a 5 %; PS 31 %, PSD 36 %.
Assim, o Chega tem maior penetração entre eleitores com menor escolaridade, especialmente aqueles sem secundário .
Distribuição por Partido em Lisboa (2024)
Dados específicos do Concelho de Lisboa nas Legislativas de Março 2024 en.wikipedia.org+12pt.wikipedia.org+12maisliberdade.pt+12:

O Chega obteve cerca de 11,7 % dos votos em Lisboa, um aumento de mais de 6 pontos percentuais desde 2022.




Perfil Combinado (Idade + Educação + Partido)
O Chega em Lisboa tende a ser votado por eleitores:
Mais jovens (18–34 a.) do que na maioria dos outros partidos (c. 25 %).
Com menor escolaridade (sem ensino secundário, ou apenas secundário).
Em termos totais, cerca de 11,7 % dos votos no concelho (2024).
O PS domina os eleitores mais velhos (55+) e os com ensino superior, enquanto 
a AD beneficia de jovens e de níveis variados de escolaridade, mas sobretudo nas franjas menos escolarizadas comparativamente à média nacional.

Resumo Final
Idade: o Chega tem forte apoio entre os jovens (18–34 a.), mas fraco entre os mais velhos (55+).
Educação: o Chega tem mais apoio nos estratos com menos instrução.
Resultado eleitoral (2024): o Chega em Lisboa alcançou 11,7 %, ficando em 3.º lugar.