O “desemprego estrutural será o maior desafio da
economia” e o “choque de expectativas pode comprometer retoma da
economia”, foram as duas frases que me marcaram o dia de ontem.
São também “más notícias” que devem ser
traduzidas.
O Governador do Banco de Portugal, na primeira, é
mais explícito que o “nosso primeiro” na segunda, mas ambos, politicamente
correctos, escondem a realidade que se nos apresenta no futuro.
Quer um, quer o outro, se referem à retoma económica
que pouco a pouco se vai concretizando e, implicitamente, ao “emprego”, isto é,
à diminuição do desemprego.
Então o que é que nos “esconderam”?
A resposta é simples: Os valores do desemprego irão
durante uma geração manter-se em valores apenas comparáveis aos do segundo
quarteirão do século XX.
Porquê?
Mais uma vez a resposta é simples: A “massificação da
educação” e a rápida evolução das “novas tecnologias” vão deixar para trás a
maior fatia da geração do 25 de Abril, clarificando, a maioria dos aqueles que
agora tem mais de 45 anos e estão sem emprego (5% da população entre aquela
idade e os 65 anos).
O governador do BdP define a situação como
“desemprego estrutural” e o “nosso primeiro” chama-lhe “choque expectativas”.
Eu vou mais longe e “interpreto-os” com os 10 a 15%
de desemprego que se irão manter nas próximas décadas, se, mesmo com uma
“retoma” efectiva, não forem criadas soluções.