quinta-feira, 3 de julho de 2025

Imigração: Entre a Ideologia das “Portas Abertas” e a Defesa da Identidade Portuguesa

A imigração é hoje, talvez mais do que nunca, um dos grandes temas que definem o futuro de uma nação. Em Portugal, porém, o debate continua sequestrado por slogans, preconceitos ideológicos e medo de enfrentar o essencial: que tipo de país queremos ser? E, mais concretamente: quem queremos acolher, e em que termos?
Há, neste debate, duas visões em confronto. Uma delas é a da esquerda globalista e multiculturalista, que nos quer convencer de que todas as culturas são iguais, todas são compatíveis, e que a imigração em massa, desordenada e sem critério, é não só inevitável como desejável. A outra visão — a que defendo — parte da realidade concreta e da História: a imigração só é saudável se for compatível com os valores e a identidade cultural da sociedade que a recebe.

Os apóstolos das “portas abertas”
O coro das “portas abertas” é ruidoso. Compõe-se do Bloco de Esquerda, do Livre e de boa parte do Partido Socialista. Acompanha-os uma legião de ONG, com destaque para o SOS Racismo, a Amnistia Internacional e várias agências subsidiadas por fundações estrangeiras. Nos bastidores, a Open Society de George Soros é omnipresente, financiando o mesmo tipo de discurso em Lisboa, Bruxelas ou Nova Iorque.
Para este universo político e ideológico, a imigração é quase uma nova religião. Não importa se quem chega tem qualquer respeito pelos valores ocidentais, se aceita ou não a igualdade entre homens e mulheres, se quer ou não integrar-se. Basta chegar — e passa a ter direito a tudo: saúde gratuita, habitação, subsídios, nacionalidade. Tudo, menos o dever de se adaptar.
A quem serve esta imigração desordenada?
É preciso perguntar: quem beneficia com esta imigração de massas?
Seguramente não são os portugueses que vivem nos bairros periféricos das grandes cidades, onde os serviços públicos estão saturados e onde aumentam as tensões culturais. Não são os pequenos empresários portugueses, que vêem a concorrência desleal de trabalho informal. E muito menos são os trabalhadores nacionais, que sofrem com a pressão descendente nos salários provocada pela mão-de-obra vinda de fora sem qualquer exigência. Esta imigração desordenada interessa a uma elite política e económica que vê nas populações migrantes votos fáceis, massa de manobra e mão-de-obra barata. Interessa também à ideologia do “cidadão do mundo”, que abomina a noção de pátria e vê no “nacionalismo” um pecado capital.
Imigração sim, mas com critérios
Ao contrário da caricatura que a esquerda constrói, não defendo o “fecho de fronteiras”. Defendo sim uma política de imigração selectiva, inteligente e patriótica. E aqui, importa fazer uma distinção fundamental — que quase ninguém ousa fazer, mas que é decisiva.
Portugal tem uma longa História de ligação aos povos do antigo Ultramar. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste partilham connosco não apenas a língua, mas séculos de convivência cultural, religiosa, jurídica. Os portugueses que vieram desses territórios, ou os seus descendentes, fazem parte da nossa identidade alargada. São portugueses na alma e na cultura onde a nossa matriz europeia se junta com a das culturas africanas que adoptámos como nossas.
Bem diferente é a imigração oriunda de países com culturas totalmente alheias ou mesmo hostis à matriz europeia-cristã, como o Paquistão, o Bangladesh, a Argélia ou o Afeganistão. Não se trata de racismo — trata-se de realismo. Não se trata de preconceito — mas de experiência histórica. A integração de comunidades que praticam o separatismo cultural e religioso, que colocam a sharia acima da Constituição, e que vivem em enclaves, tem sido um fracasso em toda a Europa Ocidental.
O direito — e o dever — de escolher quem acolhe
Num tempo em que a Europa assiste à fragmentação das suas sociedades, à radicalização identitária e ao crescimento de zonas de “não-direito”, Portugal não pode seguir o mesmo caminho de olhos fechados. Não somos obrigados a repetir os erros da Suécia, da França ou da Bélgica.
É possível — e desejável — acolher quem venha trabalhar, respeitar a nossa cultura e contribuir para o país. Mas é essencial pôr fim à imigração desordenada, facilitada por vistos automáticos e burocracias politizadas. Não é um gesto de intolerância — é um acto de lucidez.
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Como português, como europeu e como homem livre, defendo que a identidade cultural de um povo não se negoceia, não se desconstrói por decreto e não se dissolve por medo de ofender. Portugal é um país hospitaleiro, mas tem o direito de ser exigente e selectivo na hora de abrir as suas portas. Só assim continuará a ser Portugal.