quinta-feira, 13 de setembro de 2018

a pobreza é uma virtude? *

Primeiro, como sempre acontece, surgiu Catarina Martins. Num desesperado esforço para usar a sua eterna superioridade moral como arma para justificar a “taxa Robles”, disparou toda a indignação que conseguiu juntar contra quem “compra e vende num curto período e faz muito dinheiro”.
A seguir, tentando mais uma vez, com sucesso, baralhar os eleitores do PSD, Rui Rio aproximou-se de um microfone para dizer que a ideia do Bloco de Esquerda “não é assim tão disparatada. E até elaborou o seu pensamento económico:
Efectivamente, uma coisa é comprarmos e mantermos durante ‘x’ tempo e outra coisa é andarmos a comprar e a vender todos os dias só para gerar uma mais-valia meramente artificial”.
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Catarina Martins e Rui Rio estão, portanto, de acordo. Ganhar dinheiro, sim — mas só se for pouco dinheiro e só se for muito devagarinho. 

* a pobreza é uma virtude?
Corrrendo o risco de considerarem um elogio, Catarina Martins e Rui Rio, “Os líderes do BE e do PSD, partilham uma velha ideia que governou o nosso país durante 41 anos: a de que a pobreza é, em si mesma, uma virtude. 
Um célebre político português do século XX anunciou um dia que “um país, um povo que tiverem a coragem de ser pobres são invencíveis”. E construiu todo um regime (por sinal, autoritário) em cima disso.
Foi o mesmo político que afirmou, com ironia: “Os homens mudam pouco e então os portugueses quase nada”.

(in “Ganhar dinheiro? Só pouco e devagarinho” por Miguel Pinheiro)