Corre por ai, na net, um vídeo com um bom texto dito por uma actriz de boa voz, bonitinha de 36 anos e, como muitos, desempregada.
Vale a pena perder os pouco mais de 8 minutos a ouvi-la. Por isso, apenas por isso, o anexo.
As palavras que mais ouvimos são “Estado” seguem-se a “Jovem” e, complexo de Édipo, mete aqui e ali o “pai” e, não podia faltar, “recibo verde”. As outras locuções, declamadas como numa boa peça teatral, revelam aquela que nunca clama: “desilusão”.
A actriz lá nos vai revelando que aos 15 se ria quando olhava para os de 30 anos e tinham “cartão jovem” e, um pouco mais avançada na idade, se ria dos “jovens agricultores” de 40. E continua, com voz chorosa, declamando para o seu muro das lamentações…
Percam tempo vejam o bonito vídeo, da bonita actriz com boa e treinada melódica voz.
Gostei de o ver mas, depois, parei para pensar e revi-me! (isto de pensar é uma chatice!)
Nos meus quinze dificilmente me podia sentir jovem porque meia dúzia de anos lá para frente tinha o fantasma da guerra ou a mala de cartão do emigrante a salto e o “Estado” para mim era “o novo”.
Terá sido nessa altura que me decidi por ser ML e fazer do estudo profissão. Como ML, durante a tal meia dúzia de anos, batalhei a consequência dos “ensinamentos” do Marx e Lenine que, pasme-se, foram minha leitura e em “versão completa” porque os “resumos” eram coisa que não existia! Tudo isto a par com o chato ensino onde era obrigatório saber “coisas” que não interessavam para o futuro, dizia-se…
Nesses seis anos as “cenas” (como agora se diz) correram mal enquanto agitador mas acabei a licenciatura de 5 anos, com tese final. O “emprego” estava certo, e como não tinha “mala de cartão” o “Estado que era o Novo”, “empregou-me”!
Passaram mais 6 anos e quando regressei já não jovem, era velho, maduro, habituado a decidir na maioria das vezes das vidas de outros que não podia voltar a “comprar” porque o “jogo! não se chamava playstation.
Havia que trabalhar. O trabalho, público e ou às ordens de outros, não me interessava. Agarrei dois empregos “a recibo verde”, emigrei e acabei mais “um curso e os mestrados, doutoramentos” de que, na peça, a “actriz” se queixa.
Acumulei empregos e estudos com desejada mudança que chegou num Abril e, mal ou bem, com ela colaborei “pró bono” porque o conceito de “boy” era coisa que não existia e o princípio era o kenediano: “não perguntes o que é que o país pode fazer por ti mas decide o que é que tu podes fazer pelo país”.
Com tudo isto, nem dei conta que o tempo passava e falhei.
Falhei porque, aos que se me seguiam, lhes dei o peixe em vez da cana e criei actores e actrizes que fazem discursos a apelar pelo empregozito que o Estado não lhes dá, agora que a URSS está morta, talvez como na Grécia onde até os táxis são do estado e os taxistas funcionários públicos.
Façam o vosso Novo Estado e divirtam-se a declamar palavras bonitas que eu, a caminho dos setenta, desejo-vos aquilo que, vocês e eu, queremos à troika…e aos jovens actores e actrizes que nos governam
…e mais não escrevo, porque aqui já vão mais de 5 minutos!