quarta-feira, 6 de julho de 2011

um produto não desejado

A agência de notação financeira Moody's cortou hoje em quatro níveis o rating de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de junk, um “produto não desejado”, que rapidamente alcunhamos com o nome de “lixo” talvez por analogia com a junk food que muitos consomem e gostam.

a Moody's apresenta três argumentos:
que existe o risco crescente de Portugal precisar de um segundo pacote de empréstimos internacionais antes de conseguir regressar aos mercados no segundo semestre de 2013,
que há uma «possibilidade crescente de a participação dos investidores privados ser imposta como pré-condição» para esse segundo resgate, e
que se receia que Portugal não seja capaz de cumprir a totalidade das metas de redução do défice e da dívida acordadas com a тройка FMI, UE, BCE.

Curiosamente, ou talvez não, aqueles são também os argumentos de José Silva Lopes, entre outros, ao referirem que o empréstimo do FMI e da UE é insuficiente, sendo preciso mais que os «largamente insuficientes» 78 mil milhões de euros.
Sobre o imposto extraordinário, anunciado por Passos Coelho, Silva Lopes é categórico: “É apenas o começo de uma longa e dolorosa estrada”.

O ministério das Finanças contra-argumenta que o downgrade da Moodys’s não terá tido em devida conta o amplo consenso político que suporta a execução das medidas acordadas com a тройка e “ignora os efeitos da sobretaxa extraordinária em sede de IRS anunciada pelo Governo durante o debate do programa de Governo no final da passada semana”.

Quer a Moody's, quer Silva Lopes, conhecem bem este povo de cigarras que se recusa a reconhecer a situação e que entende que isto de “sacrifícios” é algo de necessário... desde que seja para aplicar aos outros.
O Governo dá-lhes razão, quando fecha os olhos e assobia para o ar, passando da universal “contribuição extraordinária” ao “imposto extraordinário no Subsidio de Natal” que apenas incide sobre Pensionistas e Reformados, Funcionários Públicos e nos “suspeitos do costume”: os “ trabalhadores por conta de outrem” e deixa de fora os responsáveis pela crise e que dela beneficiaram.

E a União Europeia, criada no Ocidente da Guerra Fria, na sua inconsciência de governação “à leste duma Cortina de Ferro” ainda não percebeu que se está a acabar…