sábado, 19 de abril de 2008

morreu um HOMEM !


Cónego Melo morreu hoje em Fátima
O monsenhor Eduardo Melo Peixoto, mais conhecido por cónego Melo, morreu hoje em Fátima revelou o arcebisbo de Braga, D. Jorge Ortiga.Fonte do santuário de Fátima adiantou que foi encontrado morto no quarto em que se encontrava hospedado da Casa Nossa Senhora do Carmo, tendo o corpo já sido transportado para o Instituto de Medicina Legal de Tomar. Segundo fonte da arquidiocese de Braga, o corpo deverá ser transladado ainda hoje para uma igreja da cidade, provavelmente para a Sé, onde será velado em câmara ardente.O sacerdote estava em Fátima para participar num encontro de cursilhos da Cristandade que está a decorrer no Santuário e terá morrido de causas naturais durante a noite, tendo sido encontrado deitado na cama hoje de manhã.Em declarações à Lusa, fonte do Santuário de Fátima endereçou, em nome da instituição, as condolências à família e à arquidiocese de Braga. "Merece a maior consideração pelo trabalho desenvolvido", acrescentou a mesma fonte. O presidente da Câmara Municipal de Braga, Mesquita Machado considera que o falecimento do cónego Melo é uma "grande perda" para a Igreja, o país e, sobretudo, para a cidade. "Monsenhor Eduardo Melo era um grande homem, um grande sacerdote e um grande bracarense, que tudo fazia pela cidade, pelas suas instituições e pelas suas gentes", afirmou. O autarca socialista acentuou que o Cónego Melo, além da sua extensa actividade no seio da Arquidiocese de Braga da Igreja Católica, estava presente em muitas outras instituições da cidade, como o Sporting de Braga, tudo fazendo para as ajudar". Filho de um industrial bracarense, Eduardo de Melo Peixoto nasceu a 30 de Outubro de 1927 em São Lázaro, Braga, e foi ordenado sacerdote em 1951, tendo depois assumido o papel de vigário-geral da arquidiocese até 2002.

Cónego Melo tornou-se conhecido por combater comunismo no pós-25 de Abril

O cónego Eduardo Melo, que morreu hoje em Fátima, aos 80 anos, era uma das figuras mais influentes de Braga, tendo atingido notoriedade no período mais conturbado do pós-25 de Abril de 1974 pela oposição ao Partido Comunista Português.Monsenhor Eduardo Melo Peixoto faleceu, poucos dias antes de presidir a um congresso internacional de turismo religioso, na Póvoa de Varzim, onde seria divulgado o livro de memórias que acabara de publicar. A iniciativa era organizada pela cooperativa Turel de Braga, a que presidia, numa das várias actividades em que continuava envolvido apesar da avançada idade.Vigário-geral da arquidiocese e deão do Cabido da Sé de Braga durante décadas, ficou conhecido em todo o país durante o Verão Quente de 1975, por ter liderado a oposição da igreja local às acções do PCP que então tentava estender a sua influência ao Norte do país, tendo chegado a associar-se a movimentos armados de direita ligados ao general António de Spínola.

Na década seguinte, viveu momentos difíceis ao ser acusado de envolvimento na morte do padre Max, um sacerdote próximo da extrema-esquerda de Vila Real, morto em 1976 em circunstâncias nunca esclarecidas. O cónego Melo negou sempre qualquer envolvimento no caso e não chegou sequer a ser pronunciado para julgamento, que viria a culminar na absolvição de todos os réus.Depois de décadas ao serviço da diocese, em 2002 pediu ao arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a demissão dos cargos de vigário-geral e deão do Cabido da Sé, por ter atingido os 75 anos de idade. O afastamento do cónego seguiu-se a um período de alguma tensão com o arcebispo, nomeadamente a propósito de uma estátua mandada erigir por um grupo de bracarenses em sua homenagem e que deveria ser colocada numa rotunda da cidade. A polémica gerada pelo caso levaria a que a homenagem ao cónego não se completasse e desde então a estátua encontra-se guardada num armazém municipal.
19.04.2008 - 14h59 Lusa