O que sucedeu aos socialistas e à esquerda francesa em geral devia ser um sério aviso à esquerda portuguesa. É certo que em Portugal o PS sobreviveu, apesar de incapaz de afastar um Primeiro-Ministro corrupto, como também se aguentou, apesar de responsável pela bancarrota do Estado português (que só a intervenção da troika e o governo de Passos Coelho evitaram). O sucesso do socialismo luso reside no dinheiro aparentemente grátis do BCE e na ausência de fracturas raciais como as que existem em França. Alicerça-se ainda numa boa parte do eleitorado que depende financeiramente do Estado e que vota na segurança e na estabilidade salarial.
Mas essa construção político-eleitoral que o PS montou não está isenta de riscos. Como tive oportunidade de referir há duas semanas neste espaço [O objectivo do PS é governar um país de funcionários estatais pagos pelos alemães. Ganhar eleições assim não implica muita inteligência; basta malícia. Já os riscos são incomensuráveis. ], basta que a inflação ressurja para que o BCE ponha termo à sua política monetária, ou simplesmente que a abrande; basta que uma pequena parte do eleitorado se farte da corrupção, do compadrio, das ligações familiares, das cercas sanitárias sem base constitucional mas feitas para pôr em xeque o presidente; basta que o PS deixe de garantir a maioria de governo e o eleitorado que quer ordem procure segurança noutras paragens; Nesse dia, não há volta a dar. Nesse dia os socialistas vão lamentar-se de Fernando Medina não ter assumido responsabilidades políticas por um acto administrativo que teve consequências políticas. Nesse dia, será tarde demais. (in “Quanto valerá a sede do Largo do Rato?” por André Abrantes Amaral)

situação não difere muito da que sucedia no Estado Novo (sendo que não temos os índices de crescimento económico conseguidos na década de 60 e que duraram até 1973). Casam-se uns com os outros, distribuem lugares uns aos outros, elogiam-se uns aos outros e a propaganda profissionalizou-se de tal modo que começa no Primeiro-Ministro e acaba nos jornais de freguesia que (pagos com os impostos) são deixados nas caixas de correio, como se fossem gratuitos. Eduardo Cabrita não se demite, António Costa não o demite, Pedro Nuno Santos é a prepotência em pessoa que usa o nosso dinheiro, Mariana Vieira da Silva fala de um modo pretensioso para jornalistas que não a questionam. A táctica está na mentira camuflada de verdade formal que, tecnicamente, não tem nada a apontar, mas que é totalmente falsa. (in “O objectivo do PS” )