segunda-feira, 1 de abril de 2019

Sim, há aqui novidade – e talvez sinal do fim de uma época!

De repente, até a imprensa espanhola deu por que a península não acaba em Badajoz e que para além da raia há um curioso país governado por parcerias de pais e filhos, e de maridos e mulheres, como uma empresa familiar. É de facto extraordinário. Mas o "primeiro-ministro", muito descansado, matou logo a questão: “não era novidade”.

[...] mas é de facto “novidade”, e não podemos procurar a sua razão de ser nas tradições de neopotismo da sociedade portuguesa, porque essas tradições nunca antes geraram tal acumulação de parentes próximos num governo.
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Não devemos por isso diluir e confundir os actuais parentescos
governativos no meio de outros casos de ligações familiares. Se esta endogamia tem algum significado, não é a de um resquício do passado ou de uma ocorrência normal, mas, pelo contrário, a de um fenómeno novo e único, que sugere o encerramento de um regime, incapaz de se renovar, e o esgotamento político de um grupo que domina o país há vinte anos, e que já só parece encontrar confiança dentro dos círculos familiares mais próximos.

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Sim, há aqui novidade – e talvez sinal do fim de uma época. (in “Há novidade, sim, Dr. António Costa” por Rui Ramos)