sexta-feira, 26 de abril de 2019

“descrispação” II

quem vende ilusões é sempre apanhado em contrapé pela passagem do tempo. II
.
« Ora, se já à época era evidente a artificialidade da “descrispação”, agora, perante o endurecer generalizado das greves, não restam vestígios dessa ilusão fabricada por Marcelo. [.]
o esfumar dessa ilusão representa uma derrota política da geringonça. Uma derrota pesadíssima, porque decorrida no seu próprio território: a rua, onde a influência da CGTP é hoje menor do que em 2015.[.]
O fim do mito da “descrispação” está, por isso, repleto de significado político.
Para o governo PS, que tem de enterrar a fórmula do poder perpétuo que, em tempos, julgara ter encontrado através do controlo hegemónico do Estado e das ruas. [.]
Para a esquerda, para a qual este corresponde a um momento de desorientação, com tentativas de salvar a influência institucionalizada da CGTP, de silenciar as ruas e de consequente descredibilização dos novos sindicatos [.]
Para o Presidente da República, principal promotor do mito da “descrispação”, à qual associou o seu mandato presidencial, e que deverá medir o impacto das suas posições imediatistas no longo prazo. »