quinta-feira, 25 de abril de 2019

25 de Abril: Guiné, Bambadinca, Paúnca,

16 de Agosto de 1974.
Estão sequestrados há quarenta horas e ou Fabião consegue resolver a situação com os sequestradores, ou a situação agravar-se-á necessariamente, mesmo que a ameaça de fuzilamento que paira no ar não seja passada à prática.
Finalmente chega o helicóptero com o Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné. Carlos Fabião, que é também Encarregado do Governo, desce do helicóptero.
Aos homens que estão dentro do quartel o ruído do helicóptero não passa de modo algum desapercebido. Sabem que a partir daquele momento o desfecho está para breve.
Mas tudo correrá bem: com Fabião vêm duas malas. Rapidamente elas são abertas e o seu conteúdo distribuído pela Companhia de Caçadores 21. Assim que recebem o dinheiro os homens da Companhia de Caçadores 21 cumprem a sua palavra e libertam os militares que há quarenta horas ameaçam fuzilar caso não lhes fosse pago um resgate.
O que acabara de acontecer em Bambadinca explica-se em poucas palavras – militares portugueses de origem guineense ao saberem que iam ser desarmados e desmobilizados, o que os colocaria nas mãos do PAIGC, fizeram reféns alguns colegas de armas idos da metrópole.
Pedem um resgate – 300 contos por cada homem, valor que terá baixado para 60 – caso contrário começariam a fuzilar os reféns. Os oficiais seriam os primeiros. Dão 48 horas ao Comando Territorial para responder.
Em Bambadinca, o dinheiro, “patacão”, resolveu a situação.
mas
Em Paúnca, no início de Agosto de 1974, os militares fulas da Companhia de Caçadores 11, ao saberem que vão ser desmobilizados, expulsam do quartel os militares brancos. Estes, desarmados, dirigem-se a um acampamento do PAIGC que rapidamente recupera o quartel.
Sair rapidamente da Guiné tornava-se imperioso pois, desfeita a hierarquia de comando, multiplicavam-se situações comprometedoras como as de Bambadinca e Paúnca além de casos patéticos como os protagonizados pelo tenente-coronel Luís Ataíde Banazol que, não satisfeito com o dramático desfecho da operação em que entabulou por conta própria contactos com o PAIGC – a companhia caiu numa emboscada da qual resultaram dois mortos e dezoito feridos, dois dos quais ficaram mutilados –,

Banazol achou por bem enviar uma circular para todas as unidades da Guiné propondo que o Brasil assumisse o poder naquele território. Quem estivesse de acordo deveria enviar uma mensagem de resposta apenas com uma palavra: “Chapéu”