quarta-feira, 9 de julho de 2025

Ursula von der Leyen, a Moção de Censura e a Posição dos Partidos Portugueses

Na próxima quinta-feira, 11 de Julho, o Parlamento Europeu votará uma moção de censura contra Ursula von der Leyen, apresentada por eurodeputados nacionalistas, sobretudo das direitas romena (AUR), alemã (AfD) e polaca (PiS). Embora se saiba de antemão que a presidente da Comissão Europeia irá sobreviver politicamente, esta votação marca uma clara linha de fractura entre os blocos centristas, ainda dominantes, e os crescentes sectores radicais à esquerda e à direita.
O debate é mais simbólico do que prático, mas não deixa de revelar tensões que atravessam o novo Parlamento — incluindo os partidos portugueses. A seguir, a distribuição das posições segundo os grupos políticos europeus e as respectivas forças nacionais.
Contra a moção em apoio a von der Leyen
EPP – Partido Popular Europeu
Aliança Democrática (PSD, CDS-PP)
Votam contra, num apoio firme à presidente da Comissão, que foi eleita com os votos deste grupo. O EPP considera esta moção um “ataque oportunista da extrema-direita”.
S&D – Socialistas & Democratas
Partido Socialista (PS)
Votam contra, mas criticam a falta de ambição ambiental e o alegado conluio do EPP com a extrema-direita em certos dossiês. Condenam os ataques à legitimidade democrática da Comissão.
Renew Europe – Liberais Centristas
Iniciativa Liberal (IL)
Votam contra, mas exigem mais transparência institucional e ética nas decisões — nomeadamente nos contratos das vacinas e no financiamento europeu.
Verdes / EFA
Livre
Não têm eurodeputado formal, mas estão alinhados com o grupo. Defendem von der Leyen contra os eurocéticos, mesmo mantendo críticas ambientais.
A favor da moção contra von der Leyen
GUE/NGL – Esquerda Unitária Europeia
Bloco de Esquerda (BE) e Partido Comunista Português (PCP)
Votam a favor, acusando a Comissão de neoliberalismo, falta de solidariedade e submissão ao eixo EUA–NATO. Contestam também a resposta europeia à pandemia.
ECR / ID – Conservadores, Nacionalistas e Direita Radical
Chega (sem grupo oficial, mas com afinidade ideológica)
O Chega apoia a moção, alinhado com o AUR e o AfD, sob críticas à política de imigração, à centralização da UE e ao globalismo. Apesar de ainda não estar integrado formalmente, tenta uma aproximação ao grupo ECR
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A moção de censura não deverá passar — os grupos centristas (EPP, S&D, Renew, Verdes) continuarão a garantir a sobrevivência de von der Leyen. No entanto, o crescente peso político das margens (tanto da extrema-direita como da extrema-esquerda) tornou-se visível nesta batalha parlamentar. Também os partidos portugueses reproduzem, quase sem excepções, esta divisão ideológica europeia.
A sobrevivência institucional está assegurada. Mas a pressão política não cessará — e o equilíbrio europeu dependerá, cada vez mais, da arte de compor maiorias instáveis.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Uma lição de Democracia por Santana Lopes

 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Maria


 

O Velho Partido que Já Ninguém Quer Liderar

Durante décadas, o Partido Socialista Francês (PSF) foi o rosto do poder na França republicana. De François Mitterrand a Lionel Jospin, o PSF encarnou o ideal social-democrata europeu, reformista e institucional. Mas hoje, o partido não passa de uma sombra do que foi. Reduzido a um papel secundário, vive entre a nostalgia do passado e a ambição de se reinventar. A questão impõe-se: estamos a assistir ao restauro do PSF ou ao seu funeral político?
uma geringonça chamado NUPES 
A aliança com a extrema-esquerda, a NUPES (Nova União Popular Ecológica e Social), formada liderada por Jean-Luc Mélenchon, foi o ponto de viragem – ou melhor, de ruptura – para o PSF. Ao aceitar submeter-se à liderança da France Insoumise (LFI), o PSF abdicou da sua matriz europeísta e reformista, trocando-a por slogans revolucionários, posições antiocidentais e ecos marxistas reciclados.
A curto prazo, a NUPES permitiu eleger alguns deputados. A médio prazo, comprometeu a identidade do PSF e agravou as divisões internas. A longo prazo, revelou-se um suicídio estratégico.
Tentativas de reinvenção
Hoje, o PSF tenta sacudir a poeira ideológica da NUPES e apresentar-se como alternativa de centro-esquerda moderada, num espaço deixado vazio pelo colapso do macronismo. Apostou em Raphaël Glucksmann, cabeça de lista às Europeias de 2024, que obteve um resultado surpreendente ao recuperar parte do eleitorado social-democrata, urbano e educado.
Com este sinal de esperança, os socialistas ensaiam uma “segunda vida” política, sem radicalismos, mas também sem brilho. Recusam agora novas alianças submissas com a LFI, mas não conseguem ainda propor um projecto mobilizador e claro. Falta ambição, falta estrutura, falta narrativa.
Restauro ou morte?
Se conseguir consolidar um discurso próprio, realista e moderno, o PSF poderá regressar como força relevante no espaço progressista europeu. Mas o mais provável, a julgar pelas dinâmicas actuais, é que permaneça como um partido residual, útil apenas como força auxiliar em coligações ou como referência simbólica do passado.
A esquerda francesa está dominada pelos extremos. E o PSF parece, por ora, condenado a não liderar nem inspirar. Apenas a resistir. Por quanto tempo?

domingo, 6 de julho de 2025

Viagens ao Submundo da Extrema-Direita e… da Extrema-Esquerda

Vivemos num tempo em que as palavras perderam o peso e os rótulos se colam ao sabor da conveniência política. Fala-se muito da extrema-direita — com alarme, censura e estigmatização. Da extrema-esquerda, fala-se menos — ou com complacência, indulgência ou até simpatia. Mas a verdadeira viagem, a que interessa fazer com olhos abertos, é ao submundo de ambas.
O que encontramos, olhando para dentro de cada uma? Diferenças, sim. Mas acima de tudo: simetrias
Ambas operam por dicotomias absolutas: o bem e o mal, o puro e o corrupto, o oprimido e o opressor. Uma fala contra o “capitalismo e o patriarcado”, a outra contra “globalismos e imigracionismos”. Mas ambas querem o mesmo: 
destruir o centro, o equilíbrio, o espaço de liberdade.
A extrema-esquerda gramsciana pesca nos bairros e nas universidades. A extrema-direita, mais tecnológica nas redes socias, e nas periferias urbanos. 
Ambas oferecem o mesmo: pertença, identidade, uma explicação total do mundo — e um inimigo a abater. 
Cada lado tem os seus mártires e os seus slogans.
Liberdade Liberal? Querem substituí-la. 
A extrema-esquerda sonha com assembleias populares. A extrema-direita com a autoridade forte. 
Ambas desprezam os freios da democracia representativa, a liberdade de expressão para o adversário, o pluralismo, a dúvida, a moderação.

...e quanto à "Violência Justificada"? Ambas a justificam se esta for em nome da “causa”. 
A extrema-esquerda fala em “resistência” para encobrir vandalismo. A extrema-direita diz “autodefesa”. 
E ambas têm - mais aquela, menos esta- "imprensa amiga" pronta a relativizar, desde que escorra do lado certo. 
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Ambas se alimentam de redes internacionais, grupos de pressão e activismo estratégico. A extrema-esquerda infiltra universidades, meios culturais e ONGs. A extrema-direita vive mais  em plataformas paralelas, fóruns crípticos e estruturas informais. 
As duas extremas vivem de mitologias. De utopias passadas ou futuras, Cuba e o Che, reconquista ou os impérios perdidos. Ficções com função terapêutica: evitar encarar o presente e culpar terceiros pelo fracasso de tudo.
mas
A liberdade não vive em nenhuma das margens. Vive ao centro. Não no centrismo mole, mas na firmeza que recusa ambos os extremos com igual desdém.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

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Maria da Nazaré
1946 -2025

A Esquerda Ibérica que já não foge do barco a afundar-se!

As esquerdas estão a cair. Não é apenas uma impressão ou um fenómeno passageiro: é uma realidade política consolidada, quer em Portugal, quer em Espanha, quer no resto da Europa. E a sua queda é, ao mesmo tempo, evidente e inevitável. Porque deixou de haver esquerda. Ou melhor: o que se chama hoje “esquerda” não é senão uma caricatura de si mesma — uma burocracia cultural instalada no Estado, um moralismo sem povo, uma elite dependente do poder que já não sabe o que é viver fora dele.

Como recorda Rui Ramos no Observador, a esquerda nasceu no século XIX como contra-poder: era o movimento dos que estavam fora e contra os que mandavam, dos explorados contra os exploradores, dos marginalizados contra os poderosos. Era, nesse sentido, revolucionária. Mas, passada mais de uma centena de anos, algo se inverteu: hoje, as esquerdas estão no topo da máquina estatal, nas universidades, nas redacções dos jornais, nas direcções dos sindicatos, nos conselhos de administração das fundações com dinheiros públicos. Tornaram-se a nova aristocracia — sem nobreza, mas com muitos privilégios.
Em Portugal, o colapso começou antes. O PS perdeu a alma e os votos. A Geringonça foi a última tentativa de simular alguma forma de esquerda popular. O que ficou depois foi uma colecção de chavões ideológicos, políticas identitárias, e um sectarismo moral que afastou os eleitores reais. O povo fartou-se da “moral woke”, da corrupção sistémica e do desprezo pelas preocupações quotidianas: insegurança, imigração descontrolada, falta de autoridade nas escolas, injustiça fiscal. A nova oposição já não é apenas à direita — é contra todo um regime de esquerda instalado que se julga dono da democracia e da história.
Em Espanha, o processo está em curso. Pedro Sánchez, o grande ilusionista da política
ibérica, sobrevive à custa de alianças com o separatismo, com o extremismo e com o oportunismo. Governa contra o país real. Mas a maré também lá virou. As eleições europeias e regionais revelam o que já não se pode esconder: o eleitorado tradicional da esquerda está em dissolução. Tal como em Portugal, os mais pobres já não votam na esquerda porque a esquerda já não fala por eles. Fala, sim, por minorias activistas, por agendas internacionais, por ONGs bem financiadas e por burocratas bem colocados em Bruxelas. E os mais velhos, esses, começam a lembrar-se de quando havia ordem e alguma decência no governo.
Na Europa, o fenómeno repete-se com variantes locais: na Alemanha, os sociais-democratas desapareceram atrás dos Verdes, e os Verdes afundam-se com a sua impopularidade. Em França, o PS é hoje um partido residual. Nos Países Baixos, o populismo conservador ganha fôlego. Na Itália, a esquerda já nem esconde que perdeu. A nova divisão política já não é entre esquerda e direita, mas entre o povo e os que fingem representá-lo.
A esquerda perdeu o instinto de sobrevivência. Não tem capacidade para se adaptar. Já não foge do barco a afundar-se, porque já não reconhece que está a afundar-se. Prefere insultar quem salta para terra firme do que reconhecer os erros que a levaram até ao naufrágio.
Conclui-se, com ironia amarga, que “a esquerda já não precisa da direita para se afundar”. E tem razão. As esquerdas cavaram a própria sepultura ao confundirem moralismo com política, doutrinação com governo, e activismo com acção concreta. Esqueceram o povo, e o povo não esqueceu.
Em Portugal, o 18 de Maio foi um murro na mesa. Em Espanha, virá outro momento assim. E na Europa, os ventos sopram cada vez mais fortes contra um regime político que, com a máscara da democracia, impôs décadas de conformismo ideológico e incompetência social.

A esquerda morreu porque deixou de ser contra o poder. Tornou-se o próprio poder. E o poder, quando se serve a si mesmo, apodrece.

Choramos onde somos feridos.

Diogo Jota e o irmão não eram apenas dois rapazes. Eram todos os filhos.

“Há manhãs onde o mundo em que acordamos não faz sentido. Manhãs em que percebemos, de repente, que a vida não se cumpre no tempo certo. Como um jogador que corre isolado para a baliza e, já a festejar o golo, é abalroado por trás. Sem hipótese. Sem aviso.”

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Nacionalidade: Direito, Privilégio ou Fraude Legal?

Portugal não é um hotel onde qualquer um entra com reserva online. É uma pátria com memória, fronteiras e cultura própria. A nacionalidade portuguesa deve voltar a ser um privilégio para quem a merece, e não uma arma ideológica usada por quem despreza a nossa identidade.

A nacionalidade é, por definição, o vínculo jurídico que liga um indivíduo a uma comunidade política soberana. Mas é muito mais do que isso: é pertença, identidade, continuidade histórica. É, no fundo, uma forma de herança colectiva, que pressupõe raízes, cultura comum, e não apenas um número fiscal e um endereço registado num balcão de atendimento automático.
Nos últimos anos, em nome de uma ideologia jurídica “inclusiva” — ou mais directamente, em nome de um oportunismo político e eleitoral — Portugal tem vindo a degradar a noção de nacionalidade até à sua quase inutilidade simbólica.
Nacionalidade “automática”: a diluição da soberania
Sob a pressão de interesses partidários e de lóbis organizados, os sucessivos governos abriram a porta a um sistema de aquisição de nacionalidade por via automática, sem exigência de ligação efectiva ao país, bastando cumprir prazos legais, mesmo que sem qualquer integração linguística, cultural ou até de presença real em território nacional.
Como escreve Nuno Gonçalo Poças, a legislação portuguesa está hoje entre as mais permissivas da Europa. E esse facilitismo gera uma inversão lógica: já não é o estrangeiro que deve provar ligação a Portugal — é o Estado que deve justificar por que razão não lhe entrega a nacionalidade!
O caso mais gritante é o da nacionalidade atribuída a descendentes de judeus sefarditas, onde bastava uma certidão de uma comunidade israelita e uma genealogia com três ou quatro nomes ibéricos para obter passaporte português sem nunca pôr os pés no país. Resultado: milhares de estrangeiros, sobretudo oriundos de Israel, Rússia e Brasil, passaram a ter cidadania europeia sem qualquer ligação cultural ou comunitária a Portugal. Uma fraude legal com cobertura institucional.
A nacionalidade não é um brinde
Jaime Nogueira Pinto tem sido claro ao longo das décadas: a nacionalidade não pode ser vista como um direito humano universal. É um laço que exige reciprocidade: quem a recebe deve querer ser português — e provar que o merece.
Mas em Portugal, inverteu-se esta ordem. A nacionalidade tornou-se um brinde administrativo, usado para "compensar" minorias, agradar a lóbis religiosos ou ganhar influência geopolítica entre comunidades de emigrantes.
Ao mesmo tempo, a nacionalidade continua a ser recusada ou adiada a luso-descendentes reais, que, por exemplo, vivem em Timor, Goa ou em África, e que partilham cultura, religião, língua e História com Portugal. Esses, por não entrarem no “formato” das minorias promovidas, não são prioritários.
Nacionalidade é continuidade histórica — não engenharia social
João Pedro Marques tem apontado com acerto os perigos do apagamento histórico e da substituição identitária. A nacionalidade não pode ser usada como instrumento de engenharia social multicultural, promovido por uma elite que despreza a História e vê o país como uma folha em branco onde se podem desenhar novas comunidades “sem passado”.
A nacionalidade portuguesa é o culminar de séculos de construção civilizacional, não um número no passaporte europeu. Não se pode dar nacionalidade a alguém que não fala português, não conhece Camões, não sabe o que foi a Restauração ou as Descobertas, e que, em alguns casos, vive em comunidades fechadas, com códigos religiosos e culturais próprios que chocam com os valores ocidentais.
Um novo modelo: rigor, selecção e afinidade cultural
É urgente restaurar o valor da nacionalidade. Para isso, proponho:
-Revisão profunda da Lei da Nacionalidade, pondo fim às atribuições automáticas;
-Exigência de prova efectiva de integração cultural e linguística;
-Priorização da nacionalidade para luso-descendentes de países com laços históricos e culturais comprovados (PALOP, Goa, Timor, Brasil tradicional);
-Rejeição liminar da nacionalidade para indivíduos com histórico de separatismo cultural, radicalismo religioso ou criminalidade associada à imigração abusiva;
-Suspensão dos programas de nacionalidade por investimento (golden visa cultural disfarçado).

Portugal não é um hotel onde qualquer um entra com reserva online. É uma pátria com memória, fronteiras e cultura própria. A nacionalidade portuguesa deve voltar a ser um privilégio para quem a merece, e não uma arma ideológica usada por quem despreza a nossa identidade.

Imigração: Entre a Ideologia das “Portas Abertas” e a Defesa da Identidade Portuguesa

A imigração é hoje, talvez mais do que nunca, um dos grandes temas que definem o futuro de uma nação. Em Portugal, porém, o debate continua sequestrado por slogans, preconceitos ideológicos e medo de enfrentar o essencial: que tipo de país queremos ser? E, mais concretamente: quem queremos acolher, e em que termos?
Há, neste debate, duas visões em confronto. Uma delas é a da esquerda globalista e multiculturalista, que nos quer convencer de que todas as culturas são iguais, todas são compatíveis, e que a imigração em massa, desordenada e sem critério, é não só inevitável como desejável. A outra visão — a que defendo — parte da realidade concreta e da História: a imigração só é saudável se for compatível com os valores e a identidade cultural da sociedade que a recebe.

Os apóstolos das “portas abertas”
O coro das “portas abertas” é ruidoso. Compõe-se do Bloco de Esquerda, do Livre e de boa parte do Partido Socialista. Acompanha-os uma legião de ONG, com destaque para o SOS Racismo, a Amnistia Internacional e várias agências subsidiadas por fundações estrangeiras. Nos bastidores, a Open Society de George Soros é omnipresente, financiando o mesmo tipo de discurso em Lisboa, Bruxelas ou Nova Iorque.
Para este universo político e ideológico, a imigração é quase uma nova religião. Não importa se quem chega tem qualquer respeito pelos valores ocidentais, se aceita ou não a igualdade entre homens e mulheres, se quer ou não integrar-se. Basta chegar — e passa a ter direito a tudo: saúde gratuita, habitação, subsídios, nacionalidade. Tudo, menos o dever de se adaptar.
A quem serve esta imigração desordenada?
É preciso perguntar: quem beneficia com esta imigração de massas?
Seguramente não são os portugueses que vivem nos bairros periféricos das grandes cidades, onde os serviços públicos estão saturados e onde aumentam as tensões culturais. Não são os pequenos empresários portugueses, que vêem a concorrência desleal de trabalho informal. E muito menos são os trabalhadores nacionais, que sofrem com a pressão descendente nos salários provocada pela mão-de-obra vinda de fora sem qualquer exigência. Esta imigração desordenada interessa a uma elite política e económica que vê nas populações migrantes votos fáceis, massa de manobra e mão-de-obra barata. Interessa também à ideologia do “cidadão do mundo”, que abomina a noção de pátria e vê no “nacionalismo” um pecado capital.
Imigração sim, mas com critérios
Ao contrário da caricatura que a esquerda constrói, não defendo o “fecho de fronteiras”. Defendo sim uma política de imigração selectiva, inteligente e patriótica. E aqui, importa fazer uma distinção fundamental — que quase ninguém ousa fazer, mas que é decisiva.
Portugal tem uma longa História de ligação aos povos do antigo Ultramar. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste partilham connosco não apenas a língua, mas séculos de convivência cultural, religiosa, jurídica. Os portugueses que vieram desses territórios, ou os seus descendentes, fazem parte da nossa identidade alargada. São portugueses na alma e na cultura onde a nossa matriz europeia se junta com a das culturas africanas que adoptámos como nossas.
Bem diferente é a imigração oriunda de países com culturas totalmente alheias ou mesmo hostis à matriz europeia-cristã, como o Paquistão, o Bangladesh, a Argélia ou o Afeganistão. Não se trata de racismo — trata-se de realismo. Não se trata de preconceito — mas de experiência histórica. A integração de comunidades que praticam o separatismo cultural e religioso, que colocam a sharia acima da Constituição, e que vivem em enclaves, tem sido um fracasso em toda a Europa Ocidental.
O direito — e o dever — de escolher quem acolhe
Num tempo em que a Europa assiste à fragmentação das suas sociedades, à radicalização identitária e ao crescimento de zonas de “não-direito”, Portugal não pode seguir o mesmo caminho de olhos fechados. Não somos obrigados a repetir os erros da Suécia, da França ou da Bélgica.
É possível — e desejável — acolher quem venha trabalhar, respeitar a nossa cultura e contribuir para o país. Mas é essencial pôr fim à imigração desordenada, facilitada por vistos automáticos e burocracias politizadas. Não é um gesto de intolerância — é um acto de lucidez.
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Como português, como europeu e como homem livre, defendo que a identidade cultural de um povo não se negoceia, não se desconstrói por decreto e não se dissolve por medo de ofender. Portugal é um país hospitaleiro, mas tem o direito de ser exigente e selectivo na hora de abrir as suas portas. Só assim continuará a ser Portugal.

 

terça-feira, 1 de julho de 2025

o lápis do Lopes!


Pedro Marques Lopes, a quem imagino suando por todos os poros, com a ponta da língua escapando pelo cantinho da boca, ansioso como sempre por demonstrar que é incapaz de raciocinar, resolveu, a dado momento da sua vida, escrevinhar redacções. Nestas coisas da escrita, há de tudo e para todos os gostos. Lopes, encontrando-se incontáveis furos acima do aborrecimento que constitui o trabalho e o pensamento, fez da agenda da semana decorada um catecismo. Nunca se engana, acerta sempre – uma graça concedida a todos os que não vivem no sufoco de terem de pensar sozinhos e cospem o que vão ouvindo dizer conquanto pareça não aleijar. Escrevinhou, com pontuação e tudo,
uma composição anunciando ao mundo a valentia de denunciar o que alguém lhe soprou como o colaboracionismo que para aí vai para com a extrema-direita.

Se houve coisa que em Portugal, nos últimos 50 anos, não foi tolerada – e ainda bem! – foi a extrema-direita. Mário Soares, por exemplo, não deixou de avisar que uma possível vitória da direita de Sá Carneiro podia perfeitamente significar o regresso do fascismo ao país, o que, segundo vários terroristas de extrema-esquerda, serviu de mote a mais de meia década de mortes, bombas e assaltos.

Enfim, a extrema-esquerda nunca teve colaboracionistas. Talvez porque a esquerda nunca sofre de radicalismo,

e quando dele padece é porque o radicalismo é especial, magnânimo e bondoso. Talvez por isso não foram tratados como colaboracionistas os capitães de Abril que, conhecendo a ligação de Otelo Saraiva de Carvalho às FP25 de Abril, fizeram questão de lhe sugerir que se afastasse do terrorismo, mas nunca se tenham lembrado de o denunciar às autoridades. Muito menos foram rotuladas de colaboracionistas essas autoridades. Nem o presidente da República, que, conhecendo também indícios do envolvimento de Otelo com o terrorismo antidemocrático, resolveu antes condecorá-lo com a Ordem da Liberdade. Ou o então deputado Manuel Alegre, que chamava Otelo à atenção, como um cuidador informal de um filho tonto, enquanto este último ia apontando nos seus caderninhos quantos tiros se devia dar e a quem. Colaboracionistas não foram, também, todos os dirigentes socialistas que combateram mais pelos direitos dos terroristas presos do que pelas vítimas enterradas, e que proporcionaram a fuga de uma prisão que acabou em mais mortes. Nem foram colaboracionistas todos os generosos humanistas que lutaram pela amnistia de terroristas julgados e condenados e nunca gastaram do seu vasto latim para defender as famílias dos mortos e baleados: Maria de Lurdes Pintasilgo, Agostinho da Silva, Maria do Céu Guerra, José Saramago, José Mário Branco e tantos outros. Não foram colaboracionistas os dirigentes do Banco de Portugal que, tomando conhecimento de que o tesoureiro da instituição ia ser detido por dirigir uma organização que matou a torto e a direito, o deixaram fugir. Nem os médicos e professores da Universidade de Lisboa que lhe passavam atestados falsos para o manter de férias no Banco. Muito menos o jornal que convidou o terrorista em fuga a almoçar no Pabe e a dar-lhe honras de grande página. Não foram colaboracionistas os jornalistas com ligações às Brigadas Revolucionárias ou à ETA que cobriram o julgamento – talvez colaboracionistas fossem apenas os colegas honestos que por lá andavam, as polícias, magistrados ou as próprias vítimas, de quem se chegou a dizer que só o eram por culpa própria. Colaboracionista foi, como tese que vingou durante anos, o Estado que perseguiu, muito contra a vontade de boa parte do poder político, gente cândida e sonhadora.

Talvez não seja suficientemente lembrado, mas por alturas da aprovação da amnistia aos terroristas das FP25 o país, da esquerda à direita, manifestou-se largamente, e bem, contra o bárbaro e repugnante homicídio de Alcindo Monteiro. E talvez esqueça mesmo, por amnésia, ignorância ou má-fé, outros tantos detalhes da História recente deste país que o adora.

Quando o Governo de José Sócrates perseguiu professores por delito de opinião, manobrou empresas públicas e privadas para perseguir objectivos particulares, condicionou a comunicação social, perseguiu jornalistas, procurou, e chegou mesmo a ter algum sucesso na tarefa, condicionar o poder judicial e o Ministério Público, enfim, quando o Partido Socialista liderado por José Sócrates, e apascentado por uma cáfila de príncipes que se mantém impune e que continua a existir publicamente sem sanção, violou todos os princípios da democracia, também nunca por esses anos se ouvia falar em colaboracionistas. Entre 2006 e 2011, o país esteve perante a maior ameaça à democracia desde 1976, mas quem terá colaborado com a afronta? Colaboracionistas? Nem vê-los, que os democratas da época enchiam o bandulho ceando à mesa de Sócrates e sorriam para a democracia.

E quando António Costa, a respeito de uma questão de saúde pública, deixou de auscultar o Conselho Nacional de Saúde Pública e passou quase dois anos a cometer inconstitucionalidades e ilegalidades, violando liberdades básicas, quem terá visto por aí colaboracionistas? Nem um! «Diga a Constituição o que disser», arfava Costa, democraticamente. O Tribunal Constitucional, entretanto, teve de se pronunciar quase duas dezenas de vezes e reconheceu as inconstitucionalidades. Os democratas, os moderados, os sensatos, os bondosos, os santos da República, para salvarem a democracia, o que resolveram, então, fazer? Reconhecer o erro? Nunca! Marques Lopes alguma vez suspeitou do colaboracionismo para com gestos evidentes de derrube democrático vindos dos seus próprios centros de poder? Jamais! Sugeriu-se, depois, alterar-se a Constituição, para que da próxima vez não nos andemos aqui a arreliar com essas minudências dos direitos, liberdades e garantias. Colaboracionistas? Safa, são lá capazes disso os bons democratas que Marques Lopes tanto estima e bajula.

E não se mencione sequer o que a Europol menciona nos seus últimos relatórios TE-SAT (aqui analisado o de 2023 pelo Diogo Noivo, e aqui o relatório de 2024). Se o sapiente Marques Lopes tem o azar de os ler, ainda fica a saber que os atentados pela extrema-esquerda estão longe da extinção e que ultrapassam em larga medida o terrorismo praticado pela extrema-direita. Mantenha-se na ignorância, por favor, poupe-se ao colaboracionismo.

Enquanto o país, permanece incapaz de colaborar massivamente com meia dúzia de brutos com soqueiras e botas de biqueira de aço. O Marques Lopes vê numa minoria um risco anti-democrático; vislumbra colaboracionismo naqueles que, recusando a brutalidade da extrema-direita, rejeitam também a benevolência para com os leninismos empedernidos sob a aparência das boas causas; e é incapaz de olhar à sua volta sem ter a mais leve suspeita de que as maiores ameaças à democracia portuguesa nunca foram as minorias de brutos e selvagens, mas demasiados sonsos, sabujos, dependentes e tiranetes que ocuparam e ocupam as cadeiras do poder e que vestem a si mesmos o manto da democracia. Marques Lopes, coitado, não colabora, porém. Mesmo nestas coisas dos que aspiram a colaborar com a mediocridade é preciso descer uns níveis e ir aos métodos do futebol: faz sempre falta um bom jogo de cabeça. E Marques Lopes, para bem de todos, não tem.

domingo, 22 de junho de 2025

O OMO-jornalismo tira as nódoas vermelhas...


Este print screen da página online do PÚBLICO é um bom exemplo de OMO-jornalismo: na primeira versão noticia-se a morte de Mouta Liz, um dos fundadores da organização terrorista FP-25: “Morreu esta sexta-feira, um dos fundadores da organização terrorista de extrema-direita FP-25. Tinha 85 anos.” O erro é óbvio: as FP-25 não eram de extrema-direita mas sim de extrema-esquerda. Mas poderíamos admitir estar perante mais um exemplo do enviesamento ideológico que campeia pelas redacções e que leva a que automaticamente se associem a violência e o terrorismo à extrema-direita, para mais com o caricato de na fotografia Mouta Liz, (o primeiro da esquerda), César Escumalha e Pedro Goulart estarem, não a fazer a saudação nazi, como se esperaria duma organização de extrema-direita, mas sim de punho erguido. É o chamado não ter noção!
Contudo o mais interessante acontece quando a notícia é corrigida: “Morreu esta sexta-feira José Mouta Liz, um dos fundadores da organização terrorista FP-25. Tinha 85 anos.” Assim, simplesmente “organização terrorista”. Ao não serem de extrema-direita as FP-25 deixaram automaticamente de ter ideologia, tornando-se apenas uma “organização terrorista”. É aqui que entra o OMO-jornalismo, esse processo contínuo e constante na comunicação social de lavagem da violência da esquerda ou dos grupos e regimes que a esquerda apoia, defende ou “compreende” e que tanto podem ser agora o Hamas como, num passado não tão distante, os khmers vermelhos do Cambodja (vale a pena ouvir o Resto é História dedicado a este assunto), a ditadura comunista em Cuba (o problema era sempre o embargo dos EUA!), a actividade dos terroristas da ETA em Espanha e, em Portugal, as FP-25.
O exercício do OMO-Jornalismo reduz frequentemente as notícias a uma sucessão de absurdos em que cada afirmação omite uma parte significativa da informação — veja-se o que acontece com as notícias sobre a autoria e as motivações dos esfaqueamentos que já se banalizaram por essa Europa fora — ou, como sucedeu na morte de Mouta Liz, transforma o fundador de um movimento terrorista responsável por crimes de sangue numa espécie de assaltante de bancos por razões ideológicas não identificadas: “Morreu José Mouta Liz, um dos fundadores das FP-25. Tinha 86 anos. Foi considerado um dos responsáveis pelo célebre assalto a uma carrinha de valores do então banco Fonsecas & Burnay. Mouta Liz foi condenado a 17 anos de prisão, mas acabou por beneficiar de uma amnistia para crimes com motivações políticas aprovada pela Assembleia da República. Apoiante de Otelo Saraiva de Carvalho, Mouta Liz era defensor da violência armada como método de ação política, mas sempre negou ter participado em atividades terroristas” escreve a SIC Notícias num texto que é uma ilustração do absurdo a que leva o OMO-Jornalismo pois nada bate certo: Mouta Liz beneficiou “de uma amnistia para crimes com motivações políticas” mas quais eram as motivações políticas de Mouta Liz? E ele foi condenado porquê? Por causa do “célebre assalto”? Então o “célebre assalto” tinha motivações políticas? E quais seriam elas? Não só não se diz nada como ainda se acrescenta mais confusão: “Mouta Liz era defensor da violência armada como método de ação política” — mas de que acção política? Em resumo, tudo lido e espremido, Mouta Liz terá sido responsável por um “célebre assalto”. Uma celebridade, portanto.
É do mundo do OMO-Jornalismo que vêm as palavras que aplicamos aos protagonistas da violência. Por exemplo, o que distingue um nazi dum activista não é tanto a natureza criminosa dos actos que praticam ou pretendem vir a praticar mas sim o facto de uns desses grupos estarem na extrema-direita e os outros na extrema-esquerda. E se perante um nazi temos obviamente uma resposta imediata e reflexa de condenação, perante o desideologizado activista somos de imediato convidados a compreender que a bondade dos seus objectivos implica senão tolerância pelos menos alguma desvalorização dos métodos a que possam recorrer. Sobre o que pensa o activista nem uma palavrinha! O OMO-Jornalismo é aquele que tira as nódoas vermelhas mesmo as mais difíceis, como as que são deixadas pelo terrorismo de esquerda.
Mas como às vezes acontece a verdade veio ao de cima no caso de Mouta Liz e o PÚBLICO faria uma terceira e até agora última versão da sua notícia sobre a sua morte: “Morreu esta sexta-feira José Mouta Liz, um dos fundadores da organização terrorista de extrema-esquerda FP-25. Tinha 86 anos.”
Sim, José Mouta Liz não só teve a vida longa que foi roubada às vítimas das FP-25 como não morreu caído no chão sob as balas disparadas pelos homens das FP-25, como aconteceu a Alexandre Souto, Álvaro Militão, Rogério Canha e Sá, Agostinho Francisco Ferreira, José Lobo dos Santos, Henrique Nascimento Hipólito, Fernando Abreu, José Manuel Rosa Barradas, Diamantino Monteiro Pereira e Gaspar Castelo Branco, ou desfeito pelas bombas que eles colocaram como aconteceu ao bebé Nuno Dionísio e aos soldados da GNR Adolfo Dias e Francisco Ouvidor Silva.
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José Mouta Liz morreu aos 86 anos numa cama de hospital.
Hospital privado, obviamente.


sábado, 21 de junho de 2025

o novo “Ancien Regime” na clara visão de Jaime Nogueira Pinto

“Ou seja, o grande capital globalista, que à solta, parece convergir com o que resta das esquerdas utópicas radicais na guerra às nações, às religiões, às identidades e às fronteiras, enquanto fomenta a vinda de escravos baratos das periferias. O Centrão sobrevivente governa onde ainda pode, e na luta desesperada contra “a extrema-direita”, mobilizam-se os aparelhos culturais e informativos: a “academia”, os media e agora, como ultima ratio regum, também os tribunais (fizeram-no com sucesso na Roménia e em França).
Mas, não parece estar a funcionar. 
Talvez só uma mudança radical do sistema criado nos últimos 35/40 anos possa parar o dito crescimento dos populismos e da “extrema-direita”, mudança a que os criadores, senhores e benificiários da ordem estabelecida não querem ou não podem proceder. Por isso, ao que tudo indica, a revolta vai continuar, vai crescer e vai também tornar-se cada vez mais consciente e convicta, passando, inevitavelmente, do puro protesto às convicções e às alternativas.
No mundo multipolar de hoje, na nova ordem internacional, ou no presente interregno para uma nova ordem internacional e perante o declínio político e estratégico da Europa – cujas elites esvaziadas, deslumbradas ou desesperadas subscrevem e prescrevem as extravagâncias decadentistas das novas esquerdas –, assistimos à reacção de povos acordados pelas consequências económicas e sociais das políticas dos últimos anos.
A resistência, que se exprime agora sobretudo nas urnas, é a revolta dos “bárbaros” que escolhem a nação, a família, a identidade e a liberdade contra o globalismo, o hedonismo e a tutela dos “iluminados”, instalados no poder. “Iluminados” que deixaram há muito de ser a revolução para serem agora “o sistema”, “o regime”, o novo Ancien regime.”

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Activismo-Jornalístico e a Estratégia da Difamação ou Como a Extrema-Esquerda Usa o Medo para Mascarar a Derrota Política

Neste artigo proponho-me a uma análise crítica ao fenómeno crescente do activismo-jornalístico em Portugal, particularmente à forma como sectores da extrema-esquerda e seus aliados mediáticos promovem a retórica do “perigo nazi” e da “extrema-direita” para encobrir um duplo fracasso: a erosão eleitoral e a incapacidade de mobilização popular. Numa época em que a esquerda radical perde terreno nas democracias ocidentais, a construção de narrativas de medo torna-se uma ferramenta táctica de sobrevivência política. Este texto desmonta essas narrativas, expõe as suas motivações ideológicas e revela os perigos para a democracia quando o jornalismo abandona a função de informar para se tornar instrumento de propaganda.

A derrota política e a reinvenção da agitação
A derrocada eleitoral da esquerda e da extrema-esquerda na generalidade dos países democráticos é um facto documentado e Portugal não é excepção: nas Legislativas de Maio de 2025, partidos como o Bloco de Esquerda e o Livre perderam representação ou viram-se politicamente irrelevantes. Perante este colapso, a estratégia da mobilização popular revelou-se ineficaz. Sem massas, resta a encenação.
Inspirando-se nos ensinamentos de Lenine no "Que Fazer?", a extrema-esquerda portuguesa recorre hoje à criação artificial de um inimigo absoluto: “os nazis” e “a extrema-direita”. Este recurso tem dupla função: legitima o seu activismo residual e permite capturar o espaço mediático. A técnica é conhecida e já gasta: provocar pequenos tumultos e depois amplificá-los através de jornalistas ideologicamente alinhados. Trata-se de uma engenharia da percepção pública, na qual a violência ou a tensão são pré-fabricadas para justificar alarmismos.
O papel do activismo-jornalístico e a fabricação do medo
Casos recentes revelam com clareza esta mecânica. O discurso da deputada Moreira, que afirma que “o maior factor de insegurança em Portugal é a extrema-direita”, ignora deliberadamente a realidade factual da violência urbana que assola Lisboa — muito dela concentrada em zonas com forte imigração ilegal e ausência do Estado como se afirma no Relatório Anual de Segurança Interna, o RASI 2024.
Note-se, como exemplo, que a agressão a um actor ou a um voluntário, por lamentável que sejam, é amplificada como evidência de uma alegada “ameaça fascista”, ao passo que casos quotidianos de violência extrema — desde o motorista da Carris incendiado até às agressões contra profissionais de saúde, polícias esfaqueados ou idosos assaltados — são omitidos ou relativizados, porque não se encaixam na narrativa. A indignação é selectiva. A sua ausência, reveladora!

A falácia militante: notícias ou peças de agit-prop?

Circulam nas redes sociais vídeos como este ou este, nos quais se procura associar actos de intimidação ou vandalismo a um crescimento do “nazismo”. Trata-se de uma operação semiótica: usar símbolos, estética ou episódios isolados para sugerir a existência de uma “milícia organizada”. A cobertura do Correio da Manha sobre “neonazis a prepararem atentados” parece retirada de um thriller de segunda ordem. As fontes são opacas, os factos vagos, o contexto ausente.



Já o Público insinua uma infiltração da
“extrema-direita” nas forças de segurança, embora a notícia se baseie em investigações preliminares, sem condenações e sem robustez probatória. O objectivo não é informar: é alimentar a suspeita e associar instituições — nomeadamente as polícias — a um alegado “perigo reaccionário”. É um modelo clássico de difamação por associação, que visa deslegitimar os corpos de soberania que escapam ao controlo ideológico da esquerda.
usando a manipulação como substituto da política
O fenómeno descrito não é apenas desonesto; é perigoso. Quando os órgãos de comunicação social se tornam extensões da militância partidária, o espaço público deixa de ser livre e plural. A táctica de chamar “nazi” a tudo o que escapa ao controlo da esquerda não visa proteger a democracia — visa desacreditar a alternância democrática.
Este padrão reflecte o desespero de quem perdeu o poder real, mas mantém influência simbólica nos media, universidades e administrações. Tal como no PREC se rotulava tudo o que resistia como “fascista”, também hoje se invoca o “perigo nazi” como reflexo de uma psicose ideológica que teme a soberania popular.
a extrema-esquerda e jornalismo-activista entre a decadência e o fingimento
A actual campanha da extrema-esquerda portuguesa, sustentada por jornalistas-militantes, é a última trincheira de um projecto político em colapso. Incapazes de convencer o eleitorado, tentam agora governar a percepção. Mas o povo — nas urnas, nas ruas, nas redes — começa a perceber o truque.
A vigilância democrática exige que se denuncie esta simbiose entre jornalismo e activismo. O medo fabricado, a mentira propagada e a indignação selectiva não devem servir para inverter o resultado eleitoral. Devem, isso sim, ser estudados como sintomas de uma esquerda órfã de povo e viciada em propaganda.
Fontes:
[Relatório Anual de Segurança Interna, RASI 2024]
[https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/neonazis-preparavam-atentados-contra-politicos]
[https://www.publico.pt/2025/06/19/sociedade/noticia/tres-agentes-forcas-seguranca-estarao-envolvidos-milicia-neonazi-desmantelada-pj-2137136]
[https://www.facebook.com/share/v/1CJzPBhbmP/]
[https://www.facebook.com/share/v/16PFzFzkSV/]

Quando a “Sociedade Aberta” se Torna um Sistema Fechado de Influência

Uma investigação conduzida por Grégor Puppinck, jurista francês e director do European Centre for Law and Justice (ECLJ), revela o que há muito tempo se suspeitava: a promiscuidade entre organizações internacionais e grandes fundações privadas, em especial a Open Society de George Soros e a Fundação Gates.
Segundo os relatórios financeiros do próprio Conselho da Europa, entre 2004 e 2014, a Open
Society e a Microsoft foram os maiores doadores privados da organização. Estas entidades financiaram directamente iniciativas políticas e culturais do Conselho, incluindo projectos como o Instituto Europeu de Artes e Cultura Cigana. Com o tempo, os pagamentos foram canalizados por fundos extra-orçamentais, mais opacos.
Mas a questão vai mais além da Europa. A Fundação Gates foi, em 2019, o segundo maior financiador da Organização Mundial de Saúde (OMS), com 530 milhões de dólares, ultrapassando muitos Estados soberanos. O Tribunal Penal Internacional e a própria ONU também beneficiaram de “doações voluntárias” oriundas destas fundações. O resultado é previsível: estruturas supranacionais vulneráveis à influência de bilionários sem legitimidade democrática.
Puppinck denuncia ainda o entrismo — e até conluio — de personalidades directamente ligadas à Open Society em cargos chave. O exemplo mais grave talvez seja o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos: dos 100 juízes nomeados nos últimos dez anos, 22 vieram de sete ONGs financiadas por Soros, e 18 intervieram em casos envolvendo directamente essas mesmas organizações — uma clara violação das normas de imparcialidade judicial. 
Esta realidade foi denunciada por vários deputados ao Comité de Ministros do Conselho da
Europa, mas os 48 embaixadores continuam sem dar resposta. Bruxelas também foi interpelada. No entanto, a Comissão Europeia, através da vice-presidente Věra Jourová, respondeu que “não tem dúvidas quanto à independência do Tribunal”. Curiosamente, a mesma Jourová aparece fotografada com Soros, elogiando os “valores da sociedade aberta” no seio da União Europeia.
Mais do que suspeitas, estamos perante um sistema paralelo de influência, que se aproveita da fragilidade orçamental de organismos internacionais para colocar as suas agendas políticas acima da soberania dos Estados e do escrutínio democrático. A questão que se impõe é simples, mas urgente: quem governa, de facto, o mundo institucional que nos representa?

 

terça-feira, 17 de junho de 2025

Por que razão?

Não restem dúvidas sobre dois factos.

O primeiro é este: todos estes casos de violência são repugnantes, os seus actores merecem desprezo moral e o Estado deve ter os mecanismos próprios de Direito e Justiça para lhes responder, investigando e, sendo o caso, punindo exemplarmente quem os cometeu.

O segundo é o seguinte: independentemente dos mecanismos do Estado de Direito (que merecem toda uma discussão à parte desta), nenhuma democracia sobrevive moral e eticamente quando, no espaço de poucos dias, uns crimes merecem destaque mediático e reacções do poder político, e outros não. Ou quando o poder político decide reagir em função do mediatismo que é oferecido a determinados crimes, ou em função do peso eleitoral que tem a classe profissional a que a vítima pertence.

Por que razão todos os agentes políticos se manifestam perante um episódio levado a cabo por um grupo de extrema-direita e ao mesmo tempo se calam perante um homicídio levado a cabo por um português de etnia cigana que, além de ter assassinado um filho, queria forçar uma sua filha, menor, a casar-se contra a sua vontade?
Por que razão (mais um) caso de violência entre adeptos de desporto é olimpicamente ignorado pelo poder político, mas tratando-se de um agente da PSP até o Primeiro-ministro sente necessidade de vir a público manifestar-se e repudiar a violência?
Por que razão o episódio da Amareleja se cinge às páginas do Correio da Manhã? A menina cigana não tem dignidade suficiente ou os desejosos de demonstrar a sua superioridade moral, sempre tão zelosos dos direitos das mulheres, ficaram hesitantes sobre de que lado estar neste caso concreto?

É assim tão difícil afirmar que nenhum acto de violência, excepto em casos de exclusão de ilicitude (como a legítima defesa, por exemplo), é aceitável, e que todos eles merecem repúdio e que as autoridades devem fazer o seu trabalho? Não, não é. Excepto numa sociedade que vive mais da exibição da sua superioridade moral, das suas agendas políticas e da sua cobardia do que da coerência e da integridade dos seus valores.
(Nuno Gonçalo Poças)

Entre o Medo e o Desprezo: Como o “Observador” Fala do CHEGA… e dos seus Eleitores

O jornal Observador e a sua estação de rádio associada tornaram-se, nos últimos anos, referências incontornáveis da direita portuguesa. Mas não qualquer direita: é uma direita ordeira, urbana, liberal nos impostos, conservadora nos costumes, mas – acima de tudo – institucionalista. É a direita que teme a desordem, mas que despreza o povo que não vota “como deve ser”.

Esta tensão entre o desejo de mudança e o medo de ruptura revela-se com clareza nas análises e comentários que o Observador dedica ao partido CHEGA e, talvez ainda mais interessante, aos seus eleitores.
O que pensam os jornalistas e comentadores do “Observador” sobre o CHEGA?
Uma atitude predominante: crítica e desconfiança
O CHEGA é frequentemente descrito como populista, radical, ou antieuropeísta, embora esta última caracterização varie.
Há uma tentativa frequente de diferenciar o eleitorado do CHEGA da liderança de André Ventura, numa abordagem que sugere que os eleitores podem ser compreendidos, mas o líder é muitas vezes retratado como oportunista ou perigoso.
Comentadores como José Manuel Fernandes, Rui Ramos ou João Marques de Almeida já escreveram ou disseram publicamente que o crescimento do CHEGA é um sinal de falência da representação tradicional, mas recusam normalizar o partido ou incluí-lo numa eventual coligação governativa.
Editorialmente:
jornal recusa associar-se à tese de “cordão sanitário” à moda francesa, mas também recusa dar legitimidade institucional plena ao CHEGA, especialmente ao nível do governo nacional.
Mas em vários artigos de opinião, considera-se que o partido:
não apresenta um programa de governo consistente,
alimenta-se do ressentimento e de um discurso de rutura emocional,
beneficia da inépcia do sistema partidário tradicional e da impopularidade da esquerda.

O Partido que os Assusta e os eleitores que os Incomodam 
Na generalidade dos seus editoriais, artigos de opinião e espaços de comentário, o CHEGA é descrito como um partido populista, radical, perigoso para as instituições e para o prestígio do regime. Não se trata apenas de uma crítica ideológica, mas de um juízo moral: André Ventura é apresentado como manipulador, oportunista e calculista. Já o partido, por seu turno, é visto como um vazio programático preenchido por indignação e ressentimento.
Contudo, o Observador não comete o erro ingénuo de tratar todos os eleitores do CHEGA como fascistas, ignorantes ou xenófobos. Pelo contrário, alguns dos seus colunistas mais sérios – Rui Ramos ou João Marques de Almeida – reconhecem que muitos votos no CHEGA são respostas legítimas a uma representação política falhada, a um sistema que abandonou os seus cidadãos, e a uma classe política que vive num mundo paralelo.
A tensão é esta: compreendem-se os eleitores, mas recusa-se a sua escolha.
Compreendem os eleitores, mas desprezam o seu voto.
O Observador diz entender os portugueses que votam CHEGA… mas continua a tratar o partido como um acidente, um erro ou uma ameaça.
Talvez o que os incomoda não seja o radicalismo de Ventura, mas o facto de milhares de cidadãos terem deixado de pedir licença para protestar — e começado a votar contra o regime.
O Artigo Que Foge ao Roteiro
Curiosamente, é o próprio Observador a publicar (17Junho2025), um artigo intitulado “O que pensam os eleitores do CHEGA?”, que procurou, com alguma honestidade, contrariar a narrativa dominante. Nesse texto, os autores denunciam a visão condescendente com que muitos jornalistas tratam os apoiantes de Ventura: como se fossem analfabetos funcionais, desinformados, ou fanáticos racistas.
Nada disso resiste ao confronto com a realidade: o artigo retrata um eleitorado que, longe de ser irracional, revela consistência nos temas que elege como prioritários (corrupção, insegurança, imigração, justiça), e um profundo descrédito nas promessas recicladas pelos partidos do costume.
A ironia não deixa de ser amarga: o jornal que alberga colunistas que diabolizam Ventura, é o mesmo que reconhece que milhares de portugueses apenas querem ser ouvidos – e que, sendo ignorados, começaram a gritar.
O Limite da Compreensão
O Observador quer ser moderno, mas não disruptivo. Quer ser crítico do regime, mas sem romper com ele. Quer dar espaço à crítica popular, mas teme a força do povo quando este se organiza politicamente fora das fronteiras convencionais.
Talvez por isso o CHEGA seja simultaneamente o partido mais escrutinado e o mais mal interpretado pelas direitas institucionais. Porque representa não uma alternativa intelectual, mas uma insurreição emocional e social – o grito de quem já percebeu que este sistema não muda com bons modos.
E é exactamente por isso que, mesmo quando os jornalistas do Observador escrevem que compreendem os eleitores do CHEGA, continuam a escrever como se esses eleitores tivessem votado mal.

Manuela

 


domingo, 15 de junho de 2025

Avenida Almirante Reis

Ballymena, ouviu falar? E de barbarização?

Há vários dias e noites que nesta cidade da Irlanda do Norte se r
epetem os ataques à polícia, a destruição de casas e os confrontos. Habitualmente estas situações são objecto de notícias e debate com a grelha do costume: sim, poderá ter acontecido a violação – mas alegada – duma adolescente. Sim, os alegados autores da alegada violação podem ser imigrantes, no caso talvez romenos ou ciganos originários da Roménia (desconhece-se a identidade dos detidos porque são menores mas sabe-se que o tribunal recorreu a um tradutor de romeno para recolher as suas declarações). E sim, desde então sucedem-se manifestações em Ballymena e noutras cidades irlandesas contra o crescimento da imigração, muito particularmente contra os imigrantes cuja cultura e/ou religião os levam a não respeitar as leis, os costumes locais e, não menos importante, o modo de vida das mulheres e raparigas europeias. Foram destruídas casas onde residiam alguns desses imigrantes, há relatos de quem tenha tido de fugir e quem afixe autocolantes na porta a dizer que é filipino.

Até há algum tempo eu concluiria este texto escrevendo, desembaraçada de alegadismos, que tanto os agressores da adolescente como os agressores das manifestações terão de ser confrontados com as suas responsabilidades. Mas agora há que acrescentar que os líderes políticos também têm de ser responsabilizados porque foram eles que durante anos subestimaram o impacto que teria nas sociedades que se propunham governar o rápido crescimento das populações imigrantes. 
Ballymena é precisamente uma das cidades da Irlanda do Norte que teve uma mais rápida e profunda alteração demográfica e é mesmo a zona da Irlanda do Norte que teve o mais rápido crescimento de população que não fala inglês ou que não tem o inglês como primeira língua.

sábado, 14 de junho de 2025

O que nos une e que nos querem que esqueçamos!

À semelhança do que se passou nas Forças Armadas e na guerra, a Cerimónia da XXXIII Homenagem aos Combatentes da Guerra do Ultramar teve sempre portugueses de todas as cores, raças e credos religiosos. O que nos unia, aos que fomos para a guerra, era a defesa do que então considerávamos território nacional. Dizer-se que “muitos dos que lá morreram não concordavam com aquela política de defesa do Ultramar” é esquecer que os que não concordavam podiam sempre ser refráctários e evitar o serviço militar – e houve bastantes que o fizeram – ou, depois de lá estarem, desertar – e também houve alguns.
Mas a maioria, à volta de um milhão em 14 anos, foi, serviu e voltou. Morreram mais de nove milhares, cujos nomes estão inscritos nas paredes do Forte do Bom Sucesso que rodeiam o lago. Em 1975, já no caos do PREC, ainda lá ficaram umas dezenas.

Também nas fileiras, em Angola, na Guiné e em Moçambique, serviram muitos jovens do recrutamento local, na sua maioria negros. Em 1974, nas vésperas do 25 de Abril, dos cerca de oitenta mil militares portugueses em Angola, metade era desse recrutamento local; em Moçambique, em cerca de setenta mil, eram mais de metade; e na Guiné eram um terço dos 36 mil que compunham as forças portugueses.
Ora em Moçambique e na Guiné, muitos destes combatentes eram muçulmanos, e as suas convicções religiosas não os impediram de combater por Portugal. E muitos morreram.
Por isso, a partir de 2005, nos encontros do 10 de Junho dos Combatentes passou-se a realizar uma cerimónia religiosa mista, em que o xeique Munir, imã da Mesquita de Lisboa, juntamente com um sacerdote católico, rezavam em memória dos caídos. É, portanto, uma cerimónia inter-religiosa que se realiza há mais de 20 anos, decorrendo sempre no maior respeito e unidade. 
Foi, por isso, com grande surpresa e indignação que, na terça-feira, 10 de Junho, depois da oração conjunta do xeique Munir e do capelão militar católico, se ouviram de dois intrusos uma série de impropérios insultuosos contra o Xeique.
Houve surpresa e houve indignação. Os provocadores foram mandados calar pela assistência e foram depois retirados pela PSP. 
A este incidente juntaram-se outros insultos dispersos contra um candidato a Presidente da Republica, estes vindos, aparentemente, de alguns “negacionistas” presentes, acusando-o de, com as vacinas, ter contribuído para a morte de muitos portugueses.

Foi o que bastou para que as cadeias de televisão entrassem em excitação e se precipitassem para “cobrir” o acontecimento. Ignorando, tanto como os arruaceiros, que a cerimónia inter-religiosa era ali uma tradição de há mais de vinte anos, os insultos e o par de provocadores que os proferira foram redimensionados, amplificados e generalizados, dando a entender que, entre os antigos combatentes, havia um grupo racista e fundamentalista que queria correr com o Islão entre saudações nazis. E que confundia o Islão com o jihadismo, que, como é sabido, tem feito mais vítimas entre muçulmanos do que entre cristãos.
(Jaime Nogueira Pinto)