A 14 de Setembro as contas externas portuguesas tinham passado de 10% do PIB para menos de 1% e, no mercado secundário de referência, os juros tinham descido de 11% para menos de 8%.
Era o país dos “bons alunos”. O governo tinha pedido austeridade e nós cumpríamos.
Comprámos menos e mais barato, as poupanças subiram e engrossaram os lucros da banca, sustentámos calados filhos e netos vítimas do desemprego e, claro, aumentámos a recessão.
Mas isto de ser o urso, ou o betinho, da turma não está na nossa cultura de novas oportunidades e um primeiro-ministro palavroso com ar doutoral, que nunca foi bom aluno de nada, veio atabalhoamente informar-nos que tínhamos que aumentar o contributo para falida Segurança Social que paga reformas e desemprego. Aposto que se tivesse ficado por aí não haveria problema, mas o homem queria reduzir nas empresas aquilo que a nós nos aumentava…
Depois, simultaneamente, um ministro enganado descobriu que a “taxa” afinal era um imposto e, por isso, não iria acertar o saldo da “sua previdência social” e um povo logrado, farto de austeridade, apercebeu-se que mais esforço não ia contribuir para o futuro que queria melhor.
E o povo saiu à rua a dizer que estava farto destes políticos, quiçá deste regime do “ora agora sou e depois serás tu”. Parece que o ministro enganado não esteve por lá em nome da “solidariedade institucional”…
Lá fora, na estranja, os ávidos mercados estavam atentos e, para cobrir os "riscos", aumentaram-nos os juros do que temos que lhes pagar, isto é, vamos ter as prateleiras dos super-mercados mais vazias .
Por cá alguns dizem: “não pagamos” ou melhor, a exemplo do estado novo salazarista que saldou a última dívida do século XIX no século XXI, dizem “pagar, pagamos”, mas a muito longo prazo!
Voltámos ao “maus alunos” que sempre fomos… dá-nos menos trabalho e mais manchetes para ler, porque não aprendemos a interpretar, “as letras pequeninas”.
Mas, como diria o Lecocq, “Les portugais sont toujours gais!”