O “anúncio” que o primeiro-ministro que temos ontem veio fazer, revela o que de pior se aprende nas escolas do liberalismo e parece que ele não aprendeu nada com a capacidade de acção-reacção dos portugueses que resistem, no consumo, ao corte que lhes fazem nos orçamentos familiares. Isto é: “recebo menos, vou gastar muito menos” e, em sequência, lá vai aumentar a recessão e diminuir a receita do IVA e o PIB que parece não o preocupar.
Pior, o primeiro-ministro que temos, aparenta não saber o que são e para que servem os descontos para a segurança social e parece preparar-se para fazer reverter para o Orçamento de Estado o aumento brutal de descontos que anunciou fazer. Tudo leva a crer que trabalhadores e funcionários, públicos e privados, não irão beneficiar na área da previdência (pensões, reformas e saúde) dos mais sete por cento que lhes pretende retirar.
Grave é o “desconto” que se propõe efectuar (de 23,5 para 18%) ao contributo que as empresas dão para Segurança Social. Quando mais de noventa e cinco por cento das empresas são pequenas e médias, o "desconto" apenas lhes favorece a “tesouraria” quando aquilo que precisam é do acesso ao crédito que lhes continua a ser negado e, isso sim, poderia aumentar o emprego. Imperdoável porque o “desconto”, na prática, é, em volume, concedido à banca, às PPP’s, às petrolíferas, e às eléctricas que não tem demonstrado estarem interessadas em contribuir para minimizar os efeitos da situação a que chegámos.
Nem vou referir que o primeiro-ministro que temos não deve conhecer o que significa equidade quando o ouvi referir que pensionistas e reformados serão tratados de modo diferente dos outros cidadãos…
Claro que cabe à Assembleia e ao Presidente da República a última palavra, isto é, a penúltima, porque a última é nossa!
…para já, sr. primeiro-ministro que temos, para já, um tiro no pé !