domingo, 29 de julho de 2018

e se tivesse como protagonista um político de direita?

Uma situação que se tivesse como protagonista um político dos denominados partidos de direita mereceria a condenação na praça pública por parte do Bloco de Esquerda.
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O BdaE, resolveu quebrar o silêncio instalado no partido sobre a tentativa de negócio imobiliário do seu vereador na Câmara de Lisboa. Um silêncio que tinha levado Robles a fazer a sua defesa pública totalmente desacompanhado.[.]
Havia alguma expectativa sobre a forma como um partido habituado a denunciar as incoerências alheias, iria lidar com o «carrossel da especulação» que lhe tinha entrado pela casa adentro, até porque o PSD não demorou a pedir a demissão de Robles. Uma expectativa que, como era previsível, saiu frustrada.
As palavras de Catarina Martins inseriram-se naquela que é a prática habitual dos partidos populistas. No caso de esquerda, mas que seria semelhante se a conotação fosse de direita.
Assim, não foi necessário recorrer à estratégia de legitimação que Pablo Iglésias e a sua companheira, Irene Montero, usaram em Espanha. Isto apesar do montante pago pelo casal – 600 mil euros – representar pouco mais do que a décima parte do valor que Robles pretendia obter. Ou de Iglésias e Montero serem compradores de uma habitação própria e Robles assumir a condição de proprietário vendedor.
Robles proprietário não cometeu qualquer ilegalidade. Aliás, o mesmo aconteceria caso a venda se tivesse efetuado, desde que Robles cumprisse as obrigações do foro administrativo-tributário.
Porém, a leitura terá forçosamente de ser outra quando a análise contemplar a dimensão ética. Nesse plano, Robles – tal como qualquer outro político – não pode querer impor aos outros aquilo que não está disposto a cumprir. ( in “Robles e o dilema do populismo de esquerda” por José Pinto )