sexta-feira, 3 de julho de 2015

António Tsipras e o pecado

(para memória futura)
António Costa proclamou, no Rato, que o actual governo cometeu sete pecados capitais.
A cada pecado capital que vislumbra e anuncia, Costa confessa e proclama que, a governar, governará como o governo grego de Tsipras: chamando «austeridade» às boas contas e apostando no «investimento» com o dinheiro dos outros.

Segundo Costa,
O primeiro pecado foi a mentira, por «ter prometido não subir os impostos que subiu e ter prometido não cortar os salários que cortou». Como o grego inimputável, Costa branqueia os milhões de dívidas e calotes escondidos que o governo de Sócrates, a que pertenceu, deixou como legado. Não devíamos pagar, diz ele.  
O segundo pecado, diz Costa, foi «o desemprego, a precariedade e a emigração».
O terceiro, a «asfixia da classe média».
O quarto, o «aumento da pobreza e das desigualdades». Para Costa, como para o grego inimputável, os anos de governação ruinosa não deveriam ter consequências, e a correcção das contas públicas não devia ter sido feita.
O quinto pecado foi, segundo Costa, o «desinvestimento na Educação, na Ciência e na Cultura». Para Costa são virtuosas, sim, as «festas» perdulárias como as da Parque Escolar, os «investimentos» como os das «Novas Oportunidades» e, obviamente, a subsidiação dos amigos.
O sexto pecado, diz ele, foi o «ataque aos serviços públicos, em particular na área da Saúde e da Justiça». A OCDE já disse que Portugal fez, na Saúde, melhor com menos dinheiro, e quanto ao «ataque» na Justiça deve ser isso que Costa chama a toda a racionalização e poupança.
O sétimo pecado, diz Costa, foi a «quebra de mais de 20% no investimento, quer público, quer privado». Ora este não é, na verdade, um pecado do governo, é antes um sintoma de Costa: o sintoma de que não percebeu nada, não se arrepende de nada e, como Sócrates, quer despejar dinheiro nosso nos problemas dele.


No fim de um mandato em que herdou uma bancarrota socialista o Governo conseguiu um défice abaixo de 3% e um saldo primário positivo, a baixa do desemprego, a reestruturação discreta da dívida, uma almofada financeira para distúrbios nos mercados, um brutal e consistente aumento da contribuição das exportações para o PIB, a melhoria da competitividade da economia, o saneamento de cancros económicos como a TAP, os transportes públicos ou os Estaleiros de Viana (para além do desmembramento dos dois maiores coitos de malfeitores no país). Para Costa, evidentemente, o governo «falhou os objectivos». Com a «alternativa» a que Costa convida, Portugal conheceria, sem dúvida nenhuma, o progresso luminoso da Grécia. (por José Mendonça da Cruz in Corta Fitas )