segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Lembra-se do PASOK ?

Vou ignorar o facto de mais uma vez uma alegada jornalista usar uma comparação que só é possível por quem poderia alinhar no significativo “encaixotar” da estatua de Churchill em Londres.
Mas, talvez sem a razão que a razão conhece, lembrei-me do Papandréu e o PASOK. 
Pouco conhecedores, ou especialmente desinteressados, da História, mais longínqua ou mais próxima, os portugueses estão alegremente a afundar-se na ilusão do Ouro do Brasil, perdão da Europa, ou do tempo do Soares de mao estendida à caridade do Chanceler Schmidt (em paralelo temporal ao Grego Papandréu das bancarrotas e das contas públicas marteladas). 
Costa não se tem mostrado capaz de elaborar uma proposta para além da propaganda que debita. Parece intimidado pelo radicalismo absurdo que tem obrigado a esquerda a deixar à direita causas como a estabilidade monetária, a liberdade de iniciativa, ou agora, em nome do politicamente correcto, até a liberdade de expressão. Costa tem medo: receia que, se admitir a conveniência do ajustamento e a necessidade de reformas, acabe por legitimar a direita e por ceder a coroa da anti-austeridade, com que espera ganhar as eleições, ao PCP e à extrema-esquerda. Mas é precisamente esse medo que pode pôr o PS na via sacra do PASOK. 
O PS ainda não é o PASOK por sorte. Tal como este em 2009, também venceu umas eleições a negar a “austeridade”, para depois andar de PEC em PEC. Em 2011, deixou um país arruinado, mas teve a sorte de haver uma coligação de direita que, com mais ou menos dificuldade, executou o bastante do memorando para equilibrar as contas. Foi assim que o PS, dispensado de ajudar, pôde fazer de cigarra da anti-austeridade, ajudado ainda pelo modo como o velho PCP e a velhinha UDP (sob o pseudónimo de BE) bloqueiam o desenvolvimento (in “Como é que o PS pode ser o PASOK“ por Rui Ramos) 
Não é difícil imaginar o PS transformado num PASOK. As próximas eleições, se as houver, irão encarregar-se disso se os eleitores portugueses já souberem ler… 
(e conhecerem o que na Grécia foi o PASOK, assim: em maiúsculas!)