Claro
que podemos continuar a fazer de conta que o Bloco é apenas uma versão um pouco
mais colorida do PS, que Francisco Louçã, com aquele ar entre o professoral e o
seminarista, para mais ilustre conselheiro de Estado e membro do conselho
consultivo do Banco de Portugal, é hoje um inofensivo trostkista reformado, e
que para além do cuidado que é preciso ter com os impostos idealizados pelas
Mortáguas, males maiores não virão dessas bandas.
Sinceramente,
não creio.
[.] a
verdade realmente inquietante é parecemos estranhamente desarmados perante um
discurso insinuante que gradualmente se torna o discurso dominante, um discurso
intolerante que trata tudo o que se desvie da sua norma como “discurso de
ódio”, um discurso normativo suficientemente poderoso para condicionar a nossa
própria forma de pensar.
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A
ideia já não é a do “assalto ao Palácio de Inverno”, replicando o gesto
audacioso dos bolcheviques na Petrogrado de 1917.
mas
Nos
workshops [do “acampamento anual”] sobre “acção directa” e “autodefesa” os
jovens do Bloco preparam-se – melhor: treinam-se e são treinados – para a acção
revolucionária. Porque vão fazer a revolução? Mesmo eu que acho que ali há
poucos inocentes não penso que “a revolução” esteja para amanhã, pelo menos
aquela revolução de que estivemos muito perto nos meses quentes de 1974 e 1975,
isto é, uma revolução que subverta radicalmente o regime.
[Contudo, se não a travarmos, será para depois de amanhã!] (in “Sonâmbulos. Não passamos de sonâmbulos” por José Manuel Fernandes)
[Contudo, se não a travarmos, será para depois de amanhã!] (in “Sonâmbulos. Não passamos de sonâmbulos” por José Manuel Fernandes)