domingo, 26 de maio de 2019

vamos manter "a nossa alergia à liberdade" ?

um dos nossos maiores problemas: a liberdade tutelada, 
o espaço público amarrado à linguagem táctica dos políticos, e não à linguagem da liberdade e da crítica.
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Numa característica única e reveladora da nossa alergia à liberdade, os políticos no activo são a maioria no comentário. É confrangedor. Os nossos políticos são jogadores e árbitros ao mesmo tempo.
Sim, é confrangedor comparar o nosso espaço público com outros espaços públicos. Um alemão, um americano, um inglês e até um espanhol ficaria espantado se descobrisse que quase 100 políticos ainda no activo são comentadores ou colunistas nos média portugueses. Quase 100 políticos a comentar nos média é um cenário de uma ditadura ou de um país que acabou de sair de uma ditadura; quase 100 políticos a comentar à noite o que fizeram à tarde revela um espaço público tutelado, um regime com medo de sair da linguagem da manha táctica, um país que não quer pensar em liberdade. [.]
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fica a ideia de que a imprensa portuguesa trabalha a pensar no eleitor, e não no leitor e 
os resultados estão à vista:
são raríssimos os colunistas sem qualquer filiação partidária e
os leitores também são cada vez mais raros.

(in “A liberdade tutelada” por Henrique Raposo)