domingo, 3 de abril de 2016

Ora beijam a Catarina, ora beijam a Assunção…

O PM António Costa é uma personagem engraçada. Passou dois meses a jurar aos portugueses que tinha uma “maioria sólida, estável e duradoura.” Com essa maioria, foi para o governo. Mas, aparentemente, uma maioria absoluta não chega. Ataca o PSD por não colaborar com o governo e corteja a nova liderança do CDS, beijando com todo o descaramento a nova líder do CDS em pleno Parlamento. Aliás, aqueles beijos a Assunção Cristas são os verdadeiros beijos da morte. Costa quer uma maioria total, com ele no centro como PM, e manobrando-a ao sabor dos seus interesses do momento:
Ora beija Catarina, ora beija Assunção.
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A pressão pela maioria total também mostra muitos dos maiores defeitos da política portuguesa.
Constitui o que chamo a herança silenciosa do Estado Novo, e caracteriza-se
por um desejo enorme pelos consensos nacionais,
pela redução das divergências a radicalismos e
pela distinção entre “nós” (a oligarquia do poder) e “eles” (o povo, a maioria dos cidadãos portugueses). O povo é reduzido a um exército de eleitores a quem convém agradar e conquistar durante as campanhas eleitorais.
Mas entre as eleições, governa-se através de negociações e arranjos entre as elites oligarcas.
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Conhecem-se todos, andaram todos nas mesmas universidades, frequentam os mesmos restaurantes, convivem com os mesmos jornalistas, por isso não há nada que não possam resolver. As divergências e a oposição apenas complicam as arranjos de quem manda.
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Por definição, o líder do principal partido da oposição goza de um lugar importante entre a oligarquia. Ao recusá-lo, Passos Coelho está a ser um “radical.”
E alguns dos que cobiçam a liderança do PSD, desejam verdadeiramente aceder à oligarquia e participar nos acordos de restaurantes e gabinetes. Mas não o querem imediatamente, para não terem de penar anos na oposição. Mais próximo das eleições será mais conveniente.

São os “Costas” do PSD.