Continuo a ouvir idiotas úteis, daqueles
com visibilidade, a garantirem que o nível de abstenção vai aumentar e dai
tiram a ilação de que os eleitores estão desiludidos com a democracia que
temos. Acredito que muitos o estarão, em especial aqueles que um dia a sonharam
e, num outro dia, com mais ou menos cravos, a implantaram.
Mas o que mais me choca é a
iliteracia que grassa em gente de tão elevado valor para a “comunicação a que
temos direito”, quando, ao que parece, eles não conseguem interpretar
os números que lhes são disponíbilizados.
Vejamos:
Em 2011, segundo o INE, havia
8.657.240 residentes e os eleitores inscritos já eram 9.624.133. Deixando de
lado a discrepância e considerando que a taxa de mortalidade e a natalidade tem
valores semelhantes pouca deverá ser a diferença entre os inscritos para as
anteriores Legislativas e os recenseados para as autárquicas que ai vêm (se tal
não acontecer, teremos que considerar “a batota” e repensar o sistema de
registo eleitoral).
Ora bem, a comparação que teremos
que fazer, para verificar a saúde da nossa democracia, terá a ver com o numero
de votos entrados nas urnas há 2 anos ou, melhor ainda, há quatro. Isto é,
comparar os votantes de 29 de Setembro, com os 5.533.824 votantes de 2009 ou
com os 5.588.594 das ultimas legislativas.
(já agora se repararam que a
diferença entre os votantes de 2009 e os de 2011 não chegou a 1% ficam estas perguntas:
- onde é que pára a abstenção? e
- quem e porquê é que nos quer enganar?
porque, claro, não esqueço o tempo
em a “abstenção” contava como voto a favor...)