Corria o ano de 1953 quando foi criada
uma comissão com o objectivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão
do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo. Eram
várias as soluções que tinham surgido após uma primeira em 1876. Como
curiosidade registe-se que todas foram apresentadas em anos de profunda crise económica
ou política (em 1888, 1889, 1890, 1913, 1929 e 1935).
Em 1958 decidiu-se oficialmente a
construção de uma ponte e aberto um concurso público internacional para que
fossem apresentadas propostas para a construção. Em 1960, após a apresentação
de quatro propostas, a obra foi adjudicada à norte-americana United States
Steel Export Company, que, já em 1935, tinha apresentado um projecto para a sua
construção.
A 5 de Novembro de 1962 iniciaram-se
os trabalhos de construção.
Quatro anos após, passados 45 meses,
a ponte sobre o Tejo foi inaugurada a 6 de Agosto de 1966, seis meses antes do
prazo previsto...
O seu custo rondou, preço à época da
sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, 15 milhões de
euros na actualidade.
A ponte, que se chamou de Salazar e foi
rebaptizada de “vinte e cinco de abril” sempre foi conhecida pelos alfacinhas
como a “Ponte”. Assim o continua a ser por aqueles que a”viram” construir...
Contudo o facto menos falado e muito
escondido (a bem de uma certa “transparência”?) é que, para se construir a
ponte, pela primeira vez desde o século XIX, se recorreu, com êxito, ao crédito
externo.
Não pensem que, como foi, e é,
amplamente propagado existia, por parte do “estado novo”, uma aversão a que se
recorresse a dinheiro que fosse emprestado por aquilo a que hoje chamamos
“mercados”.
O problema é que ninguém nos
emprestava um “chavo” enquanto não pagássemos aquilo que devíamos!
Durante meio século fomos párias nos
mercados internacionais e nem o ouro acumulado, em tempo de guerra, nos libertou
de ter que pagar, já no sec. XXI, as prestações e respectivos juros da divida
que já vinha do sec. XIX.
A “Ponte”, além de ligar o Norte ao
Sul, ligou-nos ao mundo moderno da finança internacional.